Um bloqueio à fraude do diálogo

Com uma mobilização dinâmica na quarta-feira (18/Janeiro), federações e sindicatos com orientação de classe congregados pela Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME) arruinaram o “encontro” anti-trabalhador dos chamados “parceiros sociais”.

Através de comício em massa, que organizaram de surpresa nos gabinetes onde o dito “diálogo” estava a ter lugar, as federações e sindicatos com orientação de classe impediram o início do “diálogo social”, o qual havia sido agendado pela liderança sindical comprometida do GSEE (a qual é controlada pelos sociais-democratas, extremistas de direitas e oportunistas) e as organizações dos capitalistas (a Federação de Empresas Helénicas, SEV, etc) e tinha como objectivo a “execução” de quaisquer direitos dos trabalhadores que tenham permanecido a fim de fortalecer a competitividade do capital.

O ministro do Trabalho, G. Koutroumanis, foi extremamente claro na sua declaração quanto à extensão dos retrocessos anti-trabalhadores que estavam a ser preparados através deste diálogo: “Será possível para o Ministério do Trabalho proibir os parceiros sociais de porem sobre a mesa todas as questões que quiserem?” Aqui está uma pequena selecção do que fora posto sobre a mesa no dito “diálogo social”: um congelamento salarial durante dois anos, restrições dos bónus sazonais, isenção para o patronato de até 15% das contribuições de segurança social que entregam para os trabalhadores, o aumento automático correspondente dos seus lucros juntamente com uma redução de 5% do imposto de negócios.

Os manifestantes do PAME permaneceram longo tempo do lado de fora do edifício, assim como dentro da sala de conferência, onde os representantes dos patrões e burocratas sindicais já se haviam reunido, forçando-os a romper o “diálogo” e retirar-se da sala de conferência. Dentre os slogans foi ouvido: “Os trabalhadores não são um custo, os capitalistas parasitas são”; “Guerra de classe, aqui e agora”. É significativo que o presidente da confederação patronal SEV tenha fugido da reunião.

Não é de modo algum acidental que a SEV na sua declaração atacasse o KKE, tendo como alvo as secções da classe trabalhadora e popular que estão a combater as medidas bárbaras e mostram tendências de emancipação da linha política do capital e dos seus partidos. O SEV apelou a “todas as forças políticas e particularmente os partidos da esquerda democrática mais ampla a condenarem sem reservas o KKE e práticas que nos querem levar (via PAME) por um caminho violento de volta a um período que pertence definitivamente ao passado”, acrescentando que “a reacção alérgica que o diálogo social obviamente provoca no KKE – assim como a toda forma de diálogo – revela sua obsessão com métodos e tácticas estalinistas”. O GSEE divulgou uma declaração semelhante.

Resposta do KKE: A classe burguesa é um parasita que impede o desenvolvimento social

O KKE respondeu imediatamente ao ataque anti-comunista da SEV, mencionando entre outras coisas: “o raivoso assalto dos representantes dos industriais ao KKE é natural de um ponto de vista de classe. O que eles querem, juntamente com partidos e colaboradores sindicais, é uma classe trabalhadora submissa, a dizer “mate-me e eu irei para o céu”. Isto explica a extensão do seu ódio, quando o KKE e o PAME apelam à classe trabalhadora para que se levante e impeça a erradicação dos seus benefícios básicos, que acabe com os seus sacrifícios para os lucros dos seus exploradores, com o objectivo de derrubá-los do seu poder. (…) Cavalheiros, não temos medo de vocês. A sua classe é um parasita que impede o desenvolvimento social. Vocês são implacáveis quanto ao aumento da vossa lucratividade e à protecção dos vossos interesses. Vocês fecham fábricas e transferem-nas para para o exterior, expulsando os trabalhadores que vocês exploraram durante anos como se fossem lixo. Vocês exportam milhares de milhões de euros, os quais são o produto de décadas de roubo através da exploração da árdua labuta dos trabalhadores, para investimentos ou para depósitos seguros em bancos. Vocês pilharam os fundos da segurança social. Vocês desfrutam de isenções fiscais e privilégios provocatórios e pedem ainda outros. (…) Vocês sabem muito bem quão verdade é o slogan “Trabalhador, sem ti nenhuma engrenagem pode rodar, podes fazer isso sem os patrões” e quanto isto toca os corações dos trabalhadores. Mas chegará o tempo em que toda a classe trabalhadora vos enfrentará”.

PAME: o governo e o sindicalismo a serviço do patronato apoiam os interesses do deste

O PAME, na sua declaração sobre o caso, enfatiza: “as declarações da SEV e do GSEE em relação à intervenção do PAME no princípio do “diálogo social” mostram que eles estão unidos de corpo e alma. Não temos mais nada a dizer acerca dos industriais. Temos interesses claros e opostos. A SEV identifica o desenvolvimento do país com o seu interesse, o qual é “lucros-lucros-lucros”. Eles precisam reduzir o preço da força de trabalho a fim de aumentar os seus lucros. As forças do patronato e do sindicalismo conduzido pelo governo estão constantemente a declarar o seu desejo de apoiar os interesses dos industriais e do grande patronato sob o pretexto de combater o desemprego e alegadamente preservar postos de trabalho. Há uma experiência significativa dos “diálogos sociais” anteriores, de perdas para a classe trabalhadora do que já havia sido estabelecido antes. Foram as mesmas pessoas utilizando os mesmos argumentos que atacaram as forças do PAME em 2009 quando executaram um bloqueio simbólico do “diálogo social” sobre segurança social a fim de prevenir a classe trabalhadora e a organização da sua luta contra o massacre iminente (…). A liderança do GSEE está pronta para acordar com a SEV e a coligação governamental do PASOK-ND-LAOS a redução drástica de salários e contribuições patronais. Alem disso, nas suas declarações o GSEE e a SEV estão a acusar o PAME de exercer violência. O sistema e seus aliados estão a falar acerca de violência quando esta é a estratégia dos monopólios que condenou a classe trabalhadora e as massas populares, bem como as suas crianças, ao desemprego e à desnutrição. Aqueles que falam acerca de violência são os mesmos que na maior parte dos lugares de trabalho criaram um regime que amordaça e que penaliza toda voz da classe trabalhadora que se oponha aos seus planos de pesadelo. Eles realmente defendem esta espécie de violência. Nós lhes dizemos que não toleraremos nosso empobrecimento violento, nossa subjugação violenta aos apetites do capital. Derrubaremos isto utilizando como arma o poder da guerra justa contra a guerra dos capitalistas”, conclui o PAME na sua declaração.

20/Janeiro/2012

O original encontra-se em http://inter.kke.gr/News/news2012/2012-01-20-dialogos

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