O sindicalismo e as tarefas da juventude trabalhadora

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UJC – Rio de Janeiro

A situação na qual se encontra atualmente a juventude trabalhadora do Brasil é de drásticas reduções das condições de existência sob o fogo de uma conjuntura de diminuição do poder de compra dos salários, de precarização do trabalho, avanço da informalidade e do desemprego. Não estando isolada da classe da qual faz parte, a juventude trabalhadora sofre a partir de algumas especificidades produzidas pela sociedade do capital organizada sob condições de um capitalismo dependente.

Se em nosso país os índices de desemprego se encontram em níveis elevadíssimos, com o FMI tendo apontado a projeção de, ao fim de 2021, termos a 14a taxa de desemprego mais elevada do mundo e a maior entre as 20 maiores economias do planeta, a juventude é o setor mais atingido, sendo que a média da taxa de desemprego nessa parcela da população – que tem entre 18 e 24 anos – representa o dobro da média nacional, a qual desde 2016 se encontra acima de 20%. Essa não é, portanto, uma situação iniciada a partir da pandemia, mas tem muito mais a ver com a política econômica e os caminhos escolhidos pela classe dominante, os quais direcionam nossa economia desde a guinada do ultraliberalismo com o ajuste fiscal e o golpe de 2016.

São também elementos crescentes sentidos, principalmente pela juventude mais pobre e precarizada que em sua maioria é negra, a insatisfação com o próprio sistema, ainda que em sentimentos não-organizados e por isso manipulados por uma diversidade de aparelhos ideológicos da burguesia, e a violência dos aparelhos de repressão a serviço do capital, que servem à manutenção da ordem e do controle social sobre parcelas da classe trabalhadora que ousem destoar da cartilha neoliberal que nos é empurrada diariamente.

O papel dos comunistas que atuam no movimento de jovens trabalhadores é amplificar a organização revolucionária de forma firme para que possamos nos tornar um vetor de organização dessa parcela de nossa classe e de reconstrução combativa de seus instrumentos de luta. Com o apassivamento do sindicalismo, o avanço do oportunismo a e cooptação de lideranças sindicais durante os governos petistas, foi gerada uma conjuntura propícia ao desarme dos sindicatos frente a um período de acirramento da luta de classes e de ascensão de ataque burguês, com características fascistizantes, às condições de vida da classe trabalhadora. A consequência disso são o aumento da intensidade das políticas antissindicais, de acidentes de trabalho e da precarização, todos elementos que atingem com ainda mais firmeza a juventude trabalhadora. Mas se o cenário que nos foi dado pela história é tão grave, nossa firmeza na reconstrução dos instrumentos de luta deve ser ainda maior na verdadeira guerra de classes que foi aberta contra nós nos últimos anos.

Algumas das tarefas concretas dos comunistas nesse cenário são: cada vez mais fomentar o caráter classista de nossas lutas específicas e unificá-las junto aos setores já organizados; organizar, desde a base das categorias, campanhas de sindicalização pautando os problemas enfrentados pela juventude trabalhadora nos locais de trabalho e quais os possíveis caminhos das lutas para que sejam sanados; realizar movimentações entre trabalhadores de categorias ainda sem sindicatos bem organizados na região de atuação ou com direções patronais e pelegas, visando a unificação de movimentos que possam criar novas bases organizadas do movimento sindical; pressionar pela utilização dos espaços dos sindicatos na realização de plenárias de organização de lutas e ações junto a movimentos comunitários, coletivos de cultura, movimentos antirracistas, pré-vestibulares populares, movimentos de mulheres, movimento estudantil, etc, tornando assim os espaços físicos das sedes sindicais em referenciais de luta, mesmo que à revelia de direções pelegas; e organizar oficinas de organização de jovens trabalhadores desempregados para a luta e para a inserção no mundo do trabalho.

Certamente com o ascenso de novas forças afluindo em direção ao movimento classista revolucionário, novas tarefas também serão impostas aos organizadores de suas fileiras. A atuação da juventude trabalhadora no sindicalismo, sob uma perspectiva revolucionária, deverá proporcionar uma reoxigenação das fileiras do sindicalismo no país e preparar uma nova etapa de reconstrução de um sindicalismo combativo e que terá a capacidade tanto de aglutinar as especificidades das diversas lutas dos trabalhadores e trabalhadoras quanto de enfrentar a burguesia de forma mais contundente dirigindo ações e greves de massa. É a unidade na diversidade que poderá nos trazer vitórias! É uma unidade classista!

JUVENTUDE QUE OUSA LUTAR,
CONSTRÓI O PODER POPULAR!