Solidariedade aos levantes populares na América Latina e no Caribe!
Comissão Política Nacional do Partido Comunista Brasileiro (PCB)
O Partido Comunista Brasileiro (PCB) manifesta com entusiasmo sua solidariedade militante a todos os povos da América Latina e Caribe que neste momento se levantam aos milhões contra o desastre neoliberal que vem sendo implantado há décadas em nossa região. Ao mesmo tempo, protestamos com indignação contra a repressão selvagem realizada pelos governos subservientes ao imperialismo e que buscam dobrar a insubordinação popular com a brutalidade policial, a barbaridade contra a população, que inclui espancamentos generalizados, gás lacrimogêneo, gás de pimenta, balas de borracha e munição letal, o que vem resultando num verdadeiro banho de sangue com dezenas de mortos e milhares de feridos em vários países.
Os levantes populares que acontecem atualmente significam, ao mesmo tempo, o colapso da política neoliberal em nossa região, bem como uma reação do povo trabalhador contra anos de massacre aos direitos básicos, o que inclui a privatização dos bens públicos necessários à vida, como água, luz, saúde, educação, previdência, transporte, saneamento, telefone, aposentadorias, levando ao aumento brutal do custo de vida. Esta política vem acompanhada do desmantelamento das leis trabalhistas, promovendo salários miseráveis, além de favorecer a ampliação da corrupção nas altas esferas das classes dominantes, fenômeno estrutural do capitalismo. Tudo isso está sendo realizado para privilegiar e encher os bolsos dos empresários, banqueiros, do agronegócio, da oligarquia financeira e dos milionários em geral. Trata-se de uma classe dominante arrogante, autoritária e truculenta com o próprio povo de seus países, mas profundamente servil aos interesses do imperialismo.
A ação imperialista em nosso continente se traduz ainda no aumento da presença militar dos Estados Unidos na região, buscando pôr em prática seus planos de exploração econômica e cooperação militar articulados com os governos subservientes a esta política. A recente ativação do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) representa um passo ameaçador na preparação das condições para uma agressão militar, sob a máscara de uma aliança regional. Para cumprir os objetivos econômicos de controlar recursos energéticos, a biodiversidade, a água, o petróleo e diversas outras riquezas naturais que o continente possui, a administração Trump promove ações de todo tipo com a intenção de provocar a desestabilização e a derrubada dos governos de Cuba Socialista, da Venezuela, Nicarágua e Bolívia, os quais, com suas especificidades políticas e sociais, representam obstáculos às pretensões e aos interesses imperialistas.
As rebeliões populares, em geral ainda espontâneas em sua grande maioria, também significam que os trabalhadores e trabalhadoras não só estão perdendo a paciência contra a barbárie neoliberal, como prenunciam um novo ciclo de lutas na América Latina e Caribe contra o imperialismo, os altos ganhos das classes dominantes e a destruição dos direitos e garantias, com o rebaixamento dos salários e das condições de vida da população. Os levantes apontam para a possibilidade de avançar na busca de um novo rumo para a nossa região, baseado no poder popular. A fúria do povo demonstrada nas rebeliões do Equador, do Haiti, de Porto Rico, a recente insurreição popular no Chile, que era considerado o paraíso neoliberal das Américas, as manifestações populares no Uruguai, na Colômbia, em Honduras, no Panamá e na Costa Rica demonstram que as placas sociais tectônicas começam a se mover em outra direção.
A resistência do povo trabalhador está demonstrando ainda que o medo está mudando de lado e levando pavor às classes dominantes, acostumadas a esmagar as reivindicações populares com a repressão policial, a perseguição política, ou afastar dirigentes políticos que não rezam por sua cartilha com os golpes jurídico-parlamentares, as farsas judiciais, a demonização pública, os boicotes, sanções políticas, econômicas e sociais visando dobrar pela fome os povos em luta. Esse conjunto de manobras e manipulações parece que está se esgotando porque os trabalhadores e trabalhadoras estão se cansando da farsa neoliberal e se mostram dispostos à luta de todas as formas para mudar a vida em nossa região. A repressão generalizada, que antes sufocava as reivindicações populares, agora aumenta a fúria dos povos, que enfrentam de forma cada vez mais destemida a brutalidade policial, impondo derrotas importantes a esses governos reacionários.
Gostaríamos também de advertir ao presidente Bolsonaro que não adianta tentar amedrontar ou intimidar a população brasileira, ordenando o monitoramento dos movimentos sociais e partidos políticos e prometendo utilizar as forças armadas em caso de manifestações populares em nosso país. Não se engane: quando os trabalhadores, a juventude e a população pobre dos bairros e periferias decidem lutar por sua emancipação e mudar o rumo da vida, não tem força militar no mundo capaz de derrotá-la, apesar da brutalidade da repressão e do sacrifício que tenha que ser feito no curso da luta. Afinal, vocês são poucos, nós somos milhões.
25 de Outubro de 2019.
Comissão Política Nacional do PCB