Memória Viva: Walter de Souza Ribeiro
Dirigente comunista assassinado na Operação Radar
Jornal O Poder Popular 85
Nascido em Minas Gerais no dia 6 de setembro de 1924, Walter de Souza Ribeiro era natural de Teófilo Otoni. Casou-se com Adalcy Byrro Ribeiro, com quem teve três filhos. Formou-se na Academia Militar das Agulhas Negras, como oficial de artilharia do Exército. Em 1950, foi reformado como segundo-tenente pelo fato de ter assinado um apelo pela paz mundial, opondo-se à utilização de armas atômicas e ao envio de tropas brasileiras para a Guerra da Coreia. Passou então a trabalhar como jornalista e filiou-se ao sindicato da entidade, no Rio de Janeiro.
No final dos anos 1950 deslocou-se para Brasília, onde fixou residência e trabalhou como funcionário da empresa Novacap. Logo após o golpe de 1964, em decorrência da imposição do Ato Institucional nº 1, foi demitido sob a alegação de envolvimento com o Partido Comunista Brasileiro (PCB). No conhecido caso acerca das “Cadernetas de Prestes”, que consistiam em anotações redigidas pelo então secretário-geral do PCB Luiz Carlos Prestes, Walter foi um dos indiciados em inquérito e foi condenado a três anos de reclusão, em 1966.
Membro efetivo do Comitê Central e do Comitê Estadual de São Paulo do Partido Comunista Brasileiro, Walter foi preso no dia 3 de abril de 1974 por agentes do DOI-CODI de São Paulo. Com informações minuciosas, revelando o monitoramento do Partido e de seus membros, o relatório relacionou Walter aos codinomes “Juvenal”, “Beto” e “Jairo” e registrou suas atividades no PCB, dentre elas seu trabalho nas áreas de finanças e militar. As evidências contidas neste documento revelam o caráter político de seu desaparecimento, que integrou os acontecimentos decorrentes da Operação Radar, desencadeada pela ditadura entre março de 1974 e janeiro de 1976, almejando dizimar a direção do PCB, encarado naquele momento como inimigo maior do regime.
Segundo informações de pessoas com quem se reuniu na manhã do dia 3, Walter saiu na hora do almoço dizendo que voltaria para o jantar, porém, não mais apareceu. Com a ausência no decorrer dos dias subsequentes, a família iniciou uma busca incessante por notícias. Walter foi preso na mesma ocorrência em que foram também detidos Luiz Ignácio Maranhão Filho e João Massena Melo, pelo DOI-CODI do II Exército, em São Paulo.
Em entrevista publicada na revista Veja, de 1992, o ex-sargento do Exército Marival Dias Chaves, agente da ditadura, declarou que Walter foi conduzido à casa que o Centro de Informações do Exército mantinha em Petrópolis (RJ), onde foi morto. Em depoimentos à Comissão Nacional da Verdade, Marival corrobora esta versão, afirmando que Walter foi preso em São Paulo e enviado para o Rio de Janeiro, em 1972, para a “Casa da Morte”. Na certidão de óbito de Walter a única informação que consta é que ele teria morrido no ano de 1974. Sua família continua à espera de esclarecimentos sobre seu desaparecimento e da localização e identificação de seus restos mortais.
Camarada Walter Ribeiro, presente, hoje e sempre!
Fonte: Memorial da Resistência de São Paulo
https://memorialdaresistenciasp.org.br/pessoas/walter-de-souza-ribeiro/