Uma guerra “humanitária” à Síria?
“Quando retornei ao Pentágono em Novembro de 2001, um dos oficiais militares superiores teve tempo para uma conversa. Sim, ainda estamos em vias de ir contra o Iraque, disse ele. Mas havia mais. Isto estava a ser discutido como parte de um plano de campanha de cinco anos, disse ele, e havia um total de sete países, a principiar pelo Iraque e então a Síria, Líbano, Líbia, Irão, Somália e Sudão”. General Wesley Clark
Uma prolongada guerra no Médio Oriente e Ásia Central tem estado nos planos do Pentágono desde meados da década de 1980.
Como parte deste cenário de guerra prolongada, a aliança EUA-NATO planeia travar uma campanha militar contra a Síria sob um “mandato humanitário” patrocinado pela ONU.
A escalada é uma parte integral da agenda militar. A desestabilização de estados soberanos através da “mudança de regime” está estreitamente coordenada com o planeamento militar.
Há um roteiro militar caracterizado por uma sequência de teatros de guerra EUA-NATO.
Os preparativos de guerra para atacar a Síria e o Irão têm estado num “estado avançado de prontidão” durante vários anos. O “Syria Accountability and Lebanese Sovereignty Restoration Act” , de 2003, classifica a Síria como um “estado vilão”, como um país que apoia o terrorismo.
Uma guerra à Síria é encarada pelo Pentágono como parte da guerra mais vasta dirigida contra o Irão. O presidente George W. Bush confirmou nas suas Memórias que havia “ordenado ao Pentágono planear um ataque a instalações nucleares do Irão e [havia] considerado um ataque encoberto à Síria” ( George Bush’s memoirs reveal how he considered attacks on Iran and Syria , The Guardian, November 8, 2010)
Esta agenda militar mais vasta está intimamente relacionada com reservas estratégicas de petróleo e rotas de pipelines. Ela é apoiada pelos gigantes petrolíferos anglo-americanos.
O bombardeamento do Líbano em Julho de 2006 fez parte de um “roteiro militar” cuidadosamente planeado. A extensão da “Guerra de Julho” ao Líbano também à Síria foi contemplada pelos planeados militares estado-unidenses e israelenses. Ela foi abandonada após a derrota das forças terrestres israelenses pelo Hezbollah.
A guerra de Julho de 2006 de Israel contra o Líbano também pretendia estabelecer controle israelense sobre a linha costeira a Nordeste do Mediterrâneo incluindo reservas offshore de petróleo e gás em águas territoriais libanesas e palestinas.
Os planos para invadir tanto o Líbano como a Síria têm permanecido nas mesas de planeamento do Pentágono apesar da derrota de Israel na guerra de Julho de 2006. “Em Novembro de 2008, cerca de um mês antes de Tel Aviv ter começado o seu massacre na Faixa de Gaza, os militares israelenses efectuaram exercícios para uma guerra em duas frentes contra o Líbano e a Síria chamada Shiluv Zro’ot III (Crossing Arms III). O exercício militar incluiu uma maciça invasão simulada tanto da Síria como do Líbano” (Ver Mahdi Darius Nazemoraya, Israel’s Next War: Today the Gaza Strip, Tomorrow Lebanon? , Global Research, January 17, 2009)
A estrada para Teerão passa por Damasco. Uma guerra promovida pelos EUA-NATO contra o Irão envolveria, como primeiro passo, uma campanha de desestabilização (“mudança de regime”) incluindo operações de inteligência encoberta em apoio de forças rebeldes dirigida contra o governo sírio.
Uma “guerra humanitária” sob o lema de “Responsabilidade para proteger” (“Responsibility to Protect”, R2P) dirigida contra a Síria também contribuiria para a desestabilização em curso do Líbano.
Se se desenvolvesse uma campanha militar contra a Síria, Israel seria directa ou indirectamente envolvido nas operações militares e de inteligência.
Uma guerra à Síria levaria à escalada militar.
Há actualmente quatro diferentes teatros de guerra: Afeganistão-Paquistão, Iraque, Palestina e Líbia.
Um ataque à Síria levaria à integração destes teatros de guerra separados, conduzindo eventualmente a uma guerra mais vasta no Médio Oriente e Ásia Central, abarcando toda a região desde o Norte de África e o Mediterrâneo até o Afeganistão e o Paquistão.
