Coletes Amarelos: as feridas invisíveis da repressão
– A revolta na França que os meios de comunicação corporativos silenciam
por Elsa Gambin, Léo Tixador, Nicolas Mayart [*]
Prisões, milhares de feridos e centenas de pessoas traumatizadas entre os manifestantes: a violência da repressão policial afeta os corpos e as mentes. Aqueles que não são afetados nos seus corpos também sofrem, paralisados pelo medo, vendo a sua existência perturbada por pesadelos ou paranoia.
“O medo, quando nos apercebemos dele, é o fim. É a caixa de Pandora”, resume Valk, uma fotógrafa de Nantes. No último ano, esta veterana de lutas, sempre rápida a tirar fotos, não conseguiu entender o que se passava. A princípio, sentiu medo, lancinante, mas ainda um pouco confuso, “de uma forma que eu costumava controlar”. Numa segunda vez, ela recorda-se de o ter sentido pela frente: um pânico no meio de uma espessa névoa de gás lacrimogêneo, incapaz de se mover. “Fiquei paralisada. Um ativista, vestido de preto, colocou a mão no meu ombro. Apenas disse: “Você está bem?” Isso trouxe-me de volta à realidade. Este simples gesto, cauteloso e atencioso, tirou-me do meu torpor.”
Da última vez, o medo paralisou-a. Impediu-a, fez com que fosse impossível sair do seu apartamento para fazer a cobertura da manifestação. “Foi depois de uma semana de prisões brutais na cidade. Eu disse a mim mesma: “Eles vêm aterrorizar-nos mesmo onde moramos”. “Eu não podia mais voltar ao terreno. O relacionamento com a cidade mudou. Não confiava mais”. Valk compreendeu a importância de conversar depois das manifestações. A necessidade de falar, de não repetir sozinhos o que tínhamos visto ou experimentado. O sentimento de culpa também interfere, às vezes: “Quando se tem medo, é-se forçado a encarar quem nós somos. Dizemos para nós próprios: “O que estou a fazer para sobreviver?” Não é bom nem mau. É apenas sobrevivência.”
“Os policiais, agora eu os odeio”
Foi também o instinto de sobrevivência que levou Jérémy, 24 anos, que caiu no Loire, em 21 de junho passado, em Nantes, “por causa do gás lacrimogêneo”, a manter a cabeça acima da água “entre 15 a 25 minutos, difícil de saber”. Na noite da morte de Steve Maia Caniço, durante o festival de música, após uma violenta carga policial. Jérémy ajudou uma outra pessoa, que também havia caído, com o ombro deslocado ao cair. Gás lacrimogêneo, cães, gritos, água fria e medo, mas ele não dirá nada aos trabalhadores que depois limpam o cais e ignoram tudo sobre o drama que ocorreu.
Jérémy volta para casa depois do hospital, a vida retoma seu curso, ele apresenta queixa. Passou horas no cais, durante todo o verão na onda de calor. Ninguém para lhe prestar apoio psicológico. “Falar sobre isso na mídia ajudou-me a exteriorizar o problema, a tomar um pouco de distanciamento”. Um mês depois dessa noite de pesadelo, o jovem quebra. Desfaz-se em lágrimas. “Estava pensando que deveria ter sido eu quem deveria ter desaparecido no lugar de Steve. Não sentia ser legítimo estar vivo”. A síndrome de sobrevivente que Jérémy tenta controlar sozinho. Ele não se lembra de ter pesadelos e diz que é demasiado orgulhoso para se decidir “ir ver alguém. Eu sabia que iria reencontrar o meu gosto pela vida novamente”. Mas ele passa vários meses a fumar e a consumir demasiado álcool. “Senti bastante o choque emocional e o trauma. E a minha culpa”.
“O imaginário da luta é um ambiente viril e bélico. Como podemos então dizer que precisamos de espaço para descansar, para nos recompormos? Quando militamos, enfrentamos voluntariamente a violência”.
