FORA O IMPERIALISMO DO MALI

Quem tem sobre suas costas uma longa história colonial de crimes genocidas e, na atualidade exerce o papel de potência imperialista, é responsável pela situação de absoluta dependência e espólio que condena centenas de milhões de pessoas a viverem no analfabetismo e na alienação cultural e a morrerem prematuramente de fome, sede e enfermidades curáveis, jamais pode erigir-se como defensor de nada que não signifique mais exploração e saqueio.

Nem a França, nem nenhuma das velhas ou novas potências imperialistas que hoje operam na África, no marco de uma confrontação imperialista cada vez maior, possuem autoridade política ou moral para intervir nesse conflito com o pretexto de querer melhorar as condições de vida de sua população, mediante uma intervenção militar ou com pretensos acordos econômicos que trazem benefícios apenas para si mesmos. São eles EXCLUSIVAMENTE os responsáveis pela situação de miséria e desestruturação política vivida pela África e, por isso, nunca uma solução virá deles. Tampouco, a solução virá do apoio de uma força multinacional africana, dirigida pelos mesmos interesses imperialistas e, menos ainda, do respaldo político da ONU, da UE ou da OTAN, que darão uma mínima legitimidade a este novo capítulo na longuíssima lista de invasões genocidas protagonizadas pelo capitalismo europeu na África.

Em Mali e em todo o Sahel, além de sua posição geoestratégica, é o controle dos importantes recursos minerais (especialmente urânio) e hídricos, a única razão pela qual se movem as multinacionais e os respectivos estados que defendem seus interesses empresariais.

Consequentemente, denunciamos a manipulação com a qual se pretende justificar a intervenção militar sob a necessidade de combater o fundamentalismo islâmico. Novamente, o uso midiático do fantasma do fundamentalismo islâmico é usado como a “razão humanitária” para cometer um novo ultraje contra o direito internacional e o direito à soberania e autodeterminação dos povos. Ainda que o que digam combater seja uma execrável ramificação da hidra assassina criada pelo próprio imperialismo em 1979, com o intuito de combater a presença internacionalista da URSS no Afeganistão, a França, que desde meados do século XIX, nunca deixou de participar do espólio dos recursos naturais do Mali e de ser responsável pela escravidão e exploração de seu povo, jamais pode reivindicar nenhum direito sobre este país e sobre nenhum dos povos que o compõem.

Exigimos a saída de todas as tropas estrangeiras e pedimos respeito à soberania e à independência do Mali, deixando seu povo, sua classe trabalhadora e seu campesinato encontrarem uma saída favorável aos seus interesses fora da tutela imperialista. A África e o Mali só possuem futuro fora do capitalismo, construindo uma economia planificada dirigida a satisfazer as necessidades de sua população e sustentada por um poder popular que, definitivamente, expulse de suas terras as multinacionais. O futuro de toda a Humanidade está no Socialismo.

Essa é a única solução. Também denunciamos a responsabilidade política que assumem todas as forças políticas integradas no Partido da Esquerda Europeia (PIE, sigla em espanhol) que, dada uma pretendida equidistância entre vítimas e carrascos, continuam sem condenar a ação criminosa liderada por Hollande. Sem dúvida, mesmo tendo qualificado sua vitória nas eleições presidenciais francesas de 6 de maio passado como “uma vitória que abre um nova esperança na França e da Europa”[1], continua condicionando a lealdade do PIE e de seus componentes à política belicista da socialdemocracia europeia.

Diante de todas estas posições débeis utilizadas, de uma forma ou de outra, para justificar a agressão militar, convertendo-os em colaboradores dos bombardeios que, assim como o Governo espanhol, apoiam expressamente tais ações, o PCPE conclama a classe trabalhadora e os setores populares dos povos da Espanha a denunciarem este novo capítulo das agressões imperialistas que, após a derrota do Socialismo na União Soviética, em 1991, vem aumentando e encaminha a Humanidade a um cenário de violência, onde o Direito Internacional e as instituições internacionais de consenso, como poderia ter se tornado a ONU ou a UA, acabou perdendo toda sua credibilidade política.

15 de janeiro de 2013.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)


[1] Pierre Laurent, Secretario Nacional del Partido Comunista Francés / 06 may 12

http://www.pcpe.es/comunicados/item/2114-fuera-el-imperialismo-de-mali.html