O movimento de protesto agora em curso destina-se a servir de pretexto e justificação para uma intervenção militar contra a Síria. A existência de uma insurreição armada é negada. Os media ocidentais em coro descreveram os acontecimentos recentes na Síria como um “movimento de protesto pacífico” dirigido contra o governo de Bashar Al Assad, quando a evidência confirma a existência de uma insurgência armada integrada por grupos paramilitares islâmicos.
Desde o início do movimento de protesto em Daraa, em meados de Março, tem havido troca de tiros entre a polícia e as forças armadas por um lado e pistoleiros armados por outro. Actos incendiários contra edifícios governamentais também foram cometidos. No fim de Julho, em Hama, foi ateado fogo a edifícios públicos como o Tribunal e o Banco Agrícola. Notícias de fontes israelenses, se bem que descartando a existência de um conflito armado, reconhecem no entanto que “manifestantes [estavam] armados com metralhadoras pesadas s” ( DEBKAfile , August 1, 2001. Relatório sobre Hama, ênfase acrescentada)
“Todas as opções sobre a mesa”
Em Junho, o senador estado-unidense Lindsey Graham (que actuou no Comité de Serviços Armados do Senado) sugeriu a possibilidade de uma intervenção militar “humanitária” contra a Síria tendo em vista “salvar as vidas de civis”. Graham sugeriu que a “opção” aplicada à Líbia sob a resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU deveria ser considerada no caso da Síria.
“Se fez sentido proteger o povo líbio contra Kadafi, e fez porque estava em vias de ser massacrado não houvéssemos enviado a NATO quando ele estava nos arredores de Bengazi, a questão para o mundo [é], chegamos a esse ponto na Síria, …
Podemos ainda não estar aí, mas estamos a ficar muito próximos, de modo que se você realmente se importa acerca da protecção do povo sírio em relação à carnificina, agora é o momento de deixar Assad saber que todas as opções estão sobre a mesa” (CBS “Face The Nation”, June 12, 2011)
A seguir à adopção da Declaração do Conselho de Segurança da ONU referente à Síria (03/Agosto/2011), a Casa Branca apelou, em termos nada incertos, à “mudança de regime” na Síria e ao derrube do presidente Bashar Al Assad:
“Não queremos vê-lo permanecer na Síria a bem da estabilidade e, ao invés, nós o vemos como a causa da instabilidade na Síria”, disse o porta-voz da Casa Branca Jay Carney aos repórteres na quarta-feira.
“E pensamos, francamente, ser seguro dizer que a Síria seria um lugar melhor sem o presidente Assad”, (citado em Syria: US Call Closer to Calling for Regime Change, IPS, August 4, 2011)
Sanções económicas amplas muitas vezes constituem um sinal precursor da intervenção militar total. Uma lei patrocinada pelo senador Lieberman foi apresentada no Senado tendo em vista autorizar sanções económicas gerais contra a Síria. Além disso, numa carta ao presidente Obama no princípio de Agosto, um grupo de mais de sessenta senadores dos EUA apelava à “implementação de sanções adicionais… tornando claro para o regime sírio que ele pagará um custo cada vez maior pela sua repressão ultrajante”.
Estas sanções exigiriam bloquear transacções bancárias e financeiras bem como “acabar com compras de petróleo sírio e cortar investimentos no sector do petróleo e do gás da Síria”. (Ver Pressure on Obama to get tougher on Syria coming from all sides , Foreign Policy, August 3, 2011).
Enquanto isso, o Departamento de Estado dos EUA também se encontra com membros da oposição síria no exílio. Também foi canalizado apoio encoberto aos grupos armados rebeldes.
Encruzilhadas perigosas: Guerra à Síria. Cabeça de ponte para um ataque ao Irãn
A seguir à declaração de 3 de Agosto do presidente do Conselho de Segurança da ONU dirigida contra a Síria, o enviado de Moscovo junto à NATO, Dmitry Rogozin, advertiu dos perigos de escalada militar:
“A NATO está a planear uma campanha militar contra a Síria para ajudar o derrube do regime do presidente Bashar al-Assad com o objectivo de longo alcance de preparar uma cabeça de ponte para um ataque ao Irão…
“[Esta declaração] significa que o planeamento [da campanha militar} está a caminho. Ela poderia ser uma conclusão lógica daquelas operações militares e de propaganda, as quais têm sido executadas por certos países ocidentais contra a África do Norte”, disse Rogozin numa entrevista ao jornal Izvestia … O diplomata russo destacou o facto de que a aliança tem como objectivo interferir apenas com os regime “cujas visões não coincidem com aquelas do Ocidente”.