Ele agora está melhor, “graças a um encontro” que o levou a ultrapassar os problemas, mas as reminiscências desse episódio são sentidas diariamente. “Assim que ouço falar sobre Steve, ou sobre a violência policial, tenho uma bola no estômago e uma lágrima no olho”. Jérémy não confia mais na polícia. “Os policiais, agora eu os odeio. Claramente. Também tenho medo. Medo quando os encontro. Mesmo se eu tivesse escolhido não esconder o que aconteceu comigo”. O jovem não entende como pudemos chegar a isto. Uma família desolada e um trauma tenaz em dezenas de jovens. Evoca uma futura tatuagem em homenagem a Steve. Com a data. Para não esquecer? “Não podemos esquecer de qualquer maneira. Está fixado.”
“Pensei que estávamos em guerra”
Durante o G7, no campo dos oponentes, havia um “espaço de assistência e apoio” chamado Chez Thelma. Zazou, do coletivo, percebeu que a questão do trauma era pouco pensada na França. Muitos recursos vêm do exterior, Inglaterra, Alemanha, Canadá.
“Chez Thelma, iniciou-se numa contra-cimeira. Ainda é difícil esses espaços existirem. O imaginário da luta é um ambiente viril e bélico. Como dizer que se precisa de espaço para descansar e recarregar baterias? Quando fazemos campanha, enfrentamos voluntariamente a violência. Até nos superexpomos, sem estarmos preparados para as consequências”, explica o ativista. No G7, muitas pessoas foram até Chez Thelma, para descansar ou após um ataque de ansiedade. O resultado foi positivo. “Precisamos fazer com que essa palavra exista no coletivo para poder falar com todos sobre os riscos traumáticos. Comece-se por estar atento aos outros. O medo deve ser ouvido! Temos que cuidar dessa questão coletivamente”.
Se a questão do trauma estava latente entre os ativistas de longa data, no entanto, irrompeu brutalmente na vida dos Coletes Amarelos que pouco conheciam no campo dos protestos. Júlia, 31 anos, não tinha ainda se manifestado antes de colocar o colete fluorescente. A jovem voltou a sair “em choque” dos seus primeiros sábados. “Estávamos diante de pessoas com armaduras bloqueando-nos em todas as ruas. Eu vejo uma mulher, que chorava, ser apalpada na frente de todos. Foi humilhante. Eu disse para mim mesma: “Essas pessoas não têm piedade”. Ela caíra num cerco policial que a deixaria com marcas duradouras e lembra-se de ter gritado. O cerco, uma técnica anglo-saxônica chamada kettling (cordão de isolamento), pode ser particularmente traumática.
Um cerco que se fechou sobre Júlia no início de janeiro de 2019, perto da Prefeitura de Nantes. “Pensei que estávamos em guerra. Estava escuro, o gás não parou. Saltamos por toda parte para evitar os projéteis. Eu gritava. As pessoas gritavam. Então eu disse a mim mesma que eles queriam fazer-nos morrer”. Refugiada nas traseiras de um restaurante, ela viu pessoas tossindo e vomitando. “Caos completo. E a estranha sensação de dizer “escapei da morte”. Uma experiência traumática, que acaba por se concluir com a chegada da CRS (policia de choque), a golpes de bastão. “Eu não entendia. Fiquei atordoada.”
Depois disso, Júlia demorou bastante tempo a voltar às manifestações. Ela consultou um hipnoterapeuta para tentar resolver preocupações de hipervigilância, ansiedade e paranoia. “Eu saltava ao menor bater da porta. No centro da cidade, eu olhava para toda a parte. Entrei em pânico quando ouvi uma sirene. Como se estivéssemos sempre na manifestação, como se tivesse que assistir a tudo”. Uma noite, ela viu-se correndo para o carro com medo de ser seguida pela polícia. Por vezes fecha-se em casa. O coração bate mais forte quando pensa que um carro a está seguindo. “O meu pior pesadelo foi que eles batiam à porta para me prenderem. Eu imaginava-o e estava a ter pesadelos com isso”. O medo de ser presa, de represálias. “Foi paranoia”. Um inferno diário. Desde essas sessões de hipnose, ela sente-se mais calma. Conseguiu voltar às manifestações. Primeiro, de longe.
