Israel compra o Congresso dos EUA:

por James Petras

“Grupos políticos pró-Israel como o AIPAC funcionam com fundos ilimitados a fim de alterar a política americana na região (Médio Oriente)”

Jack Straw, membro do Parlamento e antigo secretário dos Estrangeiros do Partido Trabalhista britânico

“Os Estados Unidos deviam lançar uma bomba atómica no Irão para obrigar o país a acabar com o seu programa nuclear”

Sheldon Adelson, o maior contribuinte do Partido Republicano e um importante angariador de fundos para as comissões de acção política pró-Israel, num discurso na Universidade Yeshiva, cidade de Nova York, em 22/Outubro/2013

A questão da guerra ou paz com o Irão depende das políticas adoptadas pela Casa Branca e pelo Congresso dos EUA. A abertura para a paz do recém-eleito presidente iraniano Rohani ecoou favoravelmente em todo o mundo, excepto em Israel e nos seus acólitos sionistas na América do Norte e na Europa. A primeira sessão de negociações realizou-se sem recriminações e acabou com uma apreciação optimista dos dois lados. Exactamente por causa da reacção favorável inicial dos participantes, o governo de Israel agudizou a sua propaganda de guerra contra o Irão. Os seus agentes no Congresso americano, nos meios de comunicação e no ramo executivo trataram de minar o processo de paz. O que está em jogo é a capacidade de Israel travar guerras indirectas usando as forças militares americanas e os seus aliados da NATO contra qualquer governo que desafie a supremacia militar de Israel no Médio Oriente, a anexação violenta do território da Palestina e a sua capacidade de atacar impunemente qualquer adversário.

Para entender o que está em jogo nas actuais negociações de paz é preciso imaginar as consequências de um fracasso: Sob a pressão israelense, os EUA anunciaram que era possível activar a sua ‘opção militar’ – ou seja, ataques com mísseis e uma campanha de bombardeamento contra 76 milhões de iraquianos a fim de destruir o seu governo e a sua economia. Teerão pode retaliar contra esta agressão, alvejando bases militares americanas na região e instalações petrolíferas no Golfo, provocando uma crise global. É isso que Israel pretende.

Comecemos por examinar o contexto da supremacia militar de Israel no Médio Oriente. Depois analisaremos o incrível poder de Israel no processo político americano e como ele condiciona neste momento o processo de negociações, com especial ênfase no poder sionista no seio do Congresso americano.

O contexto da supremacia militar israelense no Médio Oriente

A partir do fim da II Guerra Mundial, Israel tem bombardeado, invadido e ocupado mais países no Médio Oriente e em África do que qualquer outra potência colonial anterior, com excepção dos EU. A lista das vítimas de Israel inclui: a Palestina, a Síria, o Líbano, o Egipto, o Iraque, a Jordânia, o Sudão e o Iémen. Se incluíssemos os países em que Israel desencadeou ataques terroristas e assassínios quase clandestinos, a lista aumentaria muito, abrangendo uma dúzia de países na Europa e na Ásia – incluindo os EUA por intermédio da sua rede terrorista sionista.

A projecção do poder militar de Israel, a sua capacidade de travar guerras ofensivas quando quer, é acompanhada duma impunidade quase total. Apesar das repetidas violações da lei internacional, incluindo crimes de guerra, Israel nunca foi censurada em qualquer tribunal internacional nem sujeita a sanções económicas porque o governo dos EUA utiliza a sua posição de veto às resoluções do Conselho de Segurança da ONU e pressiona os seus aliados da NATO-UE.

A supremacia militar de Israel tem mais a ver com a transferência e o roubo descarado da tecnologia e de armamento nuclear, químico e biológico dos EUA (Grant Smith “Ten Explosive US Government Secrets of Israel” IRMEP). Os sionistas além-mar nos EUA e em França desempenharam um papel estratégico (e traidor) roubando e enviando ilegalmente para Israel tecnologia nuclear e componentes de armamento, segundo uma investigação do antigo director da CIA, Richard Helms.