Rogozin concordou com a opinião expressa por alguns peritos de que a Síria e depois o Iémen poderiam ser os últimos passos da NATO no caminho para o lançamento de um ataque ao Irão.
“O nó corrediço em torno do Irão está a endurecer. O planeamento militar contra o Irão está em andamento. E nós certamente estamos preocupados acerca de uma escalada numa guerra em grande escala nesta enorme região”, disse Rogozin.
Tendo aprendido a líção líbia, a Rússia “continuará a opor-se a uma resolução violenta da situação na Síria”, disse ele, acrescentando que as consequências de um conflito de grande escala na África do Norte seriam devastadoras para todo o mundo. Beachhead for an Attack on Iran”: NATO is planning a Military Campaign against Syria , Novosti, August 5, 2011)
Planos militares para um ataque à Síria
A advertência de Dimitry Rogozin foi baseada sobre informação concreta conhecid e documentada em círculos militares, de que a NATO está actualmente a planear uma campanha militar contra a Síria. Em relação a isto, um cenário de ataque à Síria actualmente está em estudo, envolvendo peritos militares franceses, britânicos e israelenses. De acordo com antigo comandante da Força Aérea Francesa (chef d’Etat-Major de l’Armée de l’air) General Jean Rannou, “um ataque da NATO para incapacitar o exército sírio é tecnicamente factível”.
“Países membros da NATO começariam com a utilização de tecnologia de satélite para identificar defesas aéreas sírias. Poucos dias depois, aviões de guerra, em número maior do que na Líbia, decolariam da base do Reino Unido em Chipre e gastariam umas 48 horas destruindo mísseis terra-ar (SAMs) e jactos sírios. A aviação da Aliança começaria então um bombardeamento ilimitado de tanques sírios e tropas terrestres.
O cenário é baseado em analistas militares franceses, na publicação especializada britânica Jane’s Defence Weekly e na estação de TV Canal 10, de Israel.
Considera-se que a Força Aérea Síria represente uma ameaça pequena. Ela tem cerca de 60 MIG-20 de fabricação russa. Mas o resto – uns 160 MIG-21s, 80 MIG-23s, 60 MIG-23BNs, 50 Su-22 e 20 Su-24MKs – está ultrapassado.
… “Não vejo quaisquer problemas puramente militares. A Síria não tem defesa contra sistemas ocidentais … [Mas] seria mais arriscado do que a Líbia. Seria uma operação militar pesada”, disse Jean Rannou, ex-chee da Força Aérea Francesa, ao EUobserver. Acrescentou que a acção é altamente improvável porque a Rússia vetaria um mandato da ONU, os activos da NATO estão tensionados no Afeganistão e na Líbia e os países da NATO estão em crise financeira. (Andrew Rettman, Blueprint For NATO Attack On Syria Revealed , Global Research, August 11, 2011)
Um roteiro militar mais vasto
Se bem que a Líbia, a Síria e o Irão façam parte do roteiro militar, esta deslocação estratégica se executada ameaçaria também a China e a Rússia. Ambos os países têm investimento, comércio e acordos de cooperação militar com a Síria e o Irão. O Irão tem o estatuto de observador na Organização de Cooperação de Shangai (Shanghai Cooperation Organization, SCO).
A escalada é parte da agenda militar. Desde 2005, os EUA e seus aliados, incluindo os parceiros da América na NATO e Israel, foram envolvidos na instalação extensa e na acumulação de sistema de armas avançadas. Os sistemas de defesa aérea dos EUA, países membros da NATO e Israel estão plenamente integrados.
O papel de Israel e da Turquia
Tanto Ancara como Tel Aviv estão envolvidos no apoio à insurgência armada. Estes esforços são coordenados entre os dois governos e suas agências de inteligência.
O Mossad de Israel, segundo relatos, tem proporcionado apoio encoberto a grupos terroristas radicais Salafi, os quais se tornaram activos no Sul da Síria no início do movimento de protesto em Daraa em meados de Março. Relatos sugerem que o financiamento para a insurgência Salafi está a vir da Arábia Saudita. (Ver Syrian army closes in on Damascus suburbs , The Irish Times, May 10, 2011)
O governo turco do primeiro-ministro Recep Tayyib Erdogan está a apoiar grupos de oposição sírios no exílio e ao mesmo tempo também a apoiar os rebeldes armados da Fraternidade Muçulmana no Norte da Síria.
