Trabalhadores belgas em luta contra cortes
Thierry Bodson, secretário-geral da ABVV-FGTB, intervém na manifestação em Bruxelas, em 13 de Janeiro de 2025 / @sydicatFGTB
Milhares de trabalhadores em Bruxelas contra os cortes nas pensões
AbrilAbril
No contexto de uma greve que afetou diversos setores, mais de 30 mil pessoas manifestaram-se na capital belga contra os cortes de três bilhões de euros nas aposentadorias e nos direitos sociais.
A Federação Geral do Trabalho da Bélgica (ABVV-FGTB), uma das centrais sindicais que convocaram a jornada de luta desta segunda-feira (13/01), acusou o governo que está sendo formado de querer atacar diretamente as aposentadorias dos trabalhadores e de levar a cabo cortes sem precedentes nos serviços públicos.
Numa das suas faixas, lia-se: «Por pensões decentes e uma sociedade mais justa». Por seu lado, o secretário-geral da central, Thierry Bodson, afirmou, na Praça Poelaert, que os trabalhadores estão à espera das negociações para a formação do novo governo e avisou que, se os ataques anunciados ao mundo do trabalho se mantiverem inalterados, a ABVV-FGTB vai passar a uma «velocidade superior».
Sublinhando o direito dos trabalhadores às aposentadorias, o dirigente sindical anunciou que em 13 de fevereiro haverá uma nova manifestação, depois de nesta última terem reforçado que a aposentadoria não é um «presente», pois descontam em seus salários ao longo da vida para recebê-la e que o ataque é um «roubo».
A mobilização em Bruxelas enquadrou-se numa jornada de greve com impacto em diversos setores, nomeadamente na educação, transportes, aeroportos, correios, coleta de lixo e serviços prisionais.
Trabalhar mais para reformas mais baixas e sem tocar no grande capital
Segundo afirmam os sindicatos e o Partido do Trabalho da Bélgica (PVDA-PTB), as notícias vindas a público sobre as negociações de Bart De Wever (da Nova Aliança Flamenga; N-VA) com vários partidos de direita, conservadores e liberais para a formação de um governo na Bélgica mostram conteúdos «antilaborais», «antissociais» e «antidemocráticos», em que se inclui a pretensão de «poupar» três bilhões de euros anuais apenas em pensões e aposentadorias.
Sindicatos e organizações de esquerda acusam De Wever e Georges-Louis Bouchez (dos liberais MR) de pretenderem pôr os trabalhadores para trabalhar mais a fim de gozarem aposentadorias minguadas – isto também com o propósito de alimentar os devaneios belicistas que a direita e certo progressismo moderno alimentam.
O PTB alerta que este é «um governo de bandidos». Ao discursar no último domingo (12/01), Raoul Hedebouw, presidente do PTB e deputado na Câmara dos Representantes da Bélgica, apelou à resistência contra este governo, o qual, alertou, não vem com intenções de taxar as grandes fortunas, os muito ricos, mas aqueles à custa de quem os ultrarricos enriqueceram: os trabalhadores e as trabalhadoras.
Perante um panorama de ataques a direitos sociais e trabalhistas, e de incremento dos riscos de militarização e ameaças às liberdades democráticas, Hedebouw também falou em «esperança», especialmente por força das iniciativas que os trabalhadores, o movimento sindical e associativo, o setor cultural e a juventude já têm em curso para lutar contra os planos do governo em formação.