Antenas dos EUA no Golfo da Guiné

A presença imperialista em África cresce de dia para dia. Em termos militares, com a crescente prioridade ao Africom, responsável pelas relações militares dos EUA com 54 países e pelas parcerias para «fortalecer a sua capacidade de defesa» sob o guarda-chuva do «combate ao terrorismo, ao tráfico de droga e à pirataria», para «aumentar a segurança marítima» e «prevenir os conflitos» no continente. É o braço armado do Império para África, já com operações – mais ou menos discretas – na Somália, no Uganda, Ruanda e Congo.

Em outras sub-regiões, como o Golfo da Guiné, a intervenção do Africom assume formas mais subtis, em paralelo com a «cooperação» económica dos EUA, a intervenção do FMI e do Banco Mundial e a «ajuda» humanitária de organizações não-governamentais, em geral ligadas à CIA.

Os Estados Unidos da América estão a consolidar a presença militar no Golfo da Guiné e em toda a África, no quadro da sua estratégia imperialista de domínio mundial.

O presidente Obama vai nomear um novo comandante do Africom, o comando militar dos EUA para África. Para suceder ao general Carter Ham foi escolhido o general David Rodrigues, um dos mais importantes militares no activo e até agora não envolvido em qualquer escândalo.

O secretário de Defesa Leon Panetta elogiou Rodrigues, afirmando que é «um líder com provas dadas», desempenhou cargos de chefia no campo de batalha e foi um dos arquitectos da estratégia no Afeganistão. Panetta também teve palavras simpáticas para Ham, considerando que deu ao Africom «um papel central numa região cheia de desafios».

Não surpreende a prioridade que Washington atribui ao comando para África. A funcionar desde 2008, com o quartel-general «por enquanto» em Estugarda e com uma base em Djibuti, o Africom é responsável pelas relações militares dos EUA com 54 países e pelas parcerias para «fortalecer a sua capacidade de defesa». Propõe-se «combater o terrorismo, o tráfico de droga e a pirataria», «aumentar a segurança marítima» e «prevenir os conflitos» no continente. Ou seja, é o braço armado do Império para África, já com operações – mais ou menos discretas – na Somália, no Uganda, Ruanda e Congo.

Em outras sub-regiões, como o Golfo da Guiné, a intervenção do Africom assume formas mais subtis, em paralelo com a «cooperação» económica dos EUA, a intervenção do FMI e do Banco Mundial e a «ajuda» humanitária de organizações não-governamentais, em geral ligadas à CIA.

Por exemplo, a República Democrática de S. Tomé e Príncipe, que espera explorar em breve petróleo off-shore juntamente com a Nigéria, mantém boas relações com o Africom. O primeiro-ministro santomense, Patrice Trovoada, tornou-se, em Setembro, o primeiro líder africano a visitar a sede do comando em Estugarda.

A deslocação serviu para ele e os dirigentes do Comando dos EUA para África «falarem sobre preocupações mútuas relativas a questões de segurança», em particular na zona do Golfo da Guiné.

Trovoada assegurou aos militares dos EUA que «estão a fazer um excelente trabalho e que são bem-vindos em África». O general Ham, por seu turno, garantiu que «S. Tomé e Príncipe é um parceiro importante que contribui para a segurança e a estabilidade regionais no Golfo da Guiné».

O comandante do Africom já tinha estado, em Maio, em S. Tomé e em outras capitais centro-africanas. Nessa ocasião, Ham manifestou interesse no reforço da «parceria» com S. Tomé e Príncipe, na perspectiva de «garantir a paz e a segurança no país e no Golfo da Guiné».

Antes disso, em finais de 2011, uma delegação do Africom, chefiada pelo comandante adjunto, general Anthony Holmes, deslocou-se a S. Tomé, onde foi recebida pelo presidente Pinto da Costa e pelo primeiro-ministro Patrice Trovoada.

Um jornalista santomense, Óscar Medeiros – coordenador da televisão estatal e correspondente local da Voz da América – noticiou então que se discutiram «questões de segurança no Golfo da Guiné» e se abordou o papel do arquipélago no processo. E esclareceu que, para os EUA, «a situação geográfica de S. Tomé e Príncipe tem uma importância fundamental na segurança do Golfo da Guiné, região rica em recursos petrolíferos» e rota marítima estratégica.

Foi negociada na altura a cooperação militar bilateral, incluindo a «modernização» da guarda costeira santomense, a formação de quadros das forças armadas e o reforço da segurança no porto e no aeroporto de S. Tomé.

Graças a esta «amizade» com os EUA, a República Democrática de S. Tomé e Príncipe – cujo orçamento de estado para 2013, no total de 142 milhões de dólares, depende em 80 por cento de «ajudas externas» – transformou-se num centro de vigilância do Golfo da Guiné. O Africom instalou no país três sistemas de radar de tecnologia avançada que permitem o controlo de toda a movimentação de navios, tanto na zona económica exclusiva do arquipélago como nas águas do golfo.

S. Tomé é hoje não só um centro de vigilância marítima mas também de difusão da propaganda norte-americana: na ilha foi instalado um potente retransmissor da Rádio Voz da América.

As luzes vermelhas das grandes antenas estado-unidenses em S. Tomé e Príncipe são hoje bem visíveis da capital do país. Alertam para a agressividade do imperialismo, que procura recolonizar a África e dominar o Mundo. E lembram aos povos africanos a necessidade de continuar a lutar contra o neocolonialismo…

(Artigo publicado no jornal «Avante!» n.º 2034, de 22/11/2012)

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