Basta de genocídio da juventude negra e periférica!
Em duas semanas, 43 pessoas são mortas no Rio de Janeiro
A cada 23 minutos, uma pessoa negra é assassinada no Brasil. Em média, a taxa de homicídios, quando relacionada à população negra, é 23,5% maior quanto à incidência em pessoas brancas.
Em uma semana e meia, no Rio de Janeiro, ocorreram 43 mortes, sendo 42 em decorrência de incursões realizadas pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Estes dados pautados evidenciam uma assombrosa correlação entre estas mortes: um projeto [político] em curso, guiado pelo genocídio da juventude negra e periférica, enquanto tática explícita de extermínio pelo Estado.
É sabido que, com a ascensão dos governos neoliberais de caráter neofascista, os primeiros alvos a serem atingidos são a população negra e periférica, e suas comunidades e subúrbios onde habitam. O pretexto da Guerra às Drogas, falseado numa esperança quase que ilusória e ao mesmo tempo subserviente aos ideais da classe dominante, em prol da acumulação primitiva do capital, que utiliza do mesmo para lucrar com este projeto [político], é o principal responsável por estas incursões em comunidades, as quais servem de laboratório para as mais cruéis políticas de extermínio capitaneadas pelo neoliberalismo.
O Estado, por sua vez, neste esquema premeditado, atua como o operador desta ordem, disponibilizando seus aparelhos repressivos (Polícias Militares e Civis e Forças Armadas), garantindo a eficácia deste projeto que agora pode ser chamado de político-econômico, como a intervenção federal no Rio de Janeiro, onde a taxa de homicídios aumentou em mais de 30%. A instância jurídica, por sua vez, também se beneficia do racismo estrutural, servindo de manutenção para o encarceramento em massa da população negra e pobre, abrindo caminho para a exploração da indústria do encarceramento.
A morte de Pedro Henrique Gonzaga, estrangulado após receber um ‘mata-leão’ por parte de um segurança terceirizado num supermercado no Rio, baseada numa acusação de roubo, é mais um exemplo das consequências diretas e fatais deste projeto de criminalização e genocídio, que a cada dia se aprimora de táticas mais ostensivas e diretas. O Estado burguês, enquanto agente, há de ser responsabilizado por estas 43 mortes trágicas, pelo seu papel ideológico e físico. A alternativa a ser encarada é a de que as transformações necessárias para encerrar este projeto devem ir ao encontro das transformações estruturais, fora da amplitude da ordem capitalista e burguesa.
O CMNO-RJ manifesta extremo pesar pelas 43 vidas retiradas nestas primeiras semanas de fevereiro e repúdio aos acontecimentos, assim como repúdio aos agentes causadores destas tragédias.
Pelo fim do genocídio e a criminalização da juventude negra e periférica!
Rio de Janeiro, 16/02/2019
Coletivo Negro Minervino de Oliveira – RJ