Israel tem armazenado grande quantidade de armamento nuclear, químico e biológico, recusando o acesso aos inspectores internacionais de armamento e não é obrigado a respeitar o tratado de não proliferação, por causa da intervenção diplomática dos EUA. Sob pressão da Configuração do Poder Sionista local (ZPS), o governo americano tem bloqueado qualquer acção que possa constranger a produção israelense de armas de destruição maciça. Com efeito, os EUA continuam a fornecer a Israel armas estratégicas de destruição maciça para serem usadas contra os seus vizinhos – violando o direito internacional.

A ajuda militar e a transferência de tecnologia americana para Israel ultrapassou 100 mil milhões de dólares nos últimos cinquenta anos. A intervenção diplomática e militar dos EUA foi fundamental para salvar Israel da derrota na guerra de 1973. A recusa do presidente americano Lyndon Johnson de defender o navio de informações desarmado, o USS Liberty em 1967, depois de este ter sido atingido por bombas e napalm de caças e navios israelenses em águas internacionais, constituiu uma enorme vitória para Israel graças aos conselheiros sionistas de Johnson. Dada a sua impunidade, mesmo apesar de ter matado funcionários americanos, Israel ficou de mãos livres para travar guerras agressivas a fim de dominar os seus vizinhos, praticar actos de terrorismo e assassinar os seus adversários por todo o mundo sem medo de retaliação.

A superioridade militar incontestada de Israel transformou vários dos seus vizinhos em colaboradores quase-clientes: o Egipto e a Jordânia têm sido aliados de facto, juntamente com as monarquias do Golfo, ajudando Israel a reprimir os movimentos nacionalistas e pró-palestinos da região.

O factor mais decisivo na ascensão e consolidação do poder de Israel no Médio Oriente não foram as suas proezas militares mas o seu alcance político e a sua influência por intermédio dos agentes sionistas nos EUA. As guerras de Washington contra o Iraque e a Líbia, e o seu actual apoio ao ataque mercenário contra a Síria, destruíram três importantes opositores nacionalistas seculares às ambições hegemónicas de Israel.

À medida que Israel acumula mais poder na região, alargando a sua colonização do território palestino, olha para leste a fim de destruir o último obstáculo que resta à sua política colonial: o Irão.

Durante pelo menos duas décadas, Israel tem orientado os seus agentes ultramarinos – (a ZPS) – para destruir o governo do Irão, desestabilizando a sua sociedade, assassinando os seus cientistas, bombardeando os seus estabelecimentos militares e laboratórios e estrangulando a sua economia.

Depois de a ZPS ter conseguido empurrar os EUA para a guerra contra o Iraque em 2003 – esfrangalhando literalmente a sua complexa sociedade secular e matando mais de um milhão de iraquianos – virou os olhos para a destruição do Líbano (Hezbollah) e do governo secular da Síria como forma de isolar o Irão e preparar-se para um ataque. Embora tenham sido chacinados milhares de civis libaneses em 2006, o ataque de Israel ao Líbano fracassou, apesar do apoio do governo americano e da feroz campanha de propaganda da ZPS. Histérico com este fracasso e para ‘compensar’ a sua derrota às mãos do Hezbollah e de ‘fazer subir a moral’, Israel invadiu e destruiu grande parte de Gaza (2008/2009) – o maior campo de prisioneiros a céu aberto do mundo.

Sem capacidade militar para atacar o Irão sozinho, Israel enviou os seus agentes para manipular o governo dos EU a iniciar uma guerra com Teerão. Os líderes militaristas em Tel Aviv espalharam os seus trunfos políticos (a ZPS) por todos os EU para conseguirem a destruição do Irão – o último grande adversário à supremacia de Israel no Médio Oriente.

