Militantes cobram fim do sigilo da Comissão da Verdade

Juliana Dal Piva, 13/08/12

Comissão Nacional da Verdade promove primeira audiência pública no Rio O Globo / Pedro Kirilos

RIO – A primeira audiência pública da Comissão Nacional de Verdade no Rio ocorreu nesta segunda-feira em clima de cobrança. Ex-presos políticos, familiares de mortos e desaparecidos e militantes que lotaram o auditório na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) questionaram os membros da comissão sobre o sigilo mantido nos depoimentos colhidos até agora.

– Estamos aqui solicitando que todas as audiências sejam publicadas. Não podemos continuar colocando sob sigilo notórios torturadores. Por exemplo: Cláudio Guerra vai à comissão, presta um depoimento que ele já escreveu e dá sete nomes de membros da repressão que a sociedade desconhece até hoje. Precisamos conhecer todas as falas – reclama Cecília Coimbra, integrante do Tortura Nunca Mais e ex-presa política.

Também estiveram presentes os ex-presos políticos Inês Etienne Romeu, Victória Grabois, Ana Miranda e Elizabeth Silveira, familiar de um desaparecido político, entre outros. O advogado Modesto da Silveira, que defendeu vários militantes durante a ditadura, também participou da audiência.

Os membros da Comissão justificaram a necessidade do sigilo para não atrapalhar as investigações.

– Às vezes, é um pouco chocante ouvir de companheiros da mesma luta, principalmente de gente que sofreu no período, um tom acusatório como se o nosso sigilo, o sigilo necessário para uma investigação, fosse da mesma ordem do sigilo que ocultava na época coisas feias, horrorosas – rebateu Maria Rita Khel, um dos membros da Comissão Nacional da Verdade. – Mesmo sendo uma comissão de estado, é outro estado – concluiu.

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