Mais de 180 países expressaram seu rechaço ao bloqueio estadunidense contra Cuba

Concebido desde quase o triunfo da Revolução, seu primeiro objetivo eracausar fome e sofrimento à população cubana, para que esta reagisse contraseu próprio governo e, desesperada, pedisse ajuda justamente aos seuscarrascos; como se os revolucionários da ilha fossem tolos e desconhecessema verdadeira procedência dos males que desumanamente lhes golpearamdurante todos esses anos.

Despojados de seus privilégios em terra alheia, os imperialistas ianquespensaram que, como nos ridículos filmes Hollywoodianos, ainda poderiamescrever um novo roteiro que lhes permitisse materializar suas ambiçõesparasitas. Mas se equivocaram, porque Cuba já havia decidido revolucionarseu sistema sociopolítico podre, existente até 1959, e a valente decisão não foicapricho temporal de um punhado de loucos, senão a legítima e acertadadeterminação de todo um povo.

Passado um tempo, os imperialistas se deram conta de que com o bloqueiocausava dano infinito ao rebelde povo cubano, mas também chegaram àconclusão de que, por inumana que fosse, sua obcecada política jamaisserviria para rendê-lo. Em todo caso, longe de anulá-lo, decidiram mantê-lo eendurecê-lo até limites insuspeitados. Bill Clinton, por exemplo, chegou aafirmar que o bloqueio é “um tolo e falido ato de proxenetismo”, mas não oeliminou, pelo contrário, em1996 assinou a Lei Helms-Burton. LawrenceWilkerson, que foi chefe de Gabinete (2002 – 2005) do ex-secretário de Estado,Colin Powell, expressou que “o embargo é um fracasso total a um grandecusto para o povo de Cuba e o povo dos Estados Unidos”. E o próprio Obama,quando era Senador por Illinois, em 2004, opinou que se devia “acabar oembargo contra Cuba” porque “havia fracassado absolutamente”. Hoje emdia, porém, o duro castigo que há cinco décadas ainda mantêm contraCuba, não pode ser por acharem que ainda possam “recuperá-la”, mas simaos sentimentos de ódio e vingança já mencionados mais acima, de umimpério que, decadente, se sente humilhado e ferido por não haver podidodobrar o pequeno país que durante quase sessenta anos e sempre medianteo uso da força, manteve a seus pés.

Este heróico povo com seu admirável comportamento foi, e é, exemplo vivopara os povos oprimidos, não só na América, mas de todo o mundo.Grandíssimo “pecado” que um império tão daninho e orgulhoso jamaispoderá “perdoar”. Diante da inutilidade de esperar um “indulto” por parte depessoas tão depreciáveis, o povo cubano sabe que somente cabe continuarcom a luta, aumentado-a na medida do possível. E a populaçãorevolucionária conhece muito bem as palavras que Antonio Maceo – até hojevigentes – escreveu em 14 de julho de 1896: “A liberdade se conquista com ofio do machete, não se pede: mendigar direitos é próprio de covardesincapazes de exercitá-los. Tampouco espero nada dos (norte) americanos:tudo devemos confiar a nossos esforços; melhor é subir ou cair sem ajuda quecontrair dívidas de gratidão com um vizinho tão poderoso”.

Cuba não está só em seu empenho, ainda que nem todos os apoios quereceba possam ser considerados provenientes de governos amigos, será vistoclaramente no próximo dia 28. Cuba nunca estará só em sua reivindicaçãopor justiça, por infinitas razões, mas fundamentalmente por duas delas: ashumildes sementes de sua política internacionalista, hoje, são plantas vigorosassolidamente enraizadas em numerosos países do mundo; e a segunda razão –associada de alguma maneira à primeira – é que a defesa de Cubarevolucionária é imprescindível para qualquer povo desejoso e necessitado deemancipação, e desgraçadamente são tantos os ultrajados e oprimidos!O bloqueio genocida privou Cuba de mais de 96 bilhões de dólares em todosesses anos, cifra que chegaria a 236.221 bilhões, se o cálculo fosse realizadocom os valores atuais do dólar; e se acrescentarmos os gastos gerados pelosinumeráveis atos de terrorismo perpetrados pela contra-revolução e a invasãomercenária de Playa Girón estaríamos nos referindo a mais de 300 bilhões dedólares. Um montante econômico muito importante que, bem gerenciado,podia ter evitado o enorme sofrimento causado por dez presidentes ianquesaos habitantes da ilha irredenta. A questão agora é se Obama se somará àsinistra lista ao fim de seu mandato, ou será durante o mesmo – ou os mesmos –que finalmente rompa com o estúpido costume. Por enquanto, apesar de suasuposta boa disposição e sob o ridículo argumento de trabalhar “no interessenacional dos Estados Unidos”, o passado 11 de setembro renovou as sanções.Aos que de maneira intencional tergiversam a realidade, culpando osocialismo cubano e sua Direção por males claramente provocados peloimpério, não lhes direi nada, nem sequer me incomodarei em mostrar-lhesdesprezo. Para os céticos sem malícia, que lamentavelmente ainda há emdemasia, fica aqui alguns exemplos ilustrativos que, na forma de grandesoutdoors e para todos aqueles que queiram lê-los, estão visíveis em diferenteslugares da ilha: Um dia de bloqueio equivale a 139 ônibus urbanos; umasemana, a 48 locomotivas; três semanas, aos materiais para terminar a rodovianacional de Cuba; cinco minutos, aos materiais docentes de um ano escolarem Cuba; duas horas, a todas as máquinas de braile que são necessárias emtoda a ilha; cinco horas de bloqueio equivalem aos dialisadores anuais paratodos os pacientes; doze horas, a toda insulina anual necessária para os 60.000pacientes de Cuba… E poderíamos continuar, já que a lista é interminável, masnão creio que seja necessário.

No próximo dia 28, mais de 180 países exigirão do império americano o fim dobloqueio contra Cuba. Consolidada tão importante demanda, para que estaseja realmente efetiva, talvez seja necessário exigir novos passos a seusrespectivos governos, se quiserem que a postura que neta quarta-feiraadotem seja crível.

A Carta Magna das nações Unidas não contempla nenhum direito a veto, jáque não menciona de jeito nenhum a regulação do Conselho de Segurança.Em todo caso, o que determina é a igualdade – sempre inexistente – de todasas nações e, além disso, proíbe o uso da força militar a não ser que esteja deacordo com o interesse de todos os países membros.xxxFaz-se urgente uma transformação radical da ONU; sua democratização éimprescindível, caso não queiramos que o desejo da maioria da organizaçãocaia na lata do lixo. Não devemos aceitar de nenhuma maneira que um sópaís possa oprimir a vontade de todos os demais. No ano passado, 185 paísesvotaram contra o bloqueio, e três, sendo que um deles com direito de veto,em favor de mantê-lo. Contudo, a de quarta-feira será uma vitória importantepara Cuba.