A estratégia israelense-ZPS é de preparar a cena para uma confrontação dos EU com o Irão, utilizando os seus agentes no ramo executivo assim como a corrupção, o suborno e o controlo do Congresso dos EUA. O controlo da ZPS sobre os meios de comunicação reforça a sua campanha de propaganda: Todos os dias o New York Times e o Washington Post publicam artigos e editoriais promovendo a agenda de guerra de Israel. A ZPS usa o Departamento de Estado dos EUA para forçar outros estados da NATO a confrontar igualmente o Irão.

A guerra indirecta de Israel com o Irão: Pressão política dos EUA, sanções económicas e ameaças militares

Só por si, a ‘guerra’ de Israel com o Irão não passaria muito além da sabotagem cibernética, dos assassínios periódicos de cientistas iranianos usando os seus agentes pagos entre grupos terroristas iranianos e da intimidação permanente dos políticos israelenses e da sua ‘multidão de submissos seguidores’. Fora de Israel, esta campanha tem tido pouco impacto na opinião pública. A ‘guerra’ de Israel ao Irão depende exclusivamente da sua capacidade de manipular a política americana usando os seus agentes e grupos locais que dominam o Congresso dos EUA e através da nomeação de funcionários para posições chave nos Departamentos do Tesouro, do Comércio e da Justiça, e enquanto ‘conselheiros’ no Médio Oriente. Israel não pode organizar uma campanha de sanções eficaz contra o Irão; nem pode influenciar qualquer potência importante para realizar uma campanha dessas. Só os EUA têm esse poder. O domínio de Israel no Médio Oriente provém inteiramente da sua capacidade de mobilizar os seus amigos nos Estados Unidos a quem cabe a tarefa de assegurar uma submissão total aos interesses de Israel por parte dos funcionários governamentais eleitos e nomeados – em especial no que se refere aos adversários regionais de Israel.

Estrategicamente colocados, ‘cidadãos de dupla nacionalidade EUA-israelense’ têm usado a sua cidadania americana para garantir altas posições de segurança no governo directamente envolvidas em políticas que afectam Israel. Enquanto israelenses, a sua actividade está em linha com os ditames de Tel Aviv. Na administração Bush (2001-2008) ‘israelitas acima de tudo’ colocados em altos cargos dominaram o Pentágono (Paul Wolfowitz, Douglas Feith), a Segurança do Médio Oriente (Martin Indyk, Dennis Ross), o gabinete do vice-presidente (‘Scooter’ Libby), o Tesouro (Levey) e a Segurança Nacional (Michael Chertoff). Na administração Obama os ‘israelitas acima de tudo’ incluem Dennis Ross, Rahm Emanuel, David Cohen, o secretário do Tesouro Jack “Jake the Snake” Lew, o secretário do Comércio Penny Pritzker e Michael Froman enquanto Representante Comercial, entre outros.

O Poder Indirecto de Israel no interior do ramo executivo é acompanhado pelo seu domínio do Congresso americano. Contrariamente a algumas críticas, Israel nem é um ‘aliado’ nem é um ‘cliente’ dos EUA. Nos últimos cinquenta anos abundam os exemplos da grande assimetria da relação. Por causa destes poderosos amigos no Congresso e no ramo executivo, Israel recebeu mais de 100 mil milhões de dólares de tributo dos EUA nos últimos 30 anos, ou seja, mais de 3 mil milhões de dólares por ano. O Pentágono transferiu a tecnologia militar mais moderna e envolveu-se em diversas guerras em prol de Israel. O Tesouro dos EUA impôs sanções contra parceiros comerciais e investidores potencialmente lucrativos no Médio Oriente (Irão, Iraque e Síria), privando os exportadores agrícolas e industriais e as companhias petrolíferas americanas de mais de 500 mil milhões de receitas. A Casa Branca sacrificou a vida de mais de 4 400 soldados americanos na guerra do Iraque – uma guerra promovida pelos amigos de Israel e a mando dos líderes de Israel. O Departamento de Estado rejeitou relações amigáveis e proveitosas com mais de 1 500 milhões de muçulmanos dando apoio à instalação ilegal de mais de quinhentos mil colonos judeus na terra da Palestina ocupada militarmente na Margem Ocidental e em Jerusalém.

