A cada 6 horas uma pessoa é morta pela polícia do Rio de Janeiro

imagemAmanda Navarro

DIÁRIO LIBERDADE

Em 7 meses de intervenção federal no Rio de Janeiro, foram contabilizadas 895 mortes por intervenção policial: o maior número de mortes desde 2003.

Desde que a Intervenção Federal no Rio de Janeiro foi decretada por Michel Temer, o cenário da cidade carioca é cada vez mais calamitoso: nos 7 meses em que as forças armadas estão nas ruas do Rio de Janeiro já foram registradas 895 mortes por confronto policial. O cenário carioca brutal: é como se fossem mortos pela polícia uma pessoa a cada 6 horas.

O Estado do Rio de Janeiro vem sendo o mais sensível à crise que o país enfrenta e a “segurança pública” é um dos principais temas de debate, como se mostram na corrida eleitoral deste ano. As operações policiais nas favelas cariocas arrancam vidas todos os dias: recentemente, o adolescente Marcos Vinícius, foi acertado na barriga por uma bala disparada por um policial em um blindado. A morte de Marcos e de muitos outros jovens negros das favelas cariocas mostram que não há discurso sobre “segurança” ou guerra às drogas nas balas das policias e do exército.

A vereadora Marielle Franco (PSOL) assassinada numa rua movimentada do Rio de Janeiro durante a madrugada, também mostra a falência deste modelo de “segurança” e da guerra às drogas. Marielle denunciava a violência policial nas favelas cariocas e foi friamente assassinada. Até hoje, mais de 150 dias após a morte de Marielle o caso permanece sem respostas: Estado não solução ao seu brutal assassinato e há suspeita de envolvimento do MDB, mostrando ainda mais o cenário de violência no Rio e a ligação entre as polícias, milícias, tráfico e o Estado.

Segundo o Instituto de Segurança Pública, a cada 9 mortes uma ocorreu na região de São Gonçalo: o aumento foi de 89% quando comparado à anos anteriores. Em seguida, encontra-se Duque de Caxias, com 84 casos e Queimados, com 74 casos. O número de mortes por intervenção policial é o maior desde 2003.

imagemMortes por intervenção policial no Rio. Fonte: O Globo

Os trabalhadores e jovens, em particular negros, são os que mais sofrem com a suposta guerra ao tráfico declarada pelo Estado, que utiliza de todo seu aparato repressivo para encarcerar e assassinar a população. Além das milícias presentes nas favelas disputando poder e fazendo vítimas, controlando grande parte do Rio de Janeiro, chegando até mesmo a cobrar taxas da população para que tenham acesso à água, na Zona Oeste do Rio. A relação entre o Estado, a milícia e a polícia é mais íntima e complexa do que parece. O assassinato de Marielle, Anderson, Marcos Vinícius e muitas outras vítimas do cotidiano de ação das policias e milicias tem como culpado o Estado, que se utiliza dos aparatos repressivos, garantindo espaço para outras organizações repressivas como as milícias, que aterrorizam a vida da população periférica carioca.

A crise que enfrenta a cidade carioca, que vem lavado suas ruas de sangue negro exige um programa capaz de encarar as raízes do problema da violência no Rio, que não passa por aumentar policiamento, reforçar a inteligência policial ou colocar o exército nas ruas, e sim, combater toda à miséria que está exposta a população, através da legalização das drogas e do não pagamento da dívida pública, capaz então de destinar recursos à saúde e educação, e todos os demais campos que possam reestruturar e tirar milhares de jovens e trabalhadores das condições impostas pelo capitalismo.

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