Intervenções Militares Globais: União Européia Recrutada pela OTAN
Tradução: Anna Malm para Irã News
O secretário Geral da OTAN, Fogh Rasmussen, convocou a União Europeia para uma maior coordenação com a OTAN apressando a mesma para que adote as capacidades necessárias para efetivar ações globais, quando falando frente ao Parlamento Europeu no 23 de abril. As bombas, os mísseis, os jatos de ataque, assim como os navios de guerra da OTAN prepararam o caminho para uma tal coordenação ao redor do mundo. Na região da ex-Iugoslávia, ou seja, nos Bálcãs, na Ásia do Sul e na Ásia Central, no Norte da África, no Mar Árabe e no grande Oriente Médio a OTAN já abriu o caminho.
Rasmussen apresentou este seu programa para uma maior coordenação entre a OTAN e a União Européia abaixo do título “Uma Perspectiva Global para a Europa”. O seu programa foi apresentado no Parlamento Europeu, que é o corpo eleito da União Européia. Este programa foi apresentado como parte dos debates em preparação da Cúpula da OTAN, a ser realizada em 20-21 de maio em Chicago. Lá deverá estar o Presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, assim como o Presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso.
Dirigindo-se a União Européia – UE – na qualidade do que ela realmente é, ou seja, a quase-civil asa da OTAN, Rasmussen fez pouca diferença entre a OTAN e a mesma.
O Secretário Geral da OTAN afirmou então que a Europa tinha razões de se sentir orgulhosa. Nos últimos dez anos ela tinha mostrado sua capacidade como por ex. no Afeganistão, ou no decorrer da maioria das saídas de voos militares sobre a Líbia. Ressaltou então que a força militar européia tinha ajudado a estabilizar os Bálcãs, assim também como tinha desempenhado papéis centrais em relação à Geórgia, a África e isto entre muitas outras coisas.
A União Européia que tanto quanto a OTAN está abaixo da influência direta dos Estados Unidos, é nos olhos de Bruxelas um coletivo de membros e associados da OTAN. Todos os 27 países membros da UE também são membros, ou associados, da OTAN, com a exceção do pequeno e dividido Chipre.
A União Européia antecipa, sustenta e completa assim como faz o serviço de limpeza, depois das guerras da OTAN. Isto tem sido feito em várias partes do mundo. Isto é feito fora do território da União Européia, assim como fora da Europa propriamente dita.
As sanções da UE congela ativos, bens ou capital dos líderes dos países alvos, proíbe no seu território a entrada desses líderes e em geral amacia os constituintes das nações alvos de uma ou de outra maneira. A OTAN então as bombardeia e começa a ocupação que depois será continuada por outros meios. Quando a OTAN acaba seu trabalho a UE entra de novo em cena, dessa vez para garantir a segurança, o policiamento, dar assistência financeira [ou fazer outros tipos de trabalho colonial] assim como para aliviar as forças da OTAN (que muitas vezes são indistinguíveis das forças da UE).
A OTAN estará então pronta para a próxima. A UE poderá mais tarde deixar sua posição [quando da entrada de outros atores militares ou “civis”, como por ex. os NGOs -(Organizações Não Governamentais na sigla inglesa, ou mesmo então a massiva colocação dos instrumentos das multinacionais e dos outros exploradores ocidentais na região alvo].
A União Européia preencheu essas funções em pleno ou parcialmente na Bósnia, na Macedônia e no Kosovo. Ainda lhe falta poder completar seu papel no Afeganistão e na Líbia.
Rasmussen detalha mais a global natureza do trio OTAN-UE-EUA, assim como o seu alegado exclusivo papel como provedor e assegurador da liberdade e da “democracia”. Qualquer um que conheça as consequências das intervenções em Bósnia, Iiugoslávia-Kosovo, Macedônia, Afeganistão e Líbia dificilmente iria denominar ou elogiar a situação nessas regiões como um triunfo para a liberdade ou democracia. De certeza que também não como símbolos de paz e estabilidade.
