Efeitos da Intifada de Al-Quds sobre o regime israelense
Resumen Medio Oriente /Alwaght / 2 de maio de 2016 – Em fins de setembro de 2015, simultaneamente com o Eid al-Adha (a grande festa muçulmana do Sacrifício) e a festa judaica do Sucot, o ministro da agricultura israelense e vários colonos sionistas entraram na Mesquita Al-Aqsa, porém a resistência dos fieis palestinos impediu que profanassem esse lugar sagrado. Os militares israelenses, no entanto, atacaram com gás lacrimogêneo e balas de borracha os fiéis palestinos e deixaram feridos inúmeros deles.
Dias depois (1° de outubro de 2015), um estudante palestino, Muhammad al-Halabi, matou dois colonos israelenses e foi assassinado posteriormente por disparos de militares israelenses. Este acontecimento marcou o início da Intifada de Al-Quds (Jerusalém) que já dura mais de sete meses em Al-Quds e na Cisjordânia. Assim, os fatores mencionados não foram os únicos que provocaram o estouro deste levante palestino, que está afetando profundamente o regime sionista, sobretudo, a partir do quarto mês desde seu início. De fato, não existe uma perspectiva clara do futuro desta Intifada por diversas razões. Os efeitos da Intifada de Al-Quds sobre diversos campos, como a segurança, política e economia, provocaram a preocupação dos funcionários do regime israelense e se dividem, em geral em:
Efeitos políticos
Inicialmente, os israelenses acreditavam que esta Intifada ia abortar, pois consideravam que tinha irrompido em condições não apropriadas no interior e no mundo árabe. Porém, a continuidade deste levante surpreendeu a todos e inclusive se intensificou, provocando discrepâncias entre as diferentes forças políticas do regime de Tel Aviv, de maneira que uma parte pede que se retome o processo de reconciliação e a outra segue apoiando os enfrentamentos com os palestinos e a aplicação do plano de assassinatos seletivos.
No geral, a continuação da Intifada de Al-Quds, na Cisjordânia e em Al-Quds, teve impactos importantes sobre os atos dos sionistas, entre os quais se destacam:
– Deter o plano de divisão temporal e espacial da Mesquita Al-Aqsa e o ingresso dos ministros e membros da Knesset (parlamento do regime israelense) no recinto da mesquita, com a finalidade de acalmar a situação.
– Desacreditar a estratégia dos setores da direita no marco da gestão dos conflitos, pois não ofereceram soluções nem aumentaram a pressão sobre o primeiro ministro do regime de Israel, Benyamin Netanyahu, para ativar o processo político e de diálogo com a Autoridade Nacional Palestina (ANP).
– Criar turbulências na administração de direita de Netanyahu e muitas discrepâncias neste governo sobre como tratar com a parte palestina.
– O aumento das discrepâncias entre as organizações políticas e os serviços de segurança sobre a forma como tratar os palestinos e das acusações mútuas sobre a incapacidade para colocar fim à Intifada.
– O estudo de diferentes vias para enfrentar a Intifada por parte do regime israelense, como facilitar a execução de projetos de infraestrutura congelados nas zonas sob o controle da ANP.
Efeitos de segurança
Apesar da intensidade da Intifada de Al-Quds ter se reduzido em comparação com seus primeiros dias, continua sendo a grande preocupação dos serviços de segurança do regime sionista e dos funcionários de segurança deste regime, entre eles Netanyahu, o ministro israelense de assuntos militares Moshe Yaalon e o chefe do estado maior Gadi Eizenkot. Insistem em enfrentar a Intifada com ataques limitados por temor da incitação de outras partes mais amplas da comunidade palestina. Por outro lado, apesar de amplas cooperações de segurança entre a ANP e os sionistas, não é possível controlar a Intifada já que inclui as atividades individuais de palestinos contra os ocupadores e os grupos palestinos desempenham um pequeno papel nestas ações. Em outras palavras, a ANP não tem capacidade para desativar os núcleos e redes da resistência nem para fazer fracassar as amplas atividades populares.
Entre os importantes efeitos de segurança da Intifada sobre o regime sionista, destacam:
– A preocupação do comando do exército com a erosão da Intifada e a paralisia dos planos a longo prazo do chefe do estado maior do regime israelense, Gadi Eizenkot.
– A aceitação do último levante dos palestinos como “Intifada” por parte dos serviços de segurança, o que terá como consequência mais custos para Israel.
– Mobilização das forças de segurança e do exército, o que acarretará mais problemas para o orçamento destes serviços.
– Uns 77% dos israelenses não se sente seguro, um número que mostra a severa redução do nível da segurança pessoal.
– A preocupação dos políticos sionistas sobre o colapso da ANP e o fim das cooperações de segurança consideradas como as ferramentas exitosas do regime sionista para a segurança.
– A preocupação sobre o apoio de 86% dos palestinos aos ataques com armas brancas e de 53% à luta armada para colocar fim à ocupação, segundo as recentes pesquisas.
Efeitos econômicos
Um dos campos mais afetados pela Intifada de Al-Quds é a economia de Israel, que inclui diversas partes como o turismo, investimento, intercâmbio e, inclusive, os centros de serviços, como os restaurantes. Segundo as estatísticas emitidas pelas fontes israelenses, só no primeiro mês da recente Intifada, este regime enfrentou uma perda de 1,3 bilhões de dólares, especialmente, no setor do turismo. Assim, registrou perdas no setor de segurança e bilhões de dólares em gastos destinados ao exército. Entre outros efeitos mais marcantes sobre a economia de Israel se podem mencionar a queda da demanda palestina de bens produzidos por Israel, o aumento do sentimento de insegurança entre os israelenses e o medo de sair de sua casa.
Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2016/05/02/efectos-de-la-intifada-de-al-quds-sobre-el-regimen-israeli/
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)