A pergunta estratégica é: como e porquê esta relação unilateral entre os EUA e Israel se mantém há tanto tempo, apesar de ser contra tantos interesses estratégicos e contra os interesses da elite dos EUA? A pergunta mais imediata e premente é: como é que esta relação historicamente distorcida afecta as sanções contemporâneas EUA-Irão e as negociações nucleares?

O Irão e as negociações de paz

Sem dúvida que o presidente iraniano recentemente eleito e o seu ministro dos Estrangeiros estão preparados para negociar o fim das hostilidades com os EUA fazendo importantes concessões para assegurar o uso pacífico da energia nuclear. Declararam que estão abertos para reduzir ou mesmo para acabar com a produção de urânio altamente enriquecido; para reduzir o número de centrífugos e até mesmo para permitir inspecções intrusivas, sem anúncio prévio, entre outras propostas promissoras. O governo iraniano propõe um programa com metas finais como parte dos acordos iniciais. A secretária dos Estrangeiros da União Europeia, Lady Ashton, fez comentários favoráveis na reunião inicial.

A administração americana tem dado sinais conflituosos na sequência da abertura iraniana e da reunião inicial. Alguns comentários individuais são cautelosamente positivos; outros são menos encorajadores e rígidos. Sionistas da administração como Jack ‘Jake’ Lew, o secretário do Tesouro, insistem que se devem manter as sanções até que o Irão satisfaça todas as exigências dos EUA (leia-se ‘Israel’). O Congresso americano, comprado e controlado pela ZPS, rejeita a promissora abertura e a flexibilidade iranianas, insistindo em ‘opções’ militares ou no total desmantelamento do programa nuclear do Irão, legal e pacífico – a posição da ZPS é de sabotar as negociações. Para isso, o Congresso aprovou novas sanções económicas, mais radicais, para estrangular a economia petrolífera do Irão.

Como os Comités de Acção Política de Israel controlam o Congresso dos EUA e preparam a guerra com o Irão

A Configuração do Poder Sionista usa o seu poder de fogo financeiro para ditar a política do Congresso no Médio Oriente e assegurar que o Congresso americano e o Senado não retiram uma vírgula para servir os interesses de Israel. O instrumento sionista usado na compra de funcionários eleitos nos EUA é o comité de acção política (PAC).

Graças a uma decisão do Supremo Tribunal Americano, de 2010, os super PACs ligados a Israel despendem somas enormes para eleger ou destruir candidatos – consoante o trabalho político do candidato em relação a Israel. Como esses fundos não vão directamente para o candidato, esses super PACs não têm que revelar quanto gastam ou como gastam. Estimativas por defeito dos fundos, directa ou indirectamente ligados à ZPS, com destino aos legisladores americanos andam perto dos 100 milhões de dólares nos últimos 30 anos. A ZPS canaliza esses fundos para líderes legislativos e membros das comissões do Congresso que tratam de política externa, em especial presidentes de subcomissões relacionadas com o Médio Oriente. Não é de surpreender que no Congresso os maiores beneficiados com o dinheiro da ZPS são os que têm promovido agressivamente a política dura de Israel. Em qualquer parte do mundo, esses pagamentos de grande monta para votos legislativos seriam considerados um suborno escandaloso e estariam sujeitos a um processo-crime e prisão para ambas as partes. Nos EUA, a compra e venda do voto de um político chama-se ‘lobbying’ e é legal e aberto. O ramo legislativo do governo dos EUA acaba por se parecer com um bordel de alto preço ou um leilão de escravos brancos – mas com milhares de vidas em jogo.

