A resistência baiana por uma Universidade Popular

imagemUJC da Bahia

A greve docente e a mobilização estudantil nas Universidades Estaduais Baianas que denunciam o projeto de destruição orquestrado pelo Governo Rui Costa se encontram com a mobilização nacional em defesa da educação pública, contra as políticas e os cortes autorizados pelo Governo Bolsonaro. Aqui resistem os/as que não se contentam com a Universidade burguesa e sujam suas mãos na construção de um novo projeto de educação para o país, e nesse sentido, o Movimento por uma Universidade Popular apresenta alguns pontos para afirmar que a luta dos estudantes e professores das UEBA também faz parte da luta por uma Universidade Popular.

A UNEB, UEFS, UESB e UESC são quatro importantes instituições da Bahia; juntas, atendem cerca de 60 mil estudantes de graduação e pós-graduação, atuando principalmente na interiorização do ensino superior público no estado. O explícito projeto de desmonte das UEBA aparece concretamente no contingenciamento de mais de R$100 milhões entre 2017 e 2018, nas precárias políticas de permanência estudantil e no ataque aos direitos dos professores e servidores. Todos esses ataques são justificados por Rui Costa como medidas necessárias para que a Bahia não deixe de pagar a dívida pública e cumpra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Mais de 40% do orçamento da União é destinado para juros e amortizações da dívida pública e somente 3,62% para a educação.

Não aceitaremos que a educação pública seja entendida como gasto enquanto a prioridade do Estado é encher os bolsos dos banqueiros e investidores. Não deixaremos que vença a lógica da Universidade condicionada aos interesses do mercado, distante da juventude trabalhadora e das necessidades da sua classe.

O projeto neoliberal aplicado por Rui Costa e Bolsonaro só poderá ser derrotado com a ampla unidade dos defensores da educação, capaz de formular uma crítica radical à Universidade elitizada, pensada para ampliar os lucros dos super ricos e reprodutora da ideologia burguesa. Nesse ponto, acreditamos que a força das mobilizações pode ser potencializada pela contestação desse projeto vigente e na ousadia de construir um projeto com a classe trabalhadora, a partir das reivindicações já construídas no movimento, da escuta e do contato direto com a população.

A luta contra o contingenciamento, por reformulação do Mais Futuro, por 7% da RLI para as Universidades, do 1% da RLI para assistência e permanência estudantil e por reajuste no salário dos docentes também são lutas da classe trabalhadora e devem ser defendidas por ela. Se todas essas pautas são legítimas na luta por acesso, permanência e popularização do ensino superior público, elas são parte da luta por produção de ciência e tecnologia voltadas à população baiana em sua diversidade, que trabalha para sobreviver e não tem o direito à educação garantido, nem o acesso pleno ao conhecimento socialmente produzido.

Após os grandes atos do dia 15 a luta continua. Temos a tarefa de avançar na construção da mobilização dos estudantes das Universidades Estaduais em defesa de um projeto de universidade popular para o estado.

Assim, no dia 30 de maio, o segundo dia nacional de luta em defesa da educação pública, é tarefa fundamental aproximar cada vez mais trabalhadores/as para o combate às políticas que favorecem os grandes oligopólios da educação privada, os bancos e investidores e impedem que os sonhos da juventude baiana de estudar sejam concretizados. Por isso a importância de apontar para um novo projeto de Universidade, para que ele seja reconhecido como parte das necessidades na construção do conhecimento para a emancipação dos/as trabalhadores/as.

O projeto da burguesia está em curso, cada vez mais rápido na destruição das Universidades: pelo Governo Bolsonaro, temos uma redução de 5,8 bilhões na educação, corte de 30% no repasse do orçamento das Universidades federais, pelo Governo Rui Costa, só em 2018 foram 81$ milhões contingenciados dos recursos das estaduais baianas. Qual projeto podemos construir para combater o desmonte do ensino superior público? O Movimento por uma Universidade Popular convida os estudantes, a juventude e os/as trabalhadores para debater um projeto anticapitalista, ousado e possível: pensado para o livre desenvolvimento de todos e cada um.