Massacre de Medianeira: por justiça e reparação

Marcelo Chalreo – Célula de Direitos Humanos do PCB RJ

O Estado brasileiro, como noticiado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos – CIDH, em carta endereçada às/aos peticionárias/os, isto é, às organizações e pessoas que demandaram a intervenção da Comissão, acaba de ser notificado quanto ao Massacre de Medianeira.

O episódio, ocorrido no ano de 1974, no Parque Nacional do Iguaçu, levou à chacina de seis ( 6 ) integrantes da Vanguarda Popular Revolucionária – VPR, sob o direto comando do Centro de Informações do Exército – CIE. A emboscada que vitimou aqueles seis companheiros de luta só foi possível graças à colaboração direta de um “ cachorro “ ( infiltrado / delator ) que participou diretamente do reingresso dos companheiros no Brasil para a reconstituição de um foco de guerrilha na região. Os corpos das vítimas foram enterrados nas próprias matas do Parque, nas proximidades da Estrada do Colono, sendo que um foi jogado em um rio, estando hoje submerso pelas águas da barragem de Itaipu.

Durante mais de 20 anos de pesquisas sobre essa terrível tragédia, em boa medida coordenadas pelo destemido companheiro Aluízio Palmar (para mais informações vide https://documentosrevelados.com.br/, importante acervo onde estão colacionadas informações e documentos de extrema valia sobre a ditadura empresarial-militar), escavações (ainda que parciais) foram realizadas no local sem que se pudessem localizar os restos mortais dos chacinados.

Além disso, o inquérito policial federal instaurado para apurar os fatos relativos a esta chacina segue paralisado há anos. Ou seja, o Estado brasileiro continua absolutamente silente sobre toda a verdade do acontecido, a localização dos restos mortais dos militantes, ao passo que, nas palavras do próprio Aluízio, “os familiares estão cobrando resultados…”.

Nessa linha, o seguimento do procedimento no âmbito da Comissão IDH é passo importante para que, não havendo resposta adequada e completa do Estado brasileiro, se possa, como em outros casos – Herzog, Guerrilha do Araguaia etc – se instