Os protestos na França são endurecidos com greves, bloqueios e mobilizações

imagemPor Josefina L. Martínez, La Izquierda Diario / Resumen Latinoamericano/ 17 de maio de 2016

Com piquetes de greve, bloqueios e mobilizações teve início uma nova jornada de luta contra a reforma trabalhista. A luta de classes na França é aquecida e recrudesce a repressão.

Na segunda-feira à noite, os motoristas de caminhões franceses começaram uma greve indefinida convocada pelos principais sindicatos, preâmbulo da greve interprofissional convocada para esta terça-feira, 7 de maio. Esta se sentiu especialmente em Caen, com o bloqueio de estradas. Também em Rennes, os bloqueios das rotas provocaram filas de quilômetros de caminhões. Nas primeiras horas da madrugada de hoje, se somaram os bloqueios dos portos.

Em Le Havre, milhares de trabalhadores e ativistas fecharam as entradas da zona portuária e industrial. Em Nantes-Saint-Nazaire, o porto também foi paralisado por completo. A greve também se fez sentir na refinaria Total de Donges (Loire-Atlantique), um lugar emblemático da luta de 2010. “Nem uma gota de combustível sairá da refinaria e nenhuma estação de serviço será abastecida durante esta jornada”, disse um representante sindical.

A greve teve forte repercussão em Nantes, onde não circulavam os ônibus, Bordeaux e Marselha. Na Bretanha, manifestantes saltaram nos trilhos e impediram um trem em alta velocidade.

Na quinta-feira, se somarão novas forças, já que outros sindicatos foram convocados às greves “reconductibles” (greves que vão se alongando no tempo mediante assembleias periódicas), como os ferroviários e os trabalhadores dos aeroportos.

A presença decidida de todos estes setores de trabalhadores nas greves desta semana endureceu o clima do protesto. As jornadas de 17 e 19 de maio foram convocadas por sete sindicatos, com o apoio das assembleias interprofissionais, as coordenadoras, assembleias estudantis e o movimento da Praça da República, Nuit Debout.

O “decreto” de Hollande para impor a reforma trabalhista, ignorando o debate parlamentar – onde a lei tinha recebido críticas e tinha um destino incerto –, incendiou a cólera social e radicalizou os métodos de luta.

O dirigente da CGT, Philippe Martínez, assegurou hoje que “os trabalhadores estão dispostos a endurecer o movimento”, enquanto os setores mais combativos continuam exigindo que os dirigentes sindicais convoquem uma greve geral reconductible, ou seja, indefinida, até derrubar a reforma do governo.

O governo de Hollande, debilitado frente a uma grande onda de conflito social, com uma forte perda de legitimidade e questionado pela emergência de setores críticos em seu próprio partido, assegura que não cederá.

“Muitos governos cederam – daí o estado do país que encontrei em 2012 – de modo que agora como eu, em circunstâncias difíceis, posso ceder quando temos um compromisso”, disse em declarações à imprensa.

Gás, gás e mais gás

Para tentar impor esta reforma antipopular, repudiada por mais de 70% da população, o executivo francês recorreu a um método completamente antidemocrático (o recurso 49.3), acompanhado de uma sistêmica e crescente repressão policial.

No dia 17 de maio, as mobilizações foram regadas novamente com gás lacrimogêneo, em Paris e em outras cidades. “Gás, gás e mais gás”, parece ser o lema de Hollande para enfrentar a onda de greves e protestos de rua. No entanto, a escalada repressiva parece estar jogando o efeito contrário: inflamar ainda mais o pavio da indignação.

Para quarta-feira, as associações policiais convocaram uma demonstração sob o lema de “Fim ao ódio antipolícia”, tentando responder a péssima imagem que estão colhendo os “agentes da ordem” nas últimas semanas. Porém, dificilmente podem reverter seu desprestígio diante de grande parte da população, que vê como batem em seus filhos, jovens estudantes secundaristas, e reprimem brutalmente as mobilizações. Nada mostra melhor este sentimento antirrepressivo que um canto que se tornou popular nas manifestações “Todo mundo odeia os flics” [a polícia].

A luta de classes na França subiu em vários graus o termômetro do protesto social, com a onda de greves mais importantes dos últimos anos. Atenção ao que virá.

Vídeo: https://www.facebook.com/RevolutionPermanente.fr/videos/1043994909015630/

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2016/05/17/se-endurecen-las-protestas-en-francia-con-huelgas-bloqueos-y-movilizaciones/ *Com base nos informes dos correspondentes do Revolution Permanente na França.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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