A ZPS tem comprado a aliança de pessoas e de senadores no Congresso dos EUA numa escala maciça: dos 435 membros da Câmara de Representantes, 219 receberam pagamentos da ZPS em troca dos seus votos a favor do estado de Israel. A corrupção é ainda maior entre os 100 senadores: 94 aceitaram dinheiro PAC e Super PAC pró-Israel em troca da sua lealdade para com Israel. A ZPS despeja dinheiro sobre Republicanos e Democratas, garantindo votos incríveis (nesta era de impasse do Congresso), quase unânimes (‘bipartidários’) a favor do ‘Estado judeu’, incluindo os seus crimes de guerra, como os bombardeamentos de Gaza e do Líbano, assim como o tributo anual a Tel Aviv de mais 3 mil milhões de dólares dos contribuintes americanos. Pelo menos 50 senadores receberam entre 100 mil e um milhão de dólares cada um, de dinheiro da ZPS nas últimas décadas. Em troca, votaram a favor de mais de 100 mil milhões de dólares de pagamentos a Israel… para além de outros ‘serviços e pagamentos’. Os membros do Congresso americano são mais baratos: 25 legisladores receberam entre 238 mil e 50 mil dólares, enquanto o resto recebeu trocos. Independentemente da quantia, o resultado líquido é o mesmo: o membro do Congresso recebe o guião dos seus mentores sionistas nos PACs, Super PACs e AIPAC e apoiam todas as guerras de Israel no Médio Oriente e promovem a agressão dos EUA por conta de Israel.

Os legisladores mais ousados e influentes recebem a maior fatia da gorjeta sionista: o senador Mark Kirk (Bombas sobre Teerão!) encabeça a lista dos ‘porcos na gamela’ com 925 mil dólares em pagamentos da ZPS, seguido por John McCain (Bombas sobre Damasco!) com 771 mil dólares, enquanto os Senadores Mitch McConnell, Carl Levin, Robert Menendez, Richard Durban e outros políticos sionofílicos não se envergonham de estender as suas pequenas tijelas de pedintes quando chega o homem do dinheiro PAC pró-Israel! A congressista da Florida, Ileana Ros-Lehtinen, encabeça a lista da ‘Câmara’ com 238 mil dólares pelo seu registo pró-Israel assim como por ser defensora da guerra ainda mais ferozmente do que Netanyahu! Eric Cantor recebeu 209 mil dólares por defender ‘guerras para Israel’ com vidas americanas, ao mesmo tempo que corta os pagamentos da Segurança Social aos idosos americanos a fim de aumentar a ajuda militar a Tel Aviv. Steny Hoyer, líder de bancada da minoria, recebeu 144 mil dólares para ‘forçar os poucos Democratas vacilantes a passar para o campo de Israel’. O líder da maioria John Boehner recebeu 130 mil dólares para fazer o mesmo com os Republicanos.

A ZPS tem gasto enormes quantias para punir e destruir uma dúzia de legisladores dissidentes que se levantaram contra as guerras de Israel e o seu grotesco registo de direitos humanos. A ZPS tem injectado milhões em campanhas individuais, não só financiando candidatos da oposição que juram fidelidade a Israel mas montando indecentes assassínios políticos de críticos a Israel em cargos públicos. Estas campanhas têm sido montadas nas partes mais obscuras dos EUA, incluindo distritos de maioria afro-americana, onde os interesses e influência sionista são totalmente nulos.

Não há PACs, super PACs, líderes partidários ou organização cívica comparáveis que possam contestar o poder da Quinta Coluna de Israel. Segundo os documentos compilados pelo corajoso investigador Grant Smith do IRMEP, quando se trata de Israel, o Departamento da Justiça americano tem-se recusado intransigentemente a impor as leis federais que exigem acção judicial contra cidadãos americanos que não se registem como agentes estrangeiros quando trabalham para um país estrangeiro – pelo menos desde 1963. Por outro lado, a ZPS, através da chamada ‘Liga Anti Difamação’, tem pressionado com êxito o departamento da Justiça, o FBI e a NSA para investigar e processar cidadãos americanos patriotas e cumpridores da lei, críticos da apropriação israelense de terras na Palestina e dos corruptores sionistas do sistema político americano por conta do seu amo estrangeiro.

