Militares israelenses confessam que as matanças em Gaza (Palestina) foram intencionais
Por EUGENIO GARCÍA GASCÓN, Jerusalém/ Resumen Latinoamericano/ 05 de maio 2015.- Oficiais e soldados reconhecem que na ofensiva do verão passado abriram fogo indiscriminado contra civis e zonas urbanas, uma circunstância que elevou drasticamente o número de vítimas e pode constituir crime de guerra.
Os testemunhos de mais de sessenta oficiais e soldados confirmam que Israel causou uma indiscriminada matança de palestinos civis e uma destruição desproporcional durante a operação Margem Protetora do verão passado contra a Faixa de Gaza, quando morreram mais de 2.100 palestinos e ficaram feridos quase onze mil, em sua imensa maioria civil.
Os testemunhos foram recolhidos pela ONG israelense Rompendo o Silêncio (RS), integrada por oficiais e soldados em serviço ou na reserva que se posicionam contra a ocupação da Cisjordânia e de Gaza. 25% dos testemunhos correspondem aos oficiais até o grau de comandante, enquanto o restante é de suboficiais e soldados. Suas declarações “foram investigadas meticulosamente para garantir sua veracidade”, disse RS.
O informe “suscita serias preocupações por conta da violação sistemática e não acidental de princípios chaves das leis da guerra”
O advogado israelense Michael Sfard, conselheiro legal da RS, considera que o informe “suscita serias preocupações por conta da violação sistemática e não acidental de princípios chaves das leis da guerra, que foram estabelecidas precisamente para evitar o que ocorreu na Faixa de Gaza: a matança de civis e uma vasta e indiscriminada destruição de edifícios civis e de bairros”.
O diretor da RS, Yuli Novak, não é menos contundente. “Mediante estes testemunhos nos inteiramos de que existe um amplo fracasso ético nas normas de combate do exército, e de que este fracasso se origina no mais alto da cadeia de comando e não é simplesmente o resultado de ‘algumas maçãs podres’”.
A ONG denuncia que as normas de combate recebidas pelos soldados que participaram da operação eram “as mais permissivas que já tinham ouvido”, o que explica o elevado número de vítimas, assim como a destruição de milhares de habitações durante os meses de julho e agosto de 2014. Muitos dos soldados entrevistados afirmam que as ordens eram disparar para matar qualquer pessoa.
Muitos do soldados entrevistados afirmam que as ordens eram disparar para matar qualquer pessoa
O informe aparece ao mesmo tempo em que a promotora da Corte Penal Internacional (CPI), Fatou Bensouda, está considerando a possibilidade de abrir uma investigação sobre pretensos crimes de guerra cometidos por Israel nos territórios palestinos ocupados a partir de junho de 2014, ou seja, pouco antes de Israel ter iniciado os ataques contra Gaza.
A promotora da CPI declarou ao diário Haaretz, na sexta-feira, que no caso de abrir a investigação, o que ainda não está decidido, o Ministério Público poderia investigar soldados e oficiais de baixo escalão com a finalidade de utilizar seus testemunhos “contra aqueles que são mais responsáveis”, ou seja, contra os chefes militares e os dirigentes políticos que autorizaram a operação.
Em resposta à pergunta do jornalista sobre se a CPI investigará oficiais israelense de baixo e médio escalão, Bensouda disse: “Caso se abra uma investigação em uma situação dada, meu escritório se guiará por uma política de investigar e perseguir aqueles que tenham maior responsabilidade na execução dos crimes massivos”.
Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/05/05/palestina-militares-israelies-confiesan-que-las-matanzas-en-gaza-fueron-intencionadas/
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)