PARTIDO COMUNISTA COLOMBIANO: 80 ANOS DE LUTA
ABP 07/15/10
Colômbia festeja, como o México, Argentina e Chile neste ano de 2010, o Bicentenário do início da luta independentista. Na pátria de Camilo Torres Restrepo são lembrados outros acontecimentos que estão ligados às batalhas pela segunda independência da Colômbia, entre eles o 80° aniversário da Fundação do Partido Comunista Colombiano e as oito décadas do natalício de Pedro Antônio Marin, combatente camponês que adotou o nome de Manuel Marulanda Vélez e fundou, com outros patriotas, o movimento insurgente chamado Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Em 17 de julho de 1930, quando foi fundado o Partido Comunista da Colômbia, o povo era vítima dos abusos e da repressão exercida pelo governo conservador de Miguel Abadia Méndez. Nesse ano, os colombianos elegeram Enrique Olaya Herrera, de filiação liberal. O presidente eleito havia sido embaixador nos Estados Unidos e admirava os governos do império. Em Washington e em várias cidades da Europa ocidental o sistema capitalista sofria uma de suas múltiplas crises. O desemprego se quadruplicava e 400 mil imigrantes, a maioria de origem mexicana, eram expulsos da União Americana.
Desde seu início, o Partido Comunista Colombiano demonstrou uma posição combativa, enfrentou a repressão, propôs um novo sistema econômico, político e social, além de abraçar as bandeiras internacionalistas e solidarizar-se com os povos da terra que lutavam pela paz com justiça social. Alberto Castrillón, Gilberto Vieira, Luis Vidales, Jorge Regueros Peralta, Manuel Marulanda Vélez e María Cano foram os fundadores da coletividade política, promotora do socialismo e da democracia participativa durante 80 anos.
A história recente da Colômbia, particularmente no século XX, não seria compreendida sem analisar e estudar as contribuições e batalhas do Partido Comunista (PCC). Em um país sob intervenção do imperialismo estadunidense, a luta da esquerda tem sido difícil, heroica e patriótica. O PCC, formado por seres humanos, cometeu erros, mas na balança sobressaem os acertos e entre eles o mais importante: sobreviver em meio à guerra suja e às campanhas genocidas de intimidação e extermínio.
Os dirigentes do PCC se distinguiram por sua coerência, desde os anos 30 e 40 do século passado com Maria Cano e Gilberto Vieira, até o presente ano, com Jaime Caycedo Turriago e Carlos Lozano Guillén, destacados promotores da paz e da justiça. Oito décadas junto ao povo. O PCC seguiu o legado de Manuel Marulanda Vélez, aquele jovem humilde e trabalhador que tinha um espírito bravo diante da opressão. Nascido em La Ceja, município localizado no estado de Antioquia, próximo a Medellín, onde anos depois integrou o Comitê Regional do PCC.
Manuel era um autodidata. Estudava e lia publicações de economia, história e literatura. Conhecia a Constituição colombiana como um expert em jurisprudência. Não estudou Direito em aulas universitárias, mas era o melhor advogado e defensor dos trabalhadores em Medellín, onde chegou a ser vereador e depois, em Bogotá, foi nomeado secretário geral da Federação Sindical de Trabalhadores de Cundinamarca, por seus companheiros. Marulanda Vélez, que havia trabalhado como pedreiro, explicava a seus compatriotas, com eloquência, os tristes acontecimentos do massacre das Bananeiras (dezembro de 1928), enquanto participava da histórica “Marcha da Fome”.
Preso político em várias ocasiões, Manuel Marulanda Vélez morreu em consequência das torturas e vexames a que foi submetido pelo regime despótico de Laureano Gómez. O nome de Manuel foi reivindicado por e para a luta popular. Pedro Antonio o adotou como nome de combate durante sua épica luta fariana desde 1964, mais ou menos parecido com o que aconteceu no México, onde Doroteo Arango reivindicou o nome de Pancho Villa.
Brilhantes personalidades da política colombiana surgiram nas filas do PCC e da Juventude Comunista ao longo destas oito décadas. Gilberto Vieira, que foi secretário geral durante 40 anos, recebeu uma homenagem entusiasmada em outubro de 1998 ao assistir o 17° congresso do partido. Encontrava-se doente, porém firme. Seu companheiro de luta, o camarada Jesus Villegas, expressou publicamente: “Gilberto, você nos deu o exemplo de como ser um militante comunista. Enquanto uma grande parte de intelectuais passou pelo Partido como em uma espécie de visita de médico, você ficou conosco”.
Vítimas do Estado genocida que oprime e rouba dos colombianos, os comunistas ofertaram suas vidas. Jaime Pardo Leal, candidato à Presidência, assassinado em 1987; José Antequera, construtor da Juventude Comunista, recebeu balaços, em março de 1989; Bernardo Jaramillo Ossa, aspirante à Presidência pela União Patriótica foi alvejado em praça pública em março de 1990; José Miller Chacón, dirigente e militante distinto, morreu durante um atentado em 1993; Manuel Cepeda Vargas, parlamentar destacado, intelectual combativo e diretor, por vários, anos do semanário Voz Proletária foi assassinado por mercenários do narcoparamilitarismo e agentes do governo, em agosto de 1994. Eles fazem parte da lista de compatriotas que haviam sido ameaçados por um sistema que se faz chamar “democrático” e se mantém ainda com a cumplicidade do império norte-americano.
Outros dirigentes do PCC foram encarcerados e torturados, como o camarada Álvaro Vázquez del Real, que a partir de sua coluna ‘Enfoques”, no semanário Voz, ofereceu interessantes reflexões sobre a realidade colombiana e regional. Jaime Caycedo, atual secretário geral, foi vítima de ameaças. Conseguiu sair ileso de atentados contra sua vida. Carlos Lozano Guillén, dirigente nacional, diretor do semanário Voz e autor de vários livros sobre os processos de paz e diálogos entre os insurgentes e as autoridades, foi caluniado e apontado publicamente por Álvaro Uribe Vélez, chefe do narcoparamilitarismo e, tristemente, presidente dos colombianos durante dois períodos nefastos. Ao completar 80 anos do Partido, os comunistas colombianos estão vivos e ativos na luta contra o facismo e pela construção do socialismo no século XXI na Colômbia e em nossa América bolivariana e martiana.
Traduzido por: Valeria Lima