Dezembro vermelho: a revolução dos trabalhadores russos

Em 7 e 8 de dezembro de 1905, uma greve operária de grandes proporções toma a cidade de Moscou: cerca de um milhão de pessoas sai às ruas em manifestações pacíficas.

Em 9 de dezembro, durante o dia, os dragões da cavalaria atacam os participantes de uma assembleia, realizada na Praça Stratsnaia. À noite, com a demolição da Casa do Violino, cresce a exasperação.

A massa desorganizada pelas ruas começa a levantar as primeiras barricadas, de modo inteiramente espontâneo e ainda de forma insegura. Em 10 de dezembro, a artilharia começa a disparar nas ruas contra as barricadas e as assembleias populares. Toda a população encontra-se nas ruas!

Nos principais bairros, a cidade inteira é coberta por uma rede de barricadas.

Durante alguns dias, desenvolve-se uma desesperada ação de guerrilheiros, travada entre os grupos de luta e as tropas governamentais. Que foram desmoralizadas durante o levante, Dubassov é levado a implorar por reforços.

Apenas em 15 de dezembro, as tropas oficiais alcançam uma superioridade decisiva e, em 17 do mesmo mês, o Regimento Semionovsky captura a região metropolitana de Presnia, última fortaleza da insurreição.

Passaram da greve e das manifestações às barricadas avulsas, destas à massiva formação de barricadas e às lutas de rua, travada contra as tropas.

Por além da cabeça das organizações, transitou a luta de massas do proletariato, indo da greve à insurreição.

Nisso reside a maior de todas as conquistas históricas alcançadas em dezembro de 1905, uma conquista que, tal qual todas as precedentes, obteve-se ao preço de grandes sacrifícios.

Partindo da greve política de massas, o movimento elevou-se a um nível superior.

Forçou a reação a prosseguir até o último limite, aproximando-se, assim, com passos imensos, do momento em que a revolução passaria ao uso dos meios de ataque, atingindo, igualmente, o último limite.

A reação não pode ir além do bombardeio da artilharia contra barricadas, casas e massas populacionais, situadas nas ruas.

A revolução pode ir mais além, até o combate dos grupos de luta de Moscou.

Pode ir muito mais além, em profundidade e amplidão.

E, desde dezembro, a revolução seguiu adiante.

A base da crise revolucionária tornou-se incomensuravelmente mais larga: o calibre de sua arma tem de tornar-se, agora, muito mais pesado.

O proletariado sentiu, antes mesmo de seus dirigentes, a mudança das condições objetivas da luta, a qual exigia a transição da greve à insurreição.

Como sempre, a prática precede à teoria.

A greve pacífica e as manifestações logo deixaram de satisfazer os trabalhadores.

Perguntavam-se, exigindo intervenção mais ativa: E agora, o que mais vamos fazer?

A orientação para levantar barricadas chegou aos bairros distantes com um atraso monumental, em um momento em que, no centro, já haviam sido erigidas as primeiras delas.

Os trabalhadores dedicaram-se, em massa, a esse trabalho.

Não se dando, porém, por satisfeitos, perguntavam-se : “E agora, o que mais vamos fazer ?”, exigindo intervenção ainda mais ativa.

A narrativa acima recria a tensão crescente, mobilização e destemor que levaram à célebre Revolução Russa de 2005, que chegou ao seu auge em 7 de dezembro.

Alguns episódios dessa longa insurreição foram retratados em “Encouraçado Potemkin”, obra-prima do cinema mundial dirigida por Sergei Mikhailovich Eisenstein.

Fonte: A arte proletária da Insurreição Socialist

http://www.diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=22358