A corrupção e degradação da democracia dos EUA têm sido possíveis pela ‘respeitável imprensa’ igualmente comprometida e corrupta. Na sua investigação ao New York Times o crítico dos meios de comunicação, Steve Lendman, tem assinalado o elo directo entre Israel e os meios de comunicação. Os principais jornalistas (‘justos e equilibrados’) que escrevem sobre Israel têm fortes laços familiares e políticos com aquele país e os seus artigos pouco mais são do que propaganda. O repórter do Times, Ethan Bronner, cujo filho prestou serviço nas Forças de Defesa de Israel, é um apologista de longa data do estado sionista. A repórter do Times , Isabel Kershner, cujos ‘escritos’ parecem sair directamente do Foreign Office israelense, é casada com Hirsh Goodman, conselheiro do regime de Netanyahu sobre ‘assuntos de segurança’. O chefe de escritório do Times em Jerusalém, Jodi Rudoren, vive confortavelmente na casa ancestral duma família palestina expropriada daquela antiga cidade.

A posição pró-Israel inabalável do Times fornece uma cobertura política e uma justificação para os políticos americanos corruptos enquanto toca o tambor de guerra de Israel. Não admira que o New York Times , tal como o Washington Post , esteja profundamente empenhado em depreciar e denunciar as actuais negociações EUA-Irão – e em proporcionar um amplo espaço para a retórica parcial dos políticos israelenses e seus porta-vozes americanos, enquanto exclui cuidadosamente as vozes mais racionais a favor da aproximação de antigos diplomatas americanos, líderes militares fartos de guerras e representantes das comunidades empresarial e académica.

Para entender a hostilidade do Congresso às negociações nucleares com o Irão e os seus esforços para as afogar através da imposição de novas sanções ridículas, é importante ir à raiz do problema, nomeadamente às declarações de políticos israelenses chave, que estabelecem a orientação a seguir pelos seus amigos americanos.

No final de Outubro de 2013, o antigo chefe de Informações da Defesa israelense, Amos Yadlin, falou de ‘ter que se escolher entre ‘a bomba ou o bombardeamento’ – uma mensagem que ressoou imediatamente nos 52 presidentes das principais organizações judaicas americanas ( Daily Alert , 24 de Outubro, 2013). A 22 de Outubro, 2013, o ministro de Informações de Israel, Yuval Steinitz, apelou para novas sanções duras para o Irão e insistiu em que os EU as usassem como alavanca para exigir que o Irão concordasse em abandonar totalmente o seu programa pacífico de energia e enriquecimento nuclear. O ministro da Defesa Moshe Ya’alon afirmou que ‘Israel não aceitará qualquer acordo que permita ao Irão enriquecer urânio’. A posição de Israel é ameaçar com a guerra (via EUA) se o Irão não se submeter à rendição incondicional do seu programa nuclear. Isto define a posição de todos os PACs, Super PACs e AIPAC pró-Israel. Por sua vez estes tratam de ditar a política aos seus ‘lacaios’ no Congresso americano. Em resultado disso, o Congresso aprova sanções cada vez mais radicais contra o Irão a fim de sabotar as negociações em curso.

