Demissões em massa na cidade de Rio Grande
No mar de oportunidades do capitalismo, só naufraga quem é trabalhador
PCB – Rio Grande·Domingo, 18 de dezembro de 2016
No dia 12/12/2016 (segunda-feira), faltando poucas semanas para o final do ano 3.200 mil trabalhadores e trabalhadoras do Polo Naval de Rio Grande, receberam a notícia da empresa Engevix Construções Oceânicas (Ecovix) que estavam sendo demitidos. O que antes eram especulações, que foram surgindo depois do envolvimento da empresa em investigações de lavagem de dinheiro, corrupção e com o desmonte e privatização da Petrobras – infelizmente acabaram se concretizando na manhã de segunda. Ficaram somente 500 trabalhadores, dos quais 300 estão em afastamento e 200 na ativa para a manutenção dos espaços do Polo Naval. Este simbólico episódio é apenas mais um entre várias demissões que vinham ocorrendo paulatinamente durante o desmantelamento do polo naval da cidade e região.
Não é de hoje que os trabalhadores são usados e depois descartados como lixo pela produção do mercado capitalista. A cidade de Rio Grande é historicamente marcada por esses ciclos de exploração, pelas grandes indústrias que se instalam como vermes sanguessugas, com isenções fiscais e exploram até as últimas consequências as vidas dos trabalhadores e recursos naturais da região. Assim foi no “auge do progresso” com a pesca, soja, arroz, fertilizantes e agora com a indústria naval.
É porrada atrás de porrada para quem trabalha e para as camadas mais populares de Rio Grande. Dois dias depois dessa demissão em massa da Ecovix, os vereadores de Rio Grande votaram e aprovaram um aumento retroativo de seus próprios salários em 10,33% chegando no valor de R$ 12.328,90. Grande parte dos vereadores que votaram a favor não foram reeleitos nas últimas eleições.
A Santa Casa de Rio Grande está com certos tipos de cirurgias suspensas, mais de 40 leitos fechados, super lotação, filas nos corredores e com o pagamento dos funcionários parcelado, ou seja, está à beira do fechamento há meses. Com um dos transportes públicos mais caros do estado e a educação em colapso, os trabalhadores ainda sofrerão com a PEC 55 – que congela o investimento nos gastos públicos como saúde e educação por 20 anos – sendo aprovada no Senado Federal, as propostas de Reforma da Previdência que vão roubar a aposentadoria dos trabalhadores e a Reforma Trabalhista que ataca e burocratiza ainda mais seus poucos direitos conquistados. Demissões em massa vêm ocorrendo por todo o Brasil, com cerca de 12 milhões de desempregados atualmente. Todos esses ataques visam a precarizar o trabalho e a vida dos mais pobres em detrimento da manutenção dos grandes lucros dos patrões – industriais, banqueiros e grandes donos de terras – colocando a conta da crise capitalista mais uma vez sobre as costas da classe trabalhadora.
Nós temos que fazer a reflexão e ter ciência que a precarização do trabalho e da vida é um processo que não se inicia somente depois da entrada do usurpador Temer, mas vem também de um longo processo de apassivamento e burocratização na luta e nas ferramentas de organização dos trabalhadores e juventude durante muitos anos, e agora sofre uma aceleração na retirada de direitos por esse atual governo puro sangue da burguesia. Por conta disso, nós, trabalhadores e trabalhadoras, não podemos ficar reféns das migalhas e à espera dos conciliadores e reformistas, muito menos da burguesia.
Temos que superar esse último ciclo e nossas dificuldades de organização, que não são poucas, sempre buscando uma alternativa independente com os de baixo, forjada nos interesses da classe trabalhadora. Acreditamos que não existe fórmula mágica para avançarmos contra quem nos explora e oprime. Precisamos, todos nós, nos organizar em nossos locais de trabalho, moradia e estudo e na luta arrancar o que é nosso por direito, porque, “no mar de oportunidades” do capitalismo, só naufraga quem é trabalhador.
O Partido Comunista Brasileiro (PCB) e a União da Juventude Comunista (UJC) de Rio Grande se solidarizam com os trabalhadores e se colocam ao lado dos mesmos e mesmas na luta em defesa de nossos direitos, buscando outras relações de trabalho e na vida, pelo fim da exploração e das opressões.
NENHUM DIREITO A MENOS!
OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER!
PELO PODER POPULAR E O SOCIALISMO!
Foto de Capa, Raíssa Oliveira.