O Departamento de Estado disse hoje que está considerando “seriamente” classificar a Venezuela como um “estado terrorista”

O Departamento de Estado disse hoje que está considerando “seriamente” classificar a Venezuela como um “estado terrorista”.

Durante uma audiência hoje no Comitê de Relações Exteriores da Câmara de Representantes do Congresso dos Estados Unidos sobre “Atividades Sancionáveis na Venezuela”, congressistas democratas e republicanos pediram ao governo de Barack Obama que tome ações mais agressivas contra o governo de Hugo Chávez, na Venezuela. O chefe do Subcomitê de Relações Exteriores para o Hemisfério Ocidental, Connie Mack, republicano da Flórida, rotulou o governo venezuelano de “terrorista”, declarando que “é hora de atuar para conter a perigosa influência de Hugo Chávez e sua relação com o Irã”.

Mack é conhecido por sua postura raivosamente antichavista e tem peso no corpo legislativo devido ao seu alto cargo no Comitê de Relações Exteriores. Seus esforços junto à chefa do Comitê de Relações Exteriores, a republicana Ileana Ros-Lehtinen, conseguiram convencer a Casa Branca a impor sanções contra a empresa petroleira estatal Petróleos da Venezuela (Pdvsa), em 24 de maio passado. Mack declarou que sua única missão em 2011 é “ir por Hugo Chávez”.

A audiência de hoje, dedicada inteiramente à Venezuela, contou com a presença de altos funcionários do Departamento de Estado, do Departamento do Tesouro e da Oficina de Controle de Bens Estrangeiros. Em declarações ante o Comitê, o assistente Subsecretário de Estado para América Latina, Kevin Whitaker, revelou que a administração de Barack Obama está “considerando seriamente” classificar a Venezuela como um “estado terrorista”. “Nenhuma opção está fora da mesa e o Departamento continuará estudando qualquer ação adicional que possa ser necessária no futuro”, assinalou Whitaker.

As sanções impostas à Pdvsa, em 24 de maio, caíram dentro de uma lei de sanções contra o Irã (Iran Sanctions Act) dos Estados Unidos e incluíram a proibição de entrar em contratos com o governo estadunidense, o uso do banco de importações e exportações dos Estados Unidos e a aprovação de certas licenças tecnológicas. Essa ação hostil de Washington contra a Venezuela não teve maior impacto econômico contra o país sul-americano e sua empresa petroleira devido a que já não mantinha contratos com o governo estadunidense e nem créditos de seus bancos. As sanções não afetaram o importante fornecimento de petróleo da Venezuela para os Estados Unidos, nem à empresa venezuelana em território norte-americano, Citgo.

No entanto, as sanções tiveram um impacto na relação diplomática entre Caracas e Washington que, anteriormente, já estavam em um período de deterioração. Após essas últimas sanções agressivas, o governo venezuelano declarou que a relação com os Estados Unidos está “congelada”.

É perigoso fazer negócios com Pdvsa

Segundo o Departamento de Estado, as sanções contra a Pdvsa, apesar de que não causaram impacto econômico ao país, “dão uma mensagem ao mundo de que é perigoso fazer negócios com a Venezuela e com a Pdvsa”, indicando que, em um futuro próximo, Washington poderá atuar contra àqueles que assinem contratos ou acordos com empresas venezuelanas.

Sanções contra Conviasa

Os congressistas também exigiram ao Departamento de Estado impor sanções contra a linha aérea venzuelana Conviasa, devido ao que consideram seu “apoio ao terrorismo”, pois tem mantido um voo entre Caracas, Síria e Irã. Sem apresentar uma única prova, os congressistas disseram que esse voo, que já não está funcionando, “transportava material radioativo, armas, drogas e conhecidos terroristas do Hezbolá e do Irã”.

Para respaldar essa “acusação” perigosa, os congressistas citavam o jornal alemão, Die Welt, que havia publicado em dias anteriores que a Venezuela e o Irã estavam construindo uma base de mísseis na costa ocidental venezuelana para “atacar aos Estados Unidos”. Frente a essa falsa informação, o presidente Hugo Chávez mostrou imagens de uma fazenda de moinhos de vento no lugar onde as “fontes” do jornal alemão haviam indicado que estava situada a fictícia base militar iraniana.

Mais sanções

O Congresso também implorou ao Departamento de Estado que considere continuar aplicando mais sanções contra a Venezuela, incluindo “a proibição de importações dos Estados Unidos” e as “transações em dólares”. Os representantes da Casa Branca disseram que, apear de estar considerando o uso de mais ações contra o governo de Hugo Chávez, a quem consideram “um governo inimigo”, têm que levar em consideração o importante subministro de petróleo venezuelano, que constitui 15% das importações estadunidenses. Há dias, o presidente Barack Obama autorizou a exploração petroleira no Alasca, em uma zona protegida por sua riqueza ambiental, indicando que Washington está buscando primeiro assegurar suas necessidades energéticas antes de romper a relação com a Venezuela.