Tanto a Fraternidade Muçulmana síria (cuja liderança está exilada no Reino Unido) como o proibido Hizb ut-Tahrir (o Partido da Libertação) estão por trás da insurreição. Ambas as organizações são apoiadas pelo MI6 britânico. O objectivo confessado tanto da Fraternidade como do Hisb-ut Tahir é essencialmente desestabilizar o Estado secular da Síria. (Ver Michel Chossudovsky, SYRIA: Who is Behind the Protest Movement? Fabricating a Pretext for a US-NATO “Humanitarian Intervention” , Global Research, May 3, 2011).
Em Junho, tropas turcas transpuseram a fronteira e entraram no Norte da Síria, oficialmente para resgatarem refugiados sírios. O governo de Bashar Al Assad acusou a Turquia de apoiar directamente a incursão de forças rebeldes no Norte da Síria.
“Uma força rebelde de mais de 500 combatentes atacou uma posição do Exército sírio dia 4 de Junho no Norte da Síria. Eles disseram que o objectivo, uma guarnição da Inteligência militar, foi capturada num assalto de 36 horas no qual foram mortos 72 soldados em Jisr Al Shoughour, próximo à fronteira com a Turquia.
“Descobrimos que os criminosos [combatentes rebeldes] estavam a utilizar armas da Turquia e isto é muito preocupante”, disse um oficial.
Isto assinalou a primeira vez que o regime Assad acusou a Turquia de ajudar a revolta. … Oficiais disseram que os rebeldes pressionaram o Exército sírio desde Jisr Al Shoughour e então tomaram a cidade. Disseram que edifícios governamentais foram saqueados e queimados antes da chegada de outra força de Assad. …
Um oficial sírio que conduziu a operação disse que os rebeldes em Jisr Al Shoughour consistiam de combatentes alinhados com a Al Qaida. Afirmou que os rebeldes empregaram um conjunto de armas e munições turcas mas não acusou o governo de Ancara de fornecer o equipamento”. ( Syria’s Assad accuses Turkey of arming rebels , TR Defence, Jun 25 2011)
O acordo de cooperação militar Turquia-Israel
A Turquia e Israel têm um acordo de cooperação militar o qual está ligado de um modo muito directo com a Síria bem como com a estratégica linha costeira sírio-libanesa do Mediterrâneo oriental (que inclui as reservas de gás no offshore da costa do Líbano e rotas de pipelines).
Já durante a administração Clinton, iniciou-se uma aliança militar triangular entre os EUA, Israel e Turquia. Esta “tripla aliança”, a qual é dominada pela US Joint Chiefs of Staff, integra e coordena decisões de comando militar entre os três países relativas ao conjunto do Médio Oriente. É baseada nos estreitos laços militares respectivamente de Israel e Turquia com os EUA, a par de um forte relacionamento bilateral entre Tel Aviv e Ancara.
A tripla aliança também é complementada pelo acordo de cooperação militar NATO-Israel de 2005, o qual inclui “muitas áreas de interesse comum, tal como o combate contra o terrorismo e exercícios militares conjuntos. Estes laços de cooperação militar com a NATO são encarados pelos militares israelenses como meios para “potenciar a capacidade de dissuasão de Israel em relação a potenciais ameaças inimigas, principalmente do Irão e da Síria”. (Ver Michel Chossudovsky, “Triple Alliance”: The US, Turkey, Israel and the War on Lebanon, August 6, 2006)
Enquanto isso, o recente remanejamento de altas patentes da Turquia reforçou a facção pró islâmica no interior das forças armadas. No fim de Julho, o Comandante em Chefe do Exército e chefe da Joint Chiefs of Staff da Turquia, general Isik Kosaner, resignou juntamente com os comandantes da Marinha e Força Aérea.
O general Kosaner representava uma posição amplamente laica dentro das Forças Armadas. Para substituí-lo o general Necdet Ozel foi nomeado como comandante do Exército.
Estes desenvolvimentos são de importância crucial. Eles tendem a apoiar interesses dos EUA. Eles também apontam para uma mudança potencial dentro das forças armadas em favor da Fraternidade Muçulmana incluindo a insurreição armada no Norte da Síria.
