Cuba: um mar de luz

Poderia ser mais una noite de sexta-feira em Cuba, em que as famílias descansam de uma semana de trabalho e estudo e os jovens saem para se divertir. Essa noite, porém, foi diferente.

Às nove horas desse 27 de janeiro, a cidade de Havana que é escura pela escassez energética iluminou-se com várias chamas, que não eram de tiroteios, de brigas entre gangues ou quadrilhas de traficantes, como bem se poderia ser se estivéssemos em qualquer outra grande cidade da Nossa América.

Eram chamas nas mãos de dezenas de milhares de jovens, improvisadas com pedaços de madeiras, latas e estopa. Estudantes de todas as idades, escolaridade e diferentes cursos universitários, muitos com seus pais e professores. Eram crianças, adolescentes, futuros engenheiros, médicos, contadores, enfermeiros, artistas, professores, que não estavam ali reivindicando um ensino gratuito e de qualidade, por saúde para seu povo, por emprego ou condições de acesso e permanência nas escolas. Eram jovens cujas chamas iluminavam o futuro de uma Cuba como há 159 anos sonhou José Martí.

Nesta noite de 27 de janeiro, estes jovens marchavam para render sua homenagem ao nascimento do “apóstolo”, o herói nacional da pátria cubana, que desde sua juventude lutou pela independência da ilha caribenha, idealizando os princípios que nortearam Fidel e os revolucionários a dirigir sua luta antiimperialista e que ainda hoje são princípios não somente de alguns, mas de toda uma nação.

Neste dia, esses milhares de jovens, iluminaram Havana e toda Cuba, um mar de várias mãos e vozes, rememorando o homem que unificou uma nação em prol de sua liberdade. Esses jovens mostram ao mundo que não esquecem seus mártires, e reivindicam sua história, lembrando a todos que Cuba é, antes de tudo, um país livre. Livre de analfabetos, de crianças de rua, de epidemias de craque, de pessoas que morrem fome ou a espera de um médico. Livre, apesar de bloqueada pelas garras da águia do norte que há 200 anos aterroriza Nossa América e o mundo, ameaçando a existência humana com suas armas e seu exército. Ávidos por riquezas para manter um sistema que, por negar as pessoas o direito de serem plenamente humanos, está fadado a ser seu próprio coveiro.

Assim como as estrelas que iluminam os céus que orientam os navegantes, nesta noite de 27 de janeiro estes jovens, cubanos e latino americanos, iluminaram as ruas da nossa Ilha da Liberdade para mostrar ao mundo que seguem o caminho trilhado por José Martí, que ensinou a Cuba e ao mundo que pátria é humanidade. Marcharam iluminados pela idéia seguida por Fidel, lembrando que o único caminho possível para um mundo melhor é o do socialismo.

*Estudante da Escola Latino Americana de Medicina em Havana e militante do núcleo Paulo Petry da UJC/PCB em Cuba.