Um estado de perplexidade psíquica
Pesadelos, ansiedades, paranoia, Lauriane Perez, psicóloga clínica, vê isso todos os dias no seu gabinete. Ela recebe, cada vez mais, manifestantes pobres perante a persistência de seus sintomas.
“Nos traumas, o fator agravante é a intencionalidade da violência. Ora, os Coletes Amarelos inicialmente viram a polícia como alguém do mesmo grupo social, que poderia juntar-se a eles. Antes de se tornar um inimigo, um opressor legitimado pelo discurso do Estado”.
A psicóloga verifica os traumas ligados à manutenção da ordem. “Acontece algo que nos confronta com a realidade da morte, com o perigo de nossa integridade física”. Tipicamente, cada área de repressão policial é, portanto, um pacote de traumas. A sensação de ser asfixiado pelo gás, a impossibilidade de fugir, pode causar o medo de morrer. Lauriane Perez escuta ativistas falando sobre o choque psicológico, do qual eles mal tinham consciência antes de ir vê-la.
O choque psicológico é semelhante ao episódio relatado pela fotógrafa Valk. “É um choque psíquico. Tudo para. A pessoa não tem mais sensações, está paralisada”. Espera que alguém a tire dessa quietude emocional antes de um drama em potencial”. A comunidade, os outros participantes, podem fazer a pessoa entrar novamente no grupo”. Para Valk, foi aquele ativista que colocou a mão no seu ombro. Para Lola, uma “médica de rua” [NT] de 23 anos, foi o símbolo de um socorrista que a fez recuperar o ânimo quando estava como que congelada. “Uma vez eu desliguei da realidade. Vi-me colada contra a parede de um prédio, sob o gás, sem pensar em nada. Não pude mover-me apesar do meu desconforto respiratório porque não tive tempo de colocar a minha máscara”.
“Um barulho de petardo crispa-me, temo que seja uma granada. O que está mais arraigado na minha memória é o uniforme da polícia criminal”.
Muitas vezes, o choque psicológico passa despercebido, explica Lauriane Perez. A pessoa volta para casa, exausta, sem falar sobre isso. “Não é a opção certa. Tem que se ir tomar um café, conversar, estar rodeado”. O que notamos, no entanto, são os sintomas do transtorno de stress pós-traumático. Recordações, pesadelos, problemas de memória, hipervigilância, evasão, dissociação (desapego emocional), hipermnésia… “Os sentimentos de asfixia costumam voltar – observa a psicóloga – Nos casos mais graves, há dificuldades no trabalho, consequências na vida familiar… A menor sensação pode desencadear o trauma. As pessoas desenvolverão fobias de lugar ou de roupas…”.
Como Lola, depois de “apenas” alguns meses nos “médicos de rua”. “Um barulho de fogo de artifício provocava-lhe tensão, temia que fosse uma granada”. O que está mais fixado na minha memória é o uniforme da polícia criminal. Se encontrar um motociclista com roupas semelhantes, não fico bem, fico na defensiva… A jovem tem uma sintomatologia de desencadear emoções.
Os pássaros que voam fazem-na olhar com medo que um projétil caia sobre ela. O fumo de um cigarro electrônico mergulha-a em apneia. Ela entra em pânico ao som de sirenes, aliviada quando são os bombeiros. Lola viveu refugiada mais de duas horas num pequeno beco sem saída, cercada pela polícia e pelo gás lacrimogêneo. Sujeita a controles e confisco de material. O confinamento desencadeou um grande ataque de ansiedade. Com raiva, no final da rusga, ela grita com um “membro da polícia criminal que encostará a sua cabeça à minha de forma agressiva”.
“É tempo de reconhecer a natureza traumática da violência durante as manifestações”
Para Lauriane Perez, aqueles que voltam às manifestações “reativam o trauma, sob risco de esgotamento. Eles sentem-se culpados por não poderem voltar. Eles não se escutam imediatamente. Ouço muitas vezes “pensei que era guerra”. O barulho e as detonações simbolizam algo assassino na nossa imaginação”. Essas pessoas já frágeis colocar-se-ão num estado de vulnerabilidade psíquica”, mas o trauma acabará por tomar o seu lugar. É hora de reconhecer a natureza potencialmente traumática da violência durante as manifestações”.