Sanções até hoje

Além das sanções impostas contra a Pdvsa no dia 24 de maio, Washington já havia tido outras ações agressivas contra o governo venezuelano. Em junho de 2006, classificaram a Venezuela como um país que “não coopera suficientemente com a luta contra o terrorismo” e impôs uma sanção, proibindo a venda à Venezuela de armamento dos Estados Unidos ou de qualquer empresa no mundo que utilize tecnologia estadunidense.

Desde 2005, Washington também classificou a Venezuela como país que não “coopera com a luta contra o narcotráfico”, o que deve levar uma sanção econômica contra o país sul-americano. No entanto, Washington esclareceu que, como a Venezuela não tem empréstimos dos Estados Unidos, o único apoio que poderia ser cortado seriam os milhões de dólares que entregam anualmente a grupos antichavistas no país caribenho, que, diariamente, trabalham para derrocar o governo de Chávez. Nessa sanção, incluíram uma exceção, dizendo que “não afetaria o apoio econômico ue os Estados Unidos outorga às organizações ‘democráticas’ da sociedade civil”, assegurando, assim, seu apoio contínuo para a desestabilização da Venezuela.

Em 2007, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos sancionou três altos funcionários do governo venezuelano, acusando-os de manter vínculos com o terrorismo e com o narcotráfico, mesmo sem nunca ter apresentado provas de tal acusação. Os funcionários incluídos foram o Diretor da Direção de Inteligência Militar, General Hugo Carvajal; o diretor de Serviços de Inteligência Bolivariana (Sebin), na época, General Henry Rangel e o Ministro do Interior e Justiça, na época, Ramón Rodríguez Chacín.

No ano seguinte (2008), o Departamento do Tesouro designou a dois venezuelanos, de origem síria, Fawzi Kam’na e Ghazi Nasr AL Din, de ser “terroristas”, por ter vínculos com o Hezbolá, grupo considerado terrorista pelos Estados Unidos.

Tudo indica que Washington continuará aumentando suas agressões contra a Venezuela, com próximas sanções e ações de isolamento.

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EUA querem sancionar a Conviasa; bloquear a Celac; satanizar a Venezuela

26 de junho de 2011.

A escalada de ataques por parte dos Estados Unidos contra a Venezuela inclui sancionar à estatal de transporte aéreo Conviasa como parte de um processo de satanizar a nosso país no plano internacional e, assim, evitar que no próximo 5 de julho se constitua a Comunidade de Estados Latino-americanos e do Caribe (Celac).

“Creio que vão sancionar a Conviasa e isso teria um impacto econômico porque seriam cancelados os vôos com a Espanha, por exemplo. Essa sanção implicaria em que Conviasa não poderá fazer transações em dólares e, por isso, não permitirão que os aviões dessa linha façam vôos por certos lugares”, afirmou a advogada Eva Golinger.

Assegurou que a Venezuela será objeto de mais sanções diplomáticas conforme se aproxime o dia 5 de julho, pois o imperialismo norte-americano tenta impor medo ao mundo sobre fazer negócios com a Venezuela.

“Eles estão em processo de satanizar a Venezuela não somente ante a opinião pública, mas com todos os que se relacionem conosco e isso tem a ver diretamente com a Celac e com todas as relações que a Venezuela tem com o mundo”, afirmou.

Sobre o anúncio que fez unilateralmente, o Congresso dos Estados Unidos, segundo o qual não descarta que a Venezuela seja incluída na lista de países que apóiam o terrorismo, Eva Golinger conclui: “O governo dos Estados Unidos jamais aceitará uma Revolução na Venezuela e menos ainda com o presidente Chávez. E eles continuarão fazendo o que puderem para destruir esse processo e tirr Chávez do cenário internacional, regional e nacional”, apontou.

Esclareceu que o anúncio foi convalidado por Congressistas democratas e republicanos, bem como por porta vozes do governo de Obama, mesmo que não tenham utilizado a mesma linguagem. “Era uma audiência com os congressistas junto com representantes do Departamento de Estado e com o Departamento do Tesouro e os que se encarregam de todo o tema do terrorismo, e todos estavam de acordo. Para mim, isso não é motivo de surpresa”.

Golinger ganhou o Prêmio Anibal Nazoa, menção investigação, por seus trabalhos sobre o financiamento do Departamento de Estado dos EUA aos grupos políticos de extrema direita na Venezuela, bem como a partidos políticos e a jornalistas