Encontro Mundial Contra o Imperialismo
Foto: Partido Comunista da Venezuela
O Partido Comunista da Venezuela PCV) participou do Encontro Mundial contra o Imperialismo, realizado, na cidade de Caracas, Venezuela, entre os dias 22 e 24 de janeiro, que contou com a presença de organizações políticas e sociais de várias regiões do planeta, para tratar da luta unificada contra as agressões do imperialismo, que atacam nações e povos em busca de lucros crescentes para os monopólios capitalistas.
No dia 23/01, a Direção Nacional do PCV, em sua página no Facebook, divulgou:
“Hoje participamos da instalação do Encontro Mundial Contra o Imperialismo.
Delegados de todo o mundo se congregaram em Caracas para articular ações em defesa da soberania e da autodeterminação de nossos povos.
#AntiimperialistasSiempre| > O Movimento de Mulheres Clara Zetkin (@clarazetkin4) e a delegação do Partido Comunista do Peru Patria Roja (@patriaroja) presentes no Encontro Mundial contra o Imperialismo #YankeeGoHome”
Abaixo, reproduzimos matéria sobre o evento publicada pelo Jornal Brasil de Fato.
Na Venezuela, Encontro Contra o Imperialismo reúne militantes dos cinco continentes
Evento reuniu mais de 800 pessoas e definiu uma agenda de mobilizações para 2020
Michele de Mello
Brasil de Fato | Caracas (Venezuela)
“A paz do planeta está seriamente ameaçada pela política de agressões militares dos Estados Unidos”, sentenciou o documento final, aprovado por unanimidade, no Encontro Mundial Contra o Imperialismo, realizado nos dias 22 a 24 de janeiro, em Caracas, Venezuela. O evento reuniu mais de 800 pessoas dos cinco continentes e foi realizado a partir de uma convocatória do XXV Foro de São Paulo, também sediado na capital venezuelana, em julho do ano passado.
Além das ameaças vindas pela império estadunidense, a declaração aponta que “se soma uma crise ética nesse modo de vida dominante da economia do capital, que impõe a lógica do consumo sobre os direitos humanos. O capitalismo está em crise e isso o deixa muito mais perigoso, agressivo e imprevisível. Isso evidencia que as soluções para o mundo atual demandam um novo modelo de sociedade.”
O encontro foi organizado pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do atual presidente Nicolás Maduro, e contribuiu para uma articulação internacional em relação ao tema, além de levar as experiências do país sul-americano a outros países.
“Esses encontros também terminam sendo um processo de análise do nosso partido, da nossa revolução. Avaliamos a importância de promover espaços que nos permitam ver-nos num âmbito mundial de luta, porque a nossa luta poderia ser um aporte da Venezuela para a luta de outro países”, afirma Diva Guzmán, vice-ministra de Educação para o Trabalho da Venezuela.
Com espaços de debate sobre a indústria cultural hegemônica, as ações militares da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e o socialismo bolivariano do século 21, os militantes estiveram três dias debatendo alternativas ao modelo econômico atual.
“É mais que evidente a forma de atuar do império [estadunidense]. Se vemos apenas o exemplo da Venezuela, você se dá conta de que um país poderoso, ainda mais belicamente falando, se intromete em assuntos internos, tem um plano e um interesse de gerar o caos total na nossa economia e na sociedade. E isso não se aplica apenas aqui, também estão aplicando na Bolívia, executaram através de manipulação no Equador, através da imposição na Argentina e no Brasil. Estão revivendo a Doutrina Monroe”, comentou Guzmán sobre o caráter anti-imperialista do evento.
Devido à agressividade da ação dos Estados Unidos e da União Europeia, a vice-ministra também defende que já não há mais espaço para responder dentro da diplomacia, porque as instituições democráticas e o direito internacional foram defraudados pelas grandes potências mundiais.
“Para derrotar um monstro tão grande como o imperialismo dos Estados Unidos, é necessário fazer de tudo. Entre elas, trabalhar em unidade, como vimos aqui. Sei que se conquistarmos o socialismo nos Estados Unidos, podemos liberar o mundo do imperialismo mais horroroso que já existiu”, assegura Elizabeth Birriel, estadunidense e membro do Partido Socialismo e Liberação.
O sindicalismo brasileiro esteve representado por diretores da Intersindical e da CTB (Foto: Michele de Mello/Brasil de Fato)
Além do debate do eixo geral do encontro, o anti-imperialismo, também ocorreram mesas de trabalho setoriais: de mulheres, negros e negras, povos originários, trabalhadores e trabalhadoras, comunas, comunicação e juventude.
No debate sindicalista, foi encaminhada a criação de uma plataforma de luta anti-imperialista mundial, assim como intercâmbio sobre experiências de formação política da classe trabalhadora.
Já na mesa sobre as comunas, foi proposta a criação de uma biblioteca online para compartilhar experiências de construção do poder popular, como as comunas venezuelanas ou os assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Brasil.
No setor comunicacional, foi encaminhada a criação de uma rede de comunicação alternativa mundial, o apoio à criação de cursos com formação crítica na Universidade de Comunicação – anunciada pelo presidente Nicolás Maduro no congresso de comunicadores –, e também uma moção de apoio à Telesur e à Hispantv, duas emissoras ameaçadas internacionalmente. No caso da Telesur, pelo deputado opositor Juan Guaidó, que há uma semana nomeou um suposto novo presidente para “recuperar” a transmissão da multiestatal.
Já o canal iraniano Hispantv teve todas as suas contas e conteúdos publicados em YouTube suspensas e o uso dos produtos Google bloqueados, como parte das sanções impostas pelos Estados Unidos.
Militantes iranianos realizaram um ato em homenagem ao general Qassem Soleimani, assassinado pelo exército dos EUA.
Além disso, o encontro anti-imperialista aprovou moções especiais de apoio à luta dos povos chileno, norte-coreano, saharaui, boliviano, cubano, haitiano e catalão. Também condenaram a I Conferência Ministerial Hemisférica de Luta Contra o Terrorismo, que reuniu líderes da extrema direita mundial para discutir novos métodos de combate a organizações de esquerda como o Exército de Liberação Nacional (ELN), Hezbollah ou a própria Revolução Bolivariana, considerados uma ameaça terrorista pela Casa Branca.
Nessa mesma conferência da extrema direita, sediada em Bogotá, na Colômbia, foram anunciados novos exercícios militares, durante os dias 23 a 29 de janeiro, entre o Comando Sul – braço do Pentágono que controla as bases estadunidenses na América Latina – e o exército colombiano, numa clara ofensiva regional.
Agenda unificada
Para fazer frente à série de ameaças que foram anunciadas pelos militantes, os delegados aprovaram a realização de um segundo Encontro Mundial Contra o Imperialismo para consolidar uma plataforma internacional de luta, para o próximo ano, com previsão de ser realizado novamente na Venezuela. Antes disso, serão organizados encontros continentais anti-imperialistas para fortalecer as organizações de esquerda em cada região.
Outras datas unitárias de mobilização mundial estão marcadas durante este período, começando pelo 27 de fevereiro, que lembrará dos 31 anos do “Caracaço” – levantamento popular espontâneo que denunciava a miséria do povo venezuelano durante a presidência de Carlos Andrés Perez e que terminou sendo a antessala para o surgimento do chavismo. A convocatória de manifestações mundiais para a data terão como tema o apoio à Revolução Bolivariana.
Já em abril, pretende-se construir um dia de denúncias das agressões militares estadunidenses no Oriente Médio e na América Latina, junto a um chamado pela paz mundial. Em junho, foi anunciada uma nova data de mobilização contra o bloqueio econômico e sanções dos Estados Unidos a países como Cuba, Venezuela e Irã.
Edição: Vivian Fernandes