Os que receberam os maiores pagamentos sionistas dos PACs pró-Israel são os que mais vociferam: o Senador Mark Kirk ($925.379), autor de uma anterior proposta de lei de sanções, exige que o Irão termine todo o seu programa nuclear e de mísseis balísticos (!) e declarou que o Senado dos EUA “devia avançar imediatamente com um novo pacote de sanções económicas visando todas as receitas e reservas iranianas restantes” ( Financial Times , 18/Out/2013, p. 6). A Câmara de Representantes americana já aprovou uma proposta de lei limitando fortemente a capacidade de o Irão vender a sua principal exportação, o petróleo. Mais uma vez, o eixo Israel- ZPS -Congresso procura impor a agenda de guerra de Israel ao povo americano! No final de Outubro de 2013, o secretário de Estado Kerry foi ‘apertado durante 7 horas pelo primeiro-ministro israelense Netanyahu, e Kerry, acobardado, prometeu promover a agenda de Israel para desmantelar o programa de enriquecimento nuclear do Irão.

Para combater a campanha de estrangular a economia petrolífera do Irão, promovida pelos lacaios de Israel no Congresso, o governo iraniano ofereceu generosos contratos a companhias dos EUA e da UE ( Financial Times , 29/Out/2013, p.1). Estão a ser abandonadas as disposições nacionalistas existentes. Sob as novas condições, as empresas estrangeiras podem registar reservas ou adquirir participações em projectos iranianos. O Irão espera atrair pelo menos 100 mil milhões de dólares em investimentos nos próximos três anos. Este país estável gaba-se de ter as maiores reservas mundiais de gás e as quartas maiores reservas de petróleo. Dadas as sanções actualmente impostas pelos EUA (Israel), a produção caiu de 3,5 milhões de barris por dia em 2011 para 2,58 milhões de barris por dia em 2013. A questão é se o ‘Big Oil’, as gigantescas companhias dos EUA e da UE têm poder para desafiar o cerco da ZPS à política de sanções US-UE. Até aqui, a ZPS tem dominado esta política crítica e marginalizado o Big Oil, utilizando ameaças, chantagem e coerção contra os políticos americanos. Isso acabou por afastar efectivamente as companhias americanas do lucrativo mercado iraniano.

Conclusão

Embora os EUA e os outros cinco países tentem negociar com o Irão, enfrentam enormes obstáculos decorrentes do poder de Israel sobre o Congresso dos EUA. Nas últimas décadas os agentes de Israel têm comprado a fidelidade da grande maioria dos congressistas, treinando-os para reconhecer e obedecer aos assobios, sinais e guião dos defensores da guerra em Tel Aviv.

Este ‘Eixo de Guerra’ tem infligido danos consideráveis ao mundo, que resultaram na morte de milhões de vítimas de guerras dos EUA no Médio Oriente, Sudeste da Ásia e norte de África. A grande corrupção e a falência amplamente reconhecida do sistema legislativo americano deve-se à sua total submissão a uma potência estrangeira. O que existe em Washington é um estado vassalo rebaixado, desprezado pelos seus próprios cidadãos. Se o Congresso controlado pela ZPS conseguir uma vez mais destruir as negociações entre os EUA e o Irão através de novas resoluções pró-guerra, nós, o povo americano, iremos pagar um enorme preço em vidas e dinheiro.

É tempo de agir. É tempo de nos levantarmos e de denunciarmos o papel desempenhado pelos PACs, Super PACs israelenses e pelas 52 importantes organizações americanas judaicas na corrupção do Congresso e na transformação dos ‘nossos’ representantes eleitos em lacaios das guerras de Israel. Tem havido um silêncio ensurdecedor dos nossos conhecidos críticos – poucos críticos dos meios de comunicação alternativos têm atacado o poder de Israel sobre o Congresso dos EUA. A evidência está à nossa disposição, os crimes são indesmentíveis. O povo americano precisa de verdadeiros líderes políticos com coragem para expurgar os corruptos e os corruptores e forçar os seus membros eleitos na Câmara e no Senado a representar os interesses do povo americano.

02/Novembro/2013 Siglas:

ZPS – Zionist Power Configuration

PAC – Power Action Committee

AIPAC – American Israel Public Affairs Committee

IRMEP – Institute for Research: Middle Eastern Policy

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/ . Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .