Contra todo tipo de violência capitalista e patriarcal

imagemCoordenação Nacional do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro

Nós feministas classistas entendemos que a classe trabalhadora é plural e dinâmica, e que diversos tipos de opressões se somam e se potencializam em seu seio. Sabemos que a luta contra a opressão de classe deve sempre contemplar a luta contra todo e qualquer tipo de opressão.

Mulheres lésbicas, bissexuais e trans são duplamente castigadas pelo capitalismo e pelo patriarcado por não se encaixarem na norma da família tradicional burguesa. Seus afetos, sua sexualidade e sua existência são condenados e invisibilizados em nome da manutenção de uma ordem idealizada e castradora de mulheres e de sua autonomia.

Também dentro de alguns círculos ditos revolucionários estas mulheres são caladas na especificidade de suas opressões. A pecha do identitarismo é utilizada como mais uma maneira de silenciar mulheres trabalhadoras nas suas lutas por sobrevivência e autodeterminação.

Enquanto feministas classistas, entendemos que é nosso dever abraçar a causa das camaradas lésbicas, bissexuais e trans como parte ESSENCIAL da nossa luta. Repudiamos qualquer forma de discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, e tomamos isso também como bandeira de luta contra o patriarcado e contra o capitalismo.

LUTA ANTIFASCISTA E FEMINISMO

Recentemente, o fascismo voltou a ser pauta de intenso debate na sociedade. No entanto, muitas vezes se fala sobre o tema ignorando o seu caráter de classe e o projeto de sociedade a que está associado. O fascismo é uma face do capitalismo, é uma escolha da burguesia e do liberalismo em conjunturas de crise profunda, que tem características sociais, econômicas, culturais e políticas próprias e atua para a manutenção dos privilégios e dos lucros do capital. O Irracionalismo, o conservadorismo, o racismo e a violência se elevam na mesma medida em que é aplicada a agenda econômica a serviço do capital.

No Brasil, diante do quadro de agravamento da crise assistimos nos últimos anos a ascensão de setores de extrema direita com tendências fascistizantes, processo aprofundado nos dois anos de governo Bolsonaro-Mourão. Caminhando no sentido de transformar a retórica neofascista e alguns de seus elementos em políticas de governo, Bolsonaro avança na perseguição aos movimentos sociais, no ataque e tentativas de constrangimento aos demais poderes, no cerceamento aos meios de comunicação, na criminalização dos militantes de esquerda e no fortalecimento e amparo legal para a realização de ações violentas por parte das forças policiais. Tudo isso, garantindo e sustentando a agenda ultraneoliberal de destruição de direitos, que atacam nossas vidas e futuro das próximas gerações.

Afirmamos sempre e não podemos deixar de dizer: somos nós, mulheres, quem sentimos mais fortemente os avanços desse movimento político anticlasse trabalhadora. Construímos resistência recentemente nos atos antirracistas e antifascistas, e mesmo em meio a pandemia não permanecemos inertes. Nunca na história isso aconteceu.

Relembramos que sem as mulheres seria impossível vencer o nazismo e o fascismo que avançaram nos países no século XX com o apoio das burguesias nacionais. Milhares de mulheres, combatentes, atiradoras, ocuparam as trincheiras da guerra, lado a lado com os homens, para destruírem juntos, de armas na mão, a ameaça fascista.

#feminismoclassista