“Novas nomeações fortaleceram Erdogam e o partido dominante na Turquia… O poder militar é capaz de executar projectos mais ambiciosos na região. Prevê-se que em caso de utilização do cenário líbio na Síria seja possível que a Turquia peça intervenção militar”. ( New appointments have strengthened Erdogan and the ruling party in Turkey: Public Radio of Armenia , August 06, 2011, ênfase acrescentada)
A extensa Aliança Militar da NATO
O Egipto, os estados do Golfo e a Arábia Saudita (dentro da aliança militar estendida) são parceiros da NATO, cujas forças podiam ser deslocadas numa campanha dirigida contra a Síria.
Israel é um membro da NATO de facto após o acordo assinado em 2005.
O processo de planeamento militar dentro da aliança extensa da NATO envolve coordenação entre o Pentágono, a NATO, as Forças Armadas de Israel (IDF), bem como o envolvimento militar activo de estados árabes, incluindo Arábia Saudita, os estados do Golfo e o Egipto: ao todo, dez países árabes mais Israel são membros do The Mediterranean Dialogue e da Istanbul Cooperation Initiative.
Estamos em encruzilhadas perigosas. As implicações geopolíticas são de extremo alcance.
A Síria tem fronteiras com a Jordânia, Israel, Líbano, Turquia e Iraque. Ela estende-se através do vale do Eufrates, está nos cruzamentos dos principais cursos de água e rotas de pipelines.
A Síria é uma aliada do Irão. A Rússia tem uma base naval no Noroeste da síria (ver mapa).
O estabelecimento de uma base em Tartus e o avanço rápido da cooperação em tecnologia militar com Damasco torna a Síria cabeça de ponte instrumental da Rússia e um baluarte no Médio Oriente.
Damasco é um aliado importante do Irão e inimigo irreconciliável de Israel. Não é preciso dizer que o surgimento da base militar russa na região certamente introduzirá correcções na correlação de forças existente.
A Rússia está a tomar o regime sírio sob a sua protecção. Isso quase certamente azedará as relações de Moscovo com Israel. Pode mesmo encorajar o vizinho regime iraniano e torná-lo menos manejável nas conversações do programa nuclear. (Ivan Safronov, Russia to defend its principal Middle East ally: Moscow takes Syria under its protection , Global Research July 28, 2006)
Cenário III Guerra Mundial
Durante os últimos cinco anos, a região Médio Oriente-Ásia Central tem estado em pé de guerra.
A Síria tem capacidades de defesa aérea significativas, assim como de forças terrestres.
A Síria tem estado a reforçar seu sistema de defesa aéreo com a entrega de mísseis russos Pantsir S1. Em 2010, a Rússia entregou à Síria o sistema míssil Yakhont. Os Yakhont, a operarem na base naval Tartus, da Rússia, “são concebidos para combaterem navios do inimigo à distância de até 300 km”. ( Bastion missile systems to protect Russian naval base in Syria , Ria Novosti, September 21, 2010).
A estrutura das alianças militares dos lados EUA-NATO e Síria-Irão-SCO, respectivamente, sem mencionar o envolvimento militar de Israel, o complexo relacionamento entre a Síria e o Líbano, as pressões exercidas pela Turquia na fronteira Norte da Síria, apontam iniludivelmente para um perigoso processo de escalada.
Qualquer forma de intervenção militar patrocinada pelos EUA-NATO contra a Síria desestabilizaria toda a região, conduzindo potencialmente à escalada numa vasta área geográfica, estendendo-se desde o Mediterrâneo Oriental até a fronteira Afeganistão-Paquistão com o Tajiquistão e a China.
No futuro próximo, com a guerra na Líbia, a aliança militar EUA-NATO está excessivamente tensa em termos de capacidades. Apesar de não prevermos a implementação de uma operação militar EUA-NATO no curto prazo, o processo de desestabilização política através do apoio encoberto a uma insurgência rebelde provavelmente continuará.
09/Agosto/2011
Muitas das questões levantadas no artigo acima são analisadas em pormenor no mais recente livro de Michel Chossudovsky:
Towards a World War Three Scenario, The Dangers of Nuclear War
E-Book Series No. 1.0, Global Research Publishers, Montreal, 2011, ISBN 978-0-9737147-3-9, 76 pages (8.5×11)
The CRG grants permission to cross-post original Global Research articles on community internet sites as long as the text & title are not modified. The source and the author’s copyright must be displayed. For publication of Global Research articles in print or other forms including commercial internet sites, contact: publications@globalresearch.ca
O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=25955
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .