Dez Anos da Criminosa Invasão ao Iraque

Nesse 20 de Março, completa-se dez anos de uma das maiores atrocidades ocorridas nesse século. A invasão ao Iraque pelas tropas de guerra dos EUA apoiadas pela Reino Unido, iniciou um processo de expansão beligerante do imperialismo decadente na região do Oriente Médio.

Diante da iminente escassez de petróleo, combustível fóssil fundamental para o funcionamento da indústria norte-americana, e a sensibilidade da opinião pública à “guerra ao terror” após os ataques de 11 de Setembro de 2001, George W Bush, encontrou todas as condições favoráveis para terminar aquilo que seu pai quando presidente dos EUA em 1991 não conseguira, ou seja, invadir e ocupar o 2º maior produtor de petróleo do mundo e país estratégico na região do Oriente Médio devido às fronteiras e proximidades com regiões instáveis e ou estratégicas para a dominação econômica e política na região.

Sob a argumentação de combate a armas químicas e biológicas – que nunca foram encontradas – e contrariando a decisão do conselho de segurança da ONU, que não havia aprovado a invasão, a coalizão formada pelos EUA, Reino Unido e Espanha investiram o que havia de mais alta tecnologia bélica e após cerca de três meses de violentos combates e bombardeios a invasão ao território iraquiano se fazia por completo.

Apesar de todo o arsenal ideológico investido em torno da invasão imperialista, em todo o mundo milhares de manifestações marcaram o repúdio à agressão imperialista e mesmo no Iraque não foram poucos os heróicos exemplos de resistência de um povo que compreendeu o jugo ao qual estavam prestes a ser submetido. A batalha de Faluja talvez tenha sido o melhor exemplo da destemida resistência iraquiana.

Passados cerca de 10 anos ficou um rastro de mais de 120 mil mortes de civis iraquianos apenas nos dois primeiros anos de conflitos, atingidos diretamente pelos ataques das forças imperialistas ou pelos conflitos armados desencadeados pela disputa de poder entre etnias e grupos religiosos, alguns financiados pela CIA para manter o grau de instabilidade e justificar dessa forma a manutenção das tropas norte- americanas.

Além da subjugação militar, o povo iraquiano ainda se viu humilhado em cenas de torturas e agressões morais nos presídios ocupados pelas forças militares invasoras promovidas por soldados e oficiais norte-americanos em especial, as mais diversas violações aos direitos humanos e excrecências morais à dignidade humana.

As reservas de petróleo passaram a ser administradas em pouco tempo por empresas britânicas e estadunidenses e o modelo de governo importado e imposto ao povo iraquiano elegeu um parlamento e um governo subserviente aos ditames do imperialismo norte-americano.

Além disso o trabalho de reconstrução do Iraque seguiu à risca o velho modelo de guerra de destruição produtiva, pois centenas de acordos bilionários foram firmados entre o governo do Iraque imposto, com empreiteiras francesas, britânicas, japonesas e norte-americanas para reconstruir pontes, viadutos, portos, refinarias, estradas e tudo aquilo que garante a logística de funcionamento da produção e distribuição de petróleo no país.

O saldo dessa que foi a marca de uma nova série de ações imperialistas no Oriente Médio e que ainda continuam atualmente através de exércitos mercenários na Líbia e Síria, foi a marca surpreendente de mais de 1,5 milhões de iraquianos mortos nessa década e mais de 3.2 milhões de refugiados de guerra e dos conflitos que se seguiram em todo o pais.

O PCB desde o início desse ataque denunciou o caráter imperialista e os reais motivos econômicos e políticos por detrás dessa aberração histórica; apoiamos e participamos de todos os atos contra a guerra genocida e prestamos toda a nossa solidariedade militante aos povos árabes, pois essa agressão ao Iraque na realidade foi uma agressão à soberania e à autodeterminação de todos os povos na região.

Os ataques que nesse instante o povo sírio enfrenta, assim como o povo palestino enfrenta a décadas, são a expressão contínua de uma mesma lógica perversa de dominação imperialista na região tendo nos EUA e em Israel seus principais condutores.

Nesse 20 de Março reafirmamos nosso compromisso militante em combater e denunciar, aonde quer que seja, as agressões imperialistas e as contradições do sistema capitalista que se agudizam com a crise e aumentam a pressão e a subjugação sobre os povos trabalhadores em todo o mundo.

Reafirmar nossa solidariedade ao povo árabe em geral e em especial ao povo iraquiano, palestino, iraniano e sírio, que tem sofrido em ações diversas e concomitantes, investidas contra sua liberdade e autonomia se torna imperativo a todos nós que desejamos uma sociedade livre do jugo do capital e que fazemos da solidariedade internacionalista instrumento de ação e consciência de classe de que a resistência e a luta é de todos nós.

*Membro do Comitê Central do PCB e Secretário Político do Partido em Minas Gerais