A História não mente

Aguardei passar o dia 11 de setembro propositalmente para verificar nos jornais, revistas, televisão e internet a repercussão de dois fatos que marcaram a data: o assassinato de Salvador Allende e o atentado às Torres Gêmeas.

O segundo foi praticamente ignorado. Apesar das milhares de vítimas e do sofrimento dos seus familiares, a mídia empresarial não repercutiu o fato. Talvez escondendo que a partir daí começou uma orgia dominadora que culminou com invasões, agressões, golpes de estado, assassinatos em vários países acusados de cooperarem com o “terrorismo”, cuja cena mais emblemática possivelmente seja o enforcamento de Sadam Hussein.

A sanha do imperialismo não tem limites, que o digam o Afeganistão, a Ucrânia, a Síria, o Iraque, o Egito, o povo palestino, particularmente suas crianças.

O verdadeiro terrorismo é do capital, internacionalista apenas na exploração dos seres humanos em sua busca incessante por lucros. Custe o que custar em termos de vidas humanas e de democracia.

Essa faceta é responsável pela deposição e morte de Salvador Allende, presidente democraticamente eleito do Chile, assassinado por um general a soldo do capital internacional. Mais de 40 mil pessoas foram perseguidas, torturadas ou assassinadas durante a ditadura que o seguiu, também para impedir o desenvolvimento do socialismo na América do Sul.

O presidente chileno foi homenageado em várias partes do mundo. Sua luta e sua bravura foram lembradas por democratas, socialistas, comunistas apesar dos 41 anos do fato. Em seu país também ocorreram manifestações em sua memória, apesar dos conservadores terem promovido atentados a bomba, cortes de fornecimento de energia, agressões e outras ações típicas dos nazistas.

Por essas e por outras o Supremo Tribunal do Chile tenta incutir ao mundo a versão de que Allende teria se suicidado, uma inverdade que busca desmoralizar sua resistência, ao mesmo tempo em que tenta suavizar a barbárie que os empresários e os maus militares daquele país promoveram durante anos e anos.

O verdadeiro terrorismo foi aquele que se abateu sobre os países da América do Sul, Central, África, parte da Europa e do Oriente, onde governos progressistas eleitos nas regras da democracia burguesa foram depostos apenas para atender aos interesses do capital.

Rosa Luxemburgo previu que chegaria o tempo no qual a humanidade se veria diante de uma encruzilhada: socialismo ou barbárie. Quando crianças são assassinadas por mísseis e bombas, povos são jogados na miséria por interesses financeiros e geopolíticos, cerca de um bilhão de pessoas vivem na miséria, quando a mentira prevalece sobre a verdade e os xerifes se pretendem justiceiros internacionais é porque já estamos vivendo a barbárie.

Allende vive!

Afonso Costa

Jornalista