A profissional observa a dificuldade dos ativistas assumirem “uma forma de vulnerabilidade enquanto estão num contexto de luta”. A questão do sofrimento mental insuficientemente pensado, portanto, corre o risco de não servir os movimentos sociais, enfraquecendo a natureza coletiva da contestação, isolando os indivíduos.
Lauriane Perez apela à espontaneidade e solidariedade, tornando-se manifestantes num dia e militantes para sempre, que podem criar “pequenas células pós-manifestação de emergência psicológica […] O que falta é esse momento em que, em grupo, nos rehumanizamos”. E os homens não devem ficar de fora, enfatiza, pois recebe mais mulheres do que homens para falarem sobre esses traumas. Aqueles que sofrem de sintomas de transtorno pós-traumático, devem procurar um profissional, insiste a psicóloga. As pessoas não ficam bem milagrosamente. Além disso, pode haver efeitos a longo prazo no cérebro”.
Lola, a “médica de rua”, escolheu continuar, apesar dos sinais, dos quais ela está ciente. “Os uniformes desencadeiam uma forma de agressão em mim. Tudo isso deixa marcas loucas, especialmente ao ver feridas de guerra. Quando a adrenalina diminui, tudo bate em nós, sentimo-nos fracos”. A jovem, filha de um policial, não se vê sendo presa. “Eu quero continuar. Eu não concebo não ser mais “médica de rua”. Ela lembra-se de cada detalhe. Da primeira granada de gás lacrimogêneo que rebenta ao seu lado – “fiquei em choque” – do som da cabeça de um homem batendo no asfalto enquanto um polícia o segurava.
A violência verbal “também deixa marcas”. Como quando gritou para um policial: “De quantos mortos está à espera que haja”. A jovem cuidadora levanta outro problema, que tende a ocupar a mente dos ativistas: o impacto na privacidade e nas pessoas à sua volta. O medo da busca, da filiação, da perda do seu anonimato para uma parte da polícia. Uma situação que pode afetar o moral”. Você perde a sua inocência. Sua vida torna-se muito menos simples. Eu não sou mais a mesma. Tudo isso bate forte e é preciso aprender a administrá-lo. Isso muda uma vida”.
“As pessoas estão ainda mais revoltadas”
A vida de Swann, ativista de 23 anos, também foi virada do avesso após uma acção policial no início do ano. Refugiada numa loja em que também entrava gás lacrimogêneo, subiu as escadas de um prédio para escapar às matracas da CDI [companhia de intervenção]. Podiam ouvir-se os golpes, os gritos. Os berros: “Todos no chão, cale a boca!”. A jovem, juntamente com outras pessoas, terminará num pátio, sob escolta policial. Ela vê os manifestantes deitados no chão, com as mãos na cabeça. Sentada num canto, cercada por polícias encapuzados, ela vê uma amiga a ser revistada. “Um policial passa um bastão sobre os meus ombros dizendo “abra a sua gola”. Depois outro pôs-me à parte, atrás de um carro”.
A jovem ativista teve de colocar as mãos na parede. “Ele apalpou-me. As coxas, tudo. Nesse momento, digo a mim mesmo: “É ilegal, não é um homem que deve fazer isso”. Mas não pude dizer-lhe. Swann lembra-se “de se ter dissociado da ação. Eu senti-me como se tivesse visto a cena do lado de fora, não no meu corpo”. Apresentará uma queixa por agressão sexual. Desde então, ela interpreta a cena várias vezes, temendo que a procurem no trabalho, temendo que seja seguida pela polícia. “Não dormi mais, tive pesadelos. Quando entro num bar, verifico se há uma saída de emergência”. Foi para um grupo de discussão, liderado por um psicólogo “que não criticava”. Mas não pode mais mover-se em cortejo: a angústia é demasiado forte. “O que eles [a polícia] fazem não muda nada em termos de lutas. As pessoas estão pelo contrário ainda mais revoltadas”.
