Justiça para Marielle e Anderson! basta de genocídio do povo negro!

imagemPedro Monnerat – militante do PCB de Nova Friburgo/RJ

Há um ano, em 14 de março de 2018, foram assassinados no Rio de Janeiro a Vereadora MARIELLE FRANCO e o seu motorista Anderson Gomes. O crime, brutal e covarde, buscava silenciar uma incansável defensora de DIREITOS humanos, das mulheres, dos LGBT e das camadas mais humildes da sociedade, as quais, especialmente nas comunidades pobres do Rio, sofrem com diversos tipos de violência em seu cotidiano, numa guerra civil permanente que extermina diariamente vários trabalhadores e seus filhos, especialmente negros e favelados.

Nascida, criada e reconhecida no Complexo de Favelas da Maré, a Vereadora ganhou destaque no combate às milícias, grupos de ex-agentes de segurança pública que, armados, dominam, exploram e chantageiam os moradores da região, os quais são obrigados a pagar por uma suposta “proteção” comunitária e outros serviços ali monopolizados pelos milicianos, como fornecimento de água, luz, gás, TV a cabo etc. Nos últimos anos, representantes desses grupos violentos têm sido eleitos, mediante coação e compra de votos, para ocupar cargos políticos diversos (vereador, deputado, senador…) e ampliado os empreendimentos criminosos das diversas milícias que atuam em diversas localidades.

Justamente por denunciar e enfrentar o poder dessas milícias, MARIELLE e seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados, num crime cujas investigações apontam para dois policiais com forte atuação na 41º Batalhão da PM carioca, unidade que MAIS MATA no RJ e que se notabilizou por crimes bárbaros como o assassinato da juíza Patrícia Acioli em 2011 e da auxiliar de serviços Claudia Silva em 2014, esta última baleada e arrastada pelas ruas da cidade pelo próprio camburão policial em que estavam seus assassinos. Os crimes contra as três mulheres representam bem a perversidade dos criminosos, os quais aterrorizam e executam moradores pobres como Cláudia e buscam silenciar quem luta por Justiça, como Patrícia e Marielle.

Em 2019, o genocídio da população negra nas favelas e a morte de quem a defende se apresentam ainda mais preocupantes: o atual presidente, Jair Bolsonaro, e seu ministro da Justiça, Sérgio Moro, defendem em seu novo “pacote anticrimes” que a PM tenha carta branca para matar possíveis suspeitos sob grotescas justificativas vagas e subjetivas, como “medo, surpresa ou violenta emoção”, critérios que prometem aumentar ainda mais ocorrências de abuso policial e extermínios encomendados. No entanto, dentre suas promessas, as autoridades federais não se comprometem em combater as milícias, muitas das quais sempre encontraram elogios, homenagens e até mesmo emprego para amigos e parentes próximos nos gabinetes de Flávio e Jair Bolsonaro quando eram deputados estadual e federal, respectivamente. Sobre o atual presidente, ainda recai o agravante de ser (no mínimo) conhecido dos dois policiais presos pela morte de MARIELLE, haja visto que tem fotos com um e era vizinho do outro. Nada de novo para quem já defendera grupos de extermínio no plenário da Câmara de Deputados em anos passados.

A terrível relação, já comprovada, entre políticos e milicianos se agrava dramaticamente, de forma acelerada, e parece reforçar as possibilidades de violência policial num país cuja PM já mata e morre como em nenhum outro lugar do planeta. Tais fatores, somados, enchem de preocupação aqueles que defendem os direitos humanos e a justiça social, bem como aqueles que, por qualquer motivo que seja, se opõem ao próprio presidente, o qual estimula o armamentismo e defende cegamente os excessos cometidos pelas Forças Armadas e pelas polícias, dentro das quais existem aqueles que, muitas vezes, buscam retribuir o apoio reprimindo quem critica o atual governo, como se viu recentemente em Nova Friburgo (RJ), onde um pacífico grupo de carnaval da esquerda local foi covardemente agredido por alguns agentes da Polícia Militar, fato que expõe ainda mais o contexto de abuso de autoridade, censura, repressão política e violência por parte de quem deveria proteger os cidadãos.

As novidades propostas por Bolsonaro e Moro surgem como um terrível horizonte que pode fazer sangrar ainda mais as comunidades pobres, os defensores de direitos humanos e os opositores do raivoso governo bolsonarista. É fundamental que, um ano após a morte de MARIELLE, sua luta e seu legado estampem nossas bandeiras de luta contra o Estado policial violento, miliciano e corrupto que hoje assola o país e ameaça de forma ainda mais drástica as liberdades democráticas no Brasil, já tão atacadas nos últimos anos.

As relações promíscuas entre políticos e milicianos precisa ser combatida pelos órgãos competentes mediante forte pressão popular, já que sem ela as investigações travam ou se desviam, contribuindo para que até hoje, UM ANO APÓS O ASSASSINATO POLÍTICO DE MARIELLE, os mandantes do crime não tenham sido apresentados, presos nem sentenciados. Além disso, é fundamental que se mobilize a sociedade contra o vexatório pacote “anticrimes” proposto por Sérgio Moro, que deveria tê-lo chamado de pacote “antipobres”, já que põe sob sua mira os menos favorecidos, especialmente negros, negras, favelados e faveladas, enquanto protege a sanha assassina dos grupos de extermínio milicianos que Bolsonaro sempre admirou de forma confessa.

Por todo o Brasil, gritamos juntos: – QUEM MANDOU MATAR MARIELLE E ANDERSON? – QUAL É EXATAMENTE A RELAÇÃO DO CLÃ BOLSONARO COM AS MILÍCIAS? – NÃO À “LICENÇA PARA POLÍCIA MATAR” DE SÉRGIO MORO. – ABAIXO A CENSURA E A REPRESSÃO POLÍTICO-POLICIAL! – NÃO À REFORMA DA PREVIDÊNCIA, QUE SACRIFICA AINDA MAIS OS TRABALHADORES. – FORA, BOLSONARO! – PELO PODER POPULAR!