Há uma tentativa de consolidar o papel da OTAN como uma força internacional de ataque, como se pode perceber nas seguintes afirmações:-
– A nossa segurança não pode ser separada da segurança global e isso significa que às vezes temos que por nossas forças fora das nossas fronteiras. Isto para que nosso povo se sinta seguro dentro do nosso país. Já fizemos isto no Afeganistão, no litoral da Somália e no ar da Líbia.
Os países europeus também deverão olhar para fora de seu território e estar prontos para agir para seu próprio bem. Deverão também estar preparados para juntar-se aos aliados norte-americanos, mesmo fora da área estabelecida como responsabilidade primária da OTAN.
Esclarecemos que a OTAN é um consórcio constituído pelos poderes coloniais do passado europeu, ou seja, Inglaterra, França, Espanha, Portugal, Holanda, Bélgica, Alemanha, Itália e a Turquia. Os Estados Unidos, em muitos aspectos agindo conjuntamente com seus apêndices e subordinados, juntou-se ao grupo acima mencionado como um poder neo-colonial depois da Segunda Guerra Mundial.
A OTAN então, como o conjunto total dos acima mencionados afirma cruamente como sua prerrogativa e missão fundamental, tanto o direito exclusivo como a obrigação de intervir em qualquer lugar que escolha fora do “mundo civilizado”. Isto visto da perspectiva deles mesmos. Temos então por ex. os Bálcãs, tanto a Ásia Central como a do Sul, o golfo de Aden no chifre da África, o sul do Cáucaso e o inteiro Oriente Médio entre muitos outros propícios alvos de ataque.
Quando os 28 chefes de estado reunirem-se em Chicago nesse mês de maio então, todos com a exceção do presidente dos Estados Unidos terão uma aparência mais ou menos similar. A organização militar que tem a presunção de dirigir os assuntos do mundo não tem membros vindos da Ásia, da África, do Oriente Médio, da América Latina ou da Oceania. A população total dos países membros da OTAN constitui somente 1/8 da humanidade, ou seja, da raça humana.
No limiar de 2000, em Washington, a OTAN, como organização, foi reanimada e reforçada com uma versão para o século 21 da infame Conferência de Berlin de 1884, na qual a maioria dos membros fundadores da OTAN, com a exceção dos Estados Unidos, dividiram entre si a África em esferas coloniais de influência e poder.
Na Cúpula de Washington, a única nos Estados Unidos, antes dessa que vai ser desenrolada em 20-21 nesse corrente mês de maio em Chicago, oficializou-se o acordo entre a OTAN e a União Européia. Neste acordo, ainda em vigor, estipula-se que a OTAN e a União Européia devem compartilhar informação e inteligência, capacidade de planejamento, bens móveis, capacidade e missões militares, assim como também devem conduzir exercícios de guerra conjuntos.
Práticas realizações desse acordo já foram realizadas, por ex. no Golfo de Aden nas costas da Somália que fica localizada no chifre da África junto ao Mar Árabe. Não só no Golfo de Aden como também no Mar Árabe realizaram-se as práticas consequências do acordo acima mencionado.
[O Mar Árabe banha todo o litoral norte, leste e sul da Somália. O Golfo de Aden é o braço marítimo que sai do Mar Árabe, contorna a Somália na parte norte do país e junta então, através do estreito Bab el Mandeb, o Mar Árabe ao Mar Vermelho. Estamos então falando de uma das mais importantes regiões no mapa político atual.].
O Secretário Geral da OTAN, no 23 de Abril dirigindo-se a União Européia quando da apresentação do seu programa – como mencionado no começo desse artigo – acabou por unir todas as pontas da integração OTAN-UNIÃO EUROPÉIA.
A OTAN-UE do século 21, é para ser vista como um renascimento das Intervenções Militares Européias do século 19, assim como do século 20, sendo que a OTAN e a União Européia subordinam-se, total e efetivamente, abaixo das diretivas dos Estados Unidos.
As declarações a serem apresentadas na Cúpula da OTAN em Chicago, nos dias 20-21 do corrente mês de maio, reafirmará e consolidará o acordo mútuo OTAN-UE.
Deus que ajude a próxima vítima dessa bravata conjunta.
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