Estas feridas psicológicas às vezes ficam fixadas no sono. Salomé fez uma conta no Twitter, “Pavé de subconscient”, na qual partilha os pesadelos dos manifestantes. “Vi duas pessoas com a garganta esmagada… desde então, vejo a cena repetidas vezes”, disse ela. “Nos meus sonhos, vejo corpos a cair, como alguém tirando uma foto”.
Colete Amarelo desde a terceira manifestação, Salomé explica que começou a ter pesadelos a partir de dezembro. “É sempre a mesma coisa, a polícia está me perseguindo e geralmente estou procurando uma saída. Todos esses homens têm o rosto mascarado e encapuzado”. Antes de ir para [o programa] Erasmus na Itália, esse tipo de pesadelo voltava regularmente. A partida permitiu-lhe reencontrar noites mais calmas. “Agora acontece-me apenas uma vez por semana.” Mesmo a bastantes quilômetros da França e da sua agitação, Salomé continua a aumentar a sua conta no Twiter “porque o primeiro impacto psicológico que podemos detectar são os sonhos. Temos que falar sobre essa violência que permanece duradoura”.
A violência policial – incluindo a exposição aos LBD – aumenta o risco de depressão
Para Jais Adam-Troïan, doutor em psicologia social, que se tem manifestado contra [a legislação] do Direito do Trabalho de 2016, também existe “um vínculo muito claro entre a exposição à violência policial e os sintomas de stress e depressão pós-traumáticos”. Com outros dois colegas, Elif Celebi (professor de psicologia clínica da Universidade Sehir, em Istambul) e Yara Mahfud (professora da Universidade Paris Descartes), ele acabou de concluir um estudo, ainda na fase de revisão, dedicado ao impacto da violência policial – incluindo a exposição ao gás – na saúde mental dos Coletes Amarelos.
A pesquisa é baseada num questionário em que participaram quase 523 ativistas do último verão (meados de julho a final de agosto). “A nossa amostra não é representativa dos Coletes Amarelos”, alerta. “Estes são Coletes Amarelos que participaram numa média de 18 eventos, mostrando-se muito motivados a responder à pesquisa, tendo um salário médio igual ou inferior ao salário mínimo. Estamos lidando com uma amostra de Coletes Amarelos em situações econômicas e sociais muito precárias, que, portanto, têm uma prevalência muito maior de distúrbios psicológicos que a população em geral”.
Este estudo, no entanto, reflete uma realidade assustadora: a violência policial – incluindo a exposição ao gás – “parece aumentar em dois terços o risco de síndrome pós-traumática e quase o triplo (mais 184%) do risco de depressão nas pessoas feridas”. Para ir além e provar a causalidade, seria necessário “realizar mais estudos observacionais”, seguindo os Coletes Amarelos a longo prazo. “Mas atualmente não temos meios para conduzir esse estudo”, admite Jais Adam-Troïan. Entretanto, essa investigação seria a primeira a abordar as consequências psicopatológicas da exposição à violência policial.
Por sua parte, Swann, a jovem ativista, aguarda um resultado positivo para a sua queixa. Uma resposta, um apoio do sistema de justiça face ao seu trauma, face à lesão que a deixou sem sentidos. Sem dúvida, não tem nada a esperar em relação aos seus pesadelos e insônia. Deve ocupar-se de controlá-los, a abafá-los. A viver com essa cena, escrita a ferro quente no seu subconsciente. As feridas “invisíveis” são o impensável – e o impensado – das consequências das ações da polícia. “Isso vai deixar-me com consequências psicológicas, talvez físicas”, disse Lola, a jovem “médica de rua”. Mas estou pronta para isso”.
[NT] Médicos de rua, (street medics) ou médicos de acção, são voluntários com diversos graus de treino médico que participam nos protestos e manifestações para prestar cuidados médicos e primeiros socorros.
O original encontra-se em www.lemediatv.fr/articles/enquetes/…
Este artigo encontra-se em https://resistir.info/