África: migrantes ou escravos?
Havana, 23 dez (Prensa Latina)
A mais recente denúncia de venda de escravos subsaarianos na Líbia comoveu à opinião pública mundial e continua impactando muitas reportagens de meios de comunicação, os quais assinalam que, em solo líbio, eram frequentes os leilões de cidadãos, em maior medida migrantes procedentes de África ao sul do Sahara, para realizar trabalhos na qualidade de escravos.
Essa possibilidade constitui uma nova versão do perigo ao qual se submetem os subsaarianos, que de alguma forma chegam a território da Líbia, advindos da ‘ponte’ para atingir a costa da Europa, que se tornou também teatro de operações de máfias acusadas de tráfico ilegal de seres humanos.
A imputação que concluiu em escândalo partiu de que, na gravação, apareciam vários cidadãos subsaarianos sendo leiloados (vendidos) a um comprador, que permanecia fora do foco captado pelo celular. Após muitas avaliações, precisou-se que o material se filmou no sul de Trípoli, a capital.
Segundo a emissora de televisão estadunidense CNN, esta venda de homens por uns 400 dólares cada, ocorre uma ou duas vezes ao mês, mas faltam muitos detalhes a respeito, devido ao secretismo de tais operações, que (institucionalmente) se presumia terem desaparecido e agora atualizam a decadência em que se acha a petroleira Líbia.
Depois do derrocada e assassinato do líder Muamar Gadafi, o país caiu no caos e isso conduziu à fratura do controle político-territorial, à multiplicação de grupos armados e ao aumento da delinquência, as quais se vinculam à perda de segurança, autoridade, soberania e a outras irregularidades envolvendo o trato com as pessoas.
O jornal Saturday Standard, de Kenya, publicou sua versão de um relatório de Inteligência, no qual se aludia a cinco nacionais que viajaram ‘desde a relativa tranquilidade de seus lares até o áspero mundo do mercado de escravos líbios’.
Os cinco homens emigraram através de uma rota de tráfico estabelecida por um dos grupos de contrabando mais conotados da Líbia, a chamada Rede Magafe. Assim partiram de Nairobi para cobrir um longo e complicado itinerário.
Depois de sair de Kenya chegaram a Uganda e depois a Juba, em Sudão do Sul e desde aí a Jartum, antes de entrar finalmente em território líbio, com o fim de somar-se à Jihad (guerra santa islâmica), mas, depois de cair na rede de tráfico humano, acabaram sendo vendidos como escravos.
“A rede Magafe atrai jovens desprevenidos e inocentes com o pretexto de oferecer emprego e dinheiro, enquanto outros se sentem atraídos pela narrativa de Jihad e a luta por um califado muçulmano”, acrescentou o relatório de Inteligência.
Eles – os cinco migrantes – descobriram que eram inúteis para o grupo terrorista e finalmente “se venderam nos mercados de escravos”. Acha-se que as consequências não só foram pela não adaptação às duras condições climáticas, mas também porque alguns deles queriam ter saído dessa armadilha, mas ninguém escapa. (Tomado de Semanário Ã’rbita)
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