Atilio Borón e James Petras opinam sobre a morte de Osama Bin Laden e o papel dos Estados Unidos
O cientista político argentino, Atilio Borón, e o sociólogo norte-americano, James Petras, analisaram a morte de Bin Laden. Resumem Latinoamericano/La Radio del Sur – Para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a morte do líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden, é a melhor forma para lançar sua campanha de reeleição, afirmou nesta segunda-feira o cientista político e intelectual, Atilio Borón. Entrevistado pela Radio del Sur, o especialista acrescentou que a estratégia de Washington “é disseminar a ideia de que todos estão sob a pressão do terrorismo internacional”. Borón assinalou que, para Obama, “não há melhor maneira de lançar sua campanha para a reeleição presidencial que esta situação. É um grande golpe publicitário que pode ser convertido em um boomerang se não mostrarem as provas do assassinato de Bin Laden”. Da mesma forma, o cientista político assegurou que os Estados Unidos, longe de resolver o problema do terrorismo, abriram as portas para que “muitos fundamentalistas islâmicos” defendam “a memória de seu líder, a quem foi privado do rito do descanso eterno”. Ao referir-se a este tema, o sociólogo indicou que, como difundem os grandes meios, se o cadáver de Bin Laden foi jogado ao mar, isto é “um gesto condenável, irracional e insensato”. Para Borón, com este tipo de ações o império demonstra seu desprezo por outras culturas e pela justiça. O cientista político indicou que a política imperial continua sendo a mesma, já que “no passado foi a guerra do Vietnã, e agora são os conflitos do Iraque, Afeganistão, Líbia e Paquistão”. Borón também alertou sobre o avanço norte-americano na América Latina, sobretudo “devido aos problemas que tem o Oriente Médio”, razão pela qual aponta contra “os países que estão mais envolvidos com a emancipação, como a Venezuela, Nicarágua, Argentina, Bolívia, Cuba e Equador”. Por sua vez, o sociólogo norte-americano James Petras qualificou a operação dos Estados Unidos, no Paquistão, como um “esforço de relações públicas” e questionou a veracidade desta informação pela falta de provas que a demonstrem. “Ninguém, só um idiota pode acreditar nestes contos”, afirmou em uma entrevista para La Rádio del Sur, nesta segunda-feira, na qual destacou que existem circunstâncias muito questionáveis, “pois não existe nenhuma foto, nem vídeo deste suposto grande acontecimento para dizer que uma operação deste tipo é autêntica”. Recordou que, na maioria destes casos, costumam-se oferecer provas consistentes como imagens do cadáver, coisa que não aconteceu até agora, tornando o fato carente de prova, exceto pela questionável fotografia que alguns meios de comunicação paquistaneses difundiram, que mostra um indivíduo “bem mais jovem que Bin Laden”. O sociólogo se perguntou por que os norte-americanos lançaram tão rapidamente o corpo do líder da Al Qaeda e por que não ofereceram prova alguma. Questionou o argumento apresentado por Washington de fazer seu “enterro no mar” em 24 horas por um suposto respeito às tradições islâmicas. “Quando começaram a respeitar as tradições muçulmanas?”, questionou Petras. Manifestou, ademais, que as tropas norte-americanas não têm respeitado a cultura islâmica, nem no Afeganistão, nem no Iraque, com a destruição de seus edifícios religiosos. Petras desestimou o impacto da suposta morte nas operações da rede de Bin Laden, pois considerou a Al Qaeda como “uma coleção de organizações autônomas e dispersas em todo o mundo”, que possuem suas próprias estruturas e liderança. O sociólogo norte-americano ressaltou que a rede é uma “força menor nos locais mais conflituosos”, como no caso do Afeganistão, onde está o Talibán, que descreveu como uma organização “muito diferente”, por possuir uma estrutura de massas, quadros militares e pensamento próprio, “que está atuando com muita eficiência contra a ocupação” estrangeira. “Não há nenhum local onde a Al Qaeda seja um fator determinante nas rebeliões contra os países ocidentais e seus colaboradores”, asseverou. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou na noite do domingo a morte de Osama Bin Laden em uma operação executada por forças norte-americanas no Paquistão, onde foi violada a soberania desse país. Os Estados Unidos acusam o líder da Al Qaeda de ser o autor intelectual dos atentados de 11 de setembro de 2001 contra o World Trade Center,, em Nova York.
Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/index.php?option=com_content&task=view&id=2793&Itemid=39&lang=en
Traduzido por Valeria Lima