O suposto atentado ao avião
Revendo a imprensa internacional em várias línguas, é unânime a única versão frente ao suposto atentado do qual seria vítima os EUA em 25 de dezembro de 2009, cujo autor, Abdulmutallab Omar Faruk, nigeriano de apenas 23 anos, negou todas as acusações contra ele imputadas.
Esta versão exclusiva do evento explicitou, do ponto de vista dos meios de comunicação, que todos os jornais utilizaram a mesma fonte de informação, essencialmente três agências internacionais de notícias: AFP, EFE, Reuters. A explicação para a versão unânime é de que as agências utilizaram a mesma fonte, as agências de inteligência dos EUA, principalmente a CIA.
Como produzida em um laboratório, a versão do ato está espalhada por todo o mundo e se impôs como critério de verdade, sem qualquer crítica, com uma única fonte. Agora é um dado, sobre o qual as decisões políticas são tomadas. Todos têm aceitado passivamente que um ataque ia ser cometido contra os EUA pelo difuso “terrorismo internacional”.
A montagem do “ataque terrorista” frustrado em um avião em Dezembro passado, a reciclagem da ameaça da Al-Qaeda no Iêmen, as denúncias de Obama e dos líderes europeus sobre complôs “terroristas islâmicos” em movimento, as detenções em massa de “suspeitos” nos EUA e na Europa, são partes operativas do lançamento (e aggiornamiento) de uma nova fase da “contra-guerra terrorista”em uma escala global.
A ocupação militar do Iêmen (justificada pela “ameaça da Al Qaeda”) é vital para uma projeção de controle sobre o Chifre da África, a chave para o barril de pólvora petroleiro islâmico que as corporações estadunidenses pretendem arrebatar dos seus concorrentes asiáticos, russos e europeus.
Quem serve a este atentado?
O atentado, ou melhor, o suposto atentado, nunca aconteceu. É uma operação da CIA para impor ao presidente Obama o manejo da política internacional com predominância no aspecto militar.
Neste sentido, Bin Laden (que não está claro se está vivo ou morto) e a Al Qaeda são uma carta valiosa que a CIA e os serviços estadunidenses e europeus sempre se reservam para resolver qualquer “saída” imperial (econômica ou militar) que exija um consenso internacional.
Bem utilizada, a ferramenta do “terrorismo” (uma arma que combina a violência militar com a guerra de quarta geração) tem como objetivo principal criar um conflito (ou uma crise) e, em seguida, fornecer a mais favorável solução para os interesses que o império defende.
Isso coloca como protagonista de primeira ordem o complexo militar estadunidense, e tira o protagonismo do chefe de Estado. Obama havia anunciado a diplomacia do diálogo como eixo da política externa dos EUA. Com este suposto ataque, a CIA atualiza um inimigo amorfo, a Al Qaeda, e envia uma mensagem clara para o executivo, sobre o fato de que os EUA, como poder militar, não devem buscar o consenso dos seus interesses estratégicos com ninguém, nem mesmo com a Inglaterra. Não se esqueçam de que a Al Qaeda é uma criação da CIA para lutar contra a presença russa no Afeganistão.
Com isso, voltamos totalmente para a era Bush, que tem uma linha de continuidade com o golpe em Honduras e é complementada pela decisão de enviar reforços ao Afeganistão e ao novo foco de conflito no Iêmen. Cortam-se as asas do Prêmio Nobel da Paz; o executivo está preso no complexo militar estadunidense. O predomínio militar sobre o diplomático para resolver crises enterra definitivamente a ONU e seu conceito de Nações Unidas. Todas as crise de agora em diante, em tempos de recessão e crise financeira do modelo capitalista de produção nos EUA, se resolvem militarmente. Não estamos tentando dizer que não foi assim antes; estamos dizendo que se legitima ainda mais, em especial quando o sionismo de Israel tem de enfrentar o desafio do Irã.
Se Obama expressou dúvidas sobre o apoio a Israel para uma possível solução militar para a crise nuclear com o Irã, este novo cenário alinha Obama na via militar para resolver a crise com o Irã.
Este suposto ataque recauchuta o discurso sobre a segurança e a ameaça terrorista, já anunciado por um porta-voz do Departamento de Defesa: “queremos que todos os nossos aliados tenham acesso às mais recentes tecnologias de segurança.” Os scanners nos aeroportos, e todos os sistemas eletrônicos de segurança terão de ser adquiridos por cada país com o tráfego de passageiros em solo estadunidense.
A isso acrescentamos as medidas que restringem a privacidade, que promovem o controle social, a vídeo-vigilância, escutas telefônicas, em última análise, a invasão e o controle social em toda a vida social e privada, que garantem o status quo em vigor.
Além de alimentar um novo ciclo expansivo de lucro para as empresas de armamento e petróleo, serve como um argumento para justificar uma nova escalada no Afeganistão e um quase anunciado desembarque dos EUA no Paquistão, um aliado caótico que Washington necessita controlar em função da sua estratégia no Afeganistão e no resto da região.
Obama se tornou um prisioneiro do aparato tecno-militar estadunidense, Guantánamo não foi fechada em janeiro de 2010, como prometido, e agora não há data de encerramento; pensou-se em uma mudança em relação ao infame bloqueio contra o povo cubano. Nada disso, Cuba está na lista estadunidense de países que patrocinam o terrorismo.
Este cenário é catastrófico para qualquer construção alternativa no mundo. Especialmente na América Latina a situação se agrava com as sete bases militares estadunidenses em solo colombiano.
Se ainda sem instalar totalmente essas bases já é violado o espaço aéreo venezuelano, imaginem todas as bases em pleno funcionamento.
A lacônica frase de Obama contra a responsabilidade por este suposto atentado “a culpa é minha responsabilidade, eu tenho uma solene responsabilidade de defender o meu país” dá a impressão de que ele já deixou de fato de ser o presidente dos EUA.
Este cenário complexo, mas não difícil de desvendar, impõe aos povos a unidade contra o militarismo, contra o fascismo do capitalismo internacional. Unidade de ação, unidade ideológica, estratégica e tática para defender a humanidade. Essa resistência só os povos do mundo podem fazer, trabalhadores urbanos e rurais, os estudantes, porque o inimigo é um só.
Esta luta político-militar, não podemos esquecer, é também ideológica. De acordo com os interesses imperialistas, são capazes de construir uma “verdade”, como inventar um suposto ataque.
No momento em que os EUA decidam atacar as instalações nucleares de Teerã, ou lançar operações militares no Paquistão, África ou no Cáucaso, vão necessitar desesperadamente de um ou mais “atentados terroristas reais” para amenizar a resistência dos aliados e obter um consenso internacional para as novas ocupações.
Precisamente, estas são as principais funções que vem desempenhado o “terrorismo islâmico” (como uma arma de guerra do império), controlada pela CIA desde o 11 de setembro até aqui.
Fonte: LA GILADA
PRIMERA GUERRA GLOBAL IMPERIALISTA INFORME PERIÓDICO Nº 784 – 12/01/2010 11:18