Carta Aberta

imagemCompatriotas:

Frente Ampla pela Paz.

Processo de Constituintes pela Paz.

Rede de Universidades pela Paz.

Hoje completa um mês de cessar-fogo unilateral decretado pelas FARC-EP, do qual vocês são verificadores. Por esta razão, queremos apresentar-lhes o balanço do ocorrido durante estes 30 dias de vigência de nosso gesto de descenso.

Tal como foi denunciado pelo Comandante Timoleón Jiménez, no transcurso deste mês se apresentaram 2 bombardeios contra unidades nossas no departamento do Putumayo, apesar do Presidente Santos ter dado uma ordem pública de suspensão de ditos ataques. Também se acrescentam operações terrestres em vários departamentos, em uma mostra de falta de vontade política, contrária ao espírito do acordo denominado: “Agilizar em Havana e retroceder na Colômbia” e que compromete o Governo e a insurgência por igual.

Como resultado destas operações terrestres, no departamento de Antioquía, uma guerrilheira foi capturada e duas assassinadas; no Caquetá, em um assalto aéreo a uma unidade da frente 14, um guerrilheiro morreu e 3 estão desaparecidos, ao mesmo tempo em que se intensificam as operações e as fumigações aéreas nas áreas das frentes 32, 15 e 14 nesse mesmo departamento; e nos municípios de Toribío, Caloto, Corinto e Belalcazar, no departamento do Cauca.

Aos guerrilheiros e guerrilheiras mortos, rendemos homenagem de reconhecimento. Suas vidas tiradas são exemplo da generosidade característica da juventude colombiana e de sua contribuição à luta por uma Colômbia em paz com justiça social, democracia e soberania.

São várias as preocupações que desejamos expor por seu intermédio ao país, no entendimento de que enquanto não existirem definições claras sobre estes assuntos será muito difícil avançar de maneira eficaz, na construção de acordos na Mesa.

É consenso nacional que já não existe validade dialogar em meio às detonações e aos ruídos dos fuzis. Por isso, não se entendem estas agressões a uma guerrilha em trégua; que como é lógico, as unidades guerrilheiras estão no direito de responder apelando à legítima defesa.

O mais sensato por parte do governo é não continuar tentando tirar vantagem militar deste gesto humanitário da insurgência. Por este caminho, podemos terminar regressando a situações como as que se originaram na raiz do massacre de guerrilheiros em Guapi, Cauca.

Tampouco é compreensível, continuar empenhados em uma estratégia de acusação contra as FARC-EP, mediante a fabricação de informações manipuladas. Caso se aspire de verdade a uma solução política do conflito, se faz necessário cessar este tipo de hostilidades e colocar freio à ofensiva midiática que pretende desconhecer o caráter político da insurgência.

Informes recentes assinalam que nos primeiros 6 meses de 2015, foram assassinados 69 defensores de direitos humanos, líderes políticos e sociais, mais 25 sofreram atentados, 334 foram ameaçadas e 4 detidos arbitrariamente; o que demonstra a existência de uma política sistemática dirigida a perseguir, encarcerar e silenciar os dirigentes sociais, líderes de movimentos alternativos e defensores dos direitos de todos os colombianos.

Ao anterior, soma-se o negacionismo governamental frente ao fenômeno do paramilitarismo, que continua sendo um dos principais obstáculos no caminho da paz; tal como demonstra a paralisia do projeto piloto de descontaminação de explosivos em El Orejón, devido às ameaças dos paramilitares que atuam no município de Briceño, Antioquia, à vista de toda a população; sem que as autoridades civis, militares e da polícia se deem por aludidas.

É tempo de analisar a situação jurídica, dos condenados e processados por pertencer ou colaborar com as FARC-EP e dos mais de 9.000 prisioneiros políticos e de consciência, vítimas dos denominados falsos positivos jurídicos. Uma Colômbia em paz com a democracia, pressupõe terminar com semelhante aberração. Um bom começo seria aliviar a terrível superlotação e as condições de reclusão, organizando espaços especiais para os prisioneiros políticos e de guerra.

Conhecido o informe preliminar do Censo Agrário, as cifras nos dão razão. É oportuno retomar a discussão dos desacordos deste ponto, entre os quais se encontra o tema do latifúndio. Não é bom precedente, negar a existência destas pendências, nem descumprir os acordos pactuados com as organizações participantes na greve agrária de 2013, ao mesmo tempo em que se apresentam projetos de lei que marcham na contramão do já acordado, como é o caso das Zonas de Interesse de Desenvolvimento Rural e Econômico (ZIDRE); e se lançam iniciativas políticas dirigidas a criar falsas expectativas na opinião pública.

Como pode ser visto, sem que se esgotem nossas preocupações, são vários e complexos os temas que faltam ser abordados na Mesa, para o que é necessário um ambiente político apropriado, ante o qual ratificamos nossa decisão de manter o cessar-fogo unilateral, apesar dos fatos que vem ocorrendo em distintas regiões da Colômbia. Porém, exigimos uma atitude correspondente por parte do Governo para que se possa consolidar o descenso do conflito, até chegar ao cessa-fogo e de hostilidades bilateral e definitivo que toda Colômbia reclama.

Nesse caminho, o patriótico trabalho de verificação que vocês desempenham possui, a cada dia, maior importância e se converte em motivação para que novos setores se somem a este grande esforço para derrotar a guerra e suas causas em nosso país.

A vocês, com sentimento de consideração;

Secretariado do Estado Maior das FARC-EP.

Fonte: http://www.pazfarc-ep.org/index.php/noticias-comunicados-documentos-farc-ep/estado-mayor-central-emc/2933-carta-abierta

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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