O caso de Charlie Hebdo permite a UE colocar em vigência o Projeto Indect

Por Diego Herchhoren (Resumen Latinoamericano) – Os atentados terroristas cometidos recentemente na França contra os editores da revista Charlie Hebdo, contra um supermercado de comida Kosher e contra efetivos policiais, gerou uma rápida resposta dos Ministros do Interior da UE, que decidiram reforçar os aspectos da vigilância contidos no Tratado de Schengen.

Não obstante as dúvidas geradas sobre a autoria do atentado na Comunidade de Inteligência de vários países, onde alguns atores políticos de relevância puseram em questão duramente a versão oficial, o certo é que o compromisso assumido pelos funcionários europeus tem dois vetores: a obtenção e o monitoramente de padrões de conduta populacionais aos efeitos de um “alerta precoce” de possíveis ações terroristas, assim como a vigilância na internet.

O Projeto Indect

No ano de 2009, o diário britânico The Telegraph publicou um artigo onde eram dados vários detalhes de um projeto financiado pela UE e desenvolvido por várias polícias e universidades europeias, entre elas a Universidade Carlos III, conhecido como Indect.

O Projeto, cuja data de desenvolvimento culminou no ano de 2013, teria acesso a padrões de conduta suspeitos através de canais de informação, principalmente enfatizando os dados obtidos pela identificação facial conseguida pelas câmeras de vídeo instaladas nas grandes cidades e nas mensagens transmitidas através da internet. Paradoxalmente, este projeto foi premiado no ano de 2014 no Concurso Lépine da Feira Internacional de Paris.

De acordo com a página web oficial do Projeto Indect, seus principais objetivos são “desenvolver uma plataforma para o registro e o intercâmbio de dados operativos, a aquisição de conteúdos multimídia, processamento inteligente de toda a informação e alerta automático de ameaças, além do reconhecimento de comportamento anormal ou violento”.

Fala-se da “formação de agentes designados à vigilância contínua e automática de recursos abertos, tais como: sítios web, fóruns de discussão, grupos de Usenet, servidores de arquivos p2p [peer-to-peer], assim como sistemas informáticos individuais” com formas de coleta ativa e passiva.

O SITCEN, o inconcluso organismo de inteligência da UE, criado pelo ex–Secretário Geral da OTAN e dirigente do PSOE espanhol, Javier Solana, teria neste sistema seu principal ponto de apoio de informação, que iria dosando as forças de segurança europeias em função das necessidades estratégicas de inteligência do poder na UE.

Os amigos de Genbeta fizeram, em 2010, uma extensa reportagem.

Indect-Project | http://www.indect-project.eu/

Serviço Exterior da UE | http://www.eeas.europa.eu/

Fonte: http://elblogdeltoguero.blogspot.com.ar/2015/01/el-caso-de-charlie-hebdo-permite-la-ue.html

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)