PRIMEIRAMENTE FORA TEMER E A SAÍDA É PELA ESQUERDA

imagemCarta de Fortaleza pelo Bloco de Esquerda Socialista

A continuidade do governo golpista de Michel Temer abre um período de guerra declarada ao povo pobre e trabalhador brasileiro e impõe a urgência de avançarmos na organização do polo de resistência dos trabalhadores e da esquerda socialista.

Os que assinamos esta carta nos somamos aos militantes, ativistas, intelectuais, trabalhadoras e trabalhadores que, em importantes cidades do país, vêm desenvolvendo atividades para buscar superar a fragmentação da esquerda socialista a que o movimento de massas brasileiro está particularmente submetido após os últimos 13 anos. Em especial reivindicamos as iniciativas do Bloco de Esquerda Socialista de São Paulo e da Frente de Esquerda Socialista no Rio, Recife, Curitiba e Maceió, que unem correntes, coletivos e organizações na tentativa de abrir o debate franco e fraterno na construção de uma perspectiva que permita construir as trincheiras necessárias para enfrentar os ataques que se avizinham.

Rejeitamos a estratégia permanente do lulopetismo de desperdiçar as esperanças de gerações e gerações de lutadores e ativistas na busca irrefreável pela conciliação de classes. Foi assim com o PMDB de Temer e Cunha, PP de Maluf, PTB de Roberto Jefferson, como também foi assim com os grandes setores do empresariado, dos banqueiros e do latifúndio brasileiro. E tem seguido assim mesmo após o impeachment, seja na busca pelas alianças eleitorais com supostos setores progressistas da burguesia, nas negociações e negociatas frustradas para impedir a confirmação do impedimento de Dilma, na negativa de assumir a presidência do Senado quando o STF decidiu pelo afastamento de Renan Calheiros. Tal atitude somente fortalece os que desde o Executivo, Legislativo e Judiciário assumiram a missão de acelerar os projetos que darão fim a crise econômica e política, leia-se acelerar a retirada de direitos da classe trabalhadora.

Defendemos que é preciso derrubar o governo Temer e impedir as contrarreformas que nos levariam a um futuro dos mais sombrios. Não é possível tolerar que defensores de jornadas de 80 horas semanais, como o presidente da CNI, sintam-se absolutamente a vontade para citar, como exemplo a ser seguido, a intenção do governo francês de recuar da atual jornada francesa de 36 horas autorizando as oitenta semanais, sem ao mesmo tempo preparar nas ruas brasileiras a mesma resposta dadas pelos trabalhadores franceses a tal insulto: manifestações massivas, greves poderosas e ocupações de fábricas e usinas. Construir a resistência socialista dos trabalhadores é urgente, o FORA TEMER segue como a grande bandeira de nossas trincheiras e a greve geral é a importante arma a ser devidamente carregada. Exatamente por isso defendemos que CUT, CTB, Intersindicais, Conlutas, MTST, Frente Povo Sem Medo avancem urgentemente e de forma unitária na construção de uma jornada nacional de lutas que permita parar o Brasil em uma grande greve geral em defesa dos direitos sociais e trabalhistas.

Reivindicamos que é preciso estar à altura dos desafios que nos impuseram e impõem as manifestações populares de junho de 2013, as crescentes greves de trabalhadores, as mobilizações feministas contra Cunha e sua turma, assim como o movimento de ocupações de escolas secundaristas. Afirmamos que é impossível resistir aos ataques seguindo marchando separadamente e nem muito menos é possível avançar na luta por mais direitos de tal maneira. Temos a clareza que também não é possível unificar sem a disposição ao debate, ainda que por vezes duro, mas sem jamais perder a ternura. Muito menos é possível sujeitar a necessidade de um bloco socialista de esquerda unicamente ao calendário eleitoral ou às campanhas salariais e de eleições sindicais. Defendemos inclusive que a unidade nas disputas eleitorais deva ser buscada mas temos clareza que tais disputas passam e a unificação das lutas e iniciativas seguirá como indispensável. Acreditamos que as iniciativas locais pela Frente de Esquerda precisam confluir para uma grande Frente Nacional que discuta seriamente a possibilidade de um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora.

Temos clareza que há muito a debater e muito por que lutar. Causas como a luta pelo jovem negro vivo, o orgulho LGBT, a batalha contra o machismo, a defesa do meio ambiente e o combate à crise hídrica em especial em nosso Estado, o fim da violência policial e da própria polícia militar, o direito à dignidade da população carcerária brasileira, a demarcação de terras indígenas e quilombolas, o direito à moradia e à reforma urbana, a luta antiproibicionista, a defesa do SUS, da previdência social, da educação pública e da universidade pública e gratuita são todas bandeiras que nos unificam e podem e devem nos levar à luta pelo fim do capitalismo e da construção do socialismo. Temos muito trabalho pela frente, muito tempo já perdemos e não temos mais um único minuto a perder.

É nesse espírito que convocamos todas e todos que acreditam ser necessário a construção de uma via socialista e revolucionária a somar esforços junto conosco.

Assinam:

Insurgência (PSOL)
LSR – Liberadade, Socialismo e Revolução (PSOL)
MAIS – Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista
NOS – Nova Organização Socialista
PCB – Partido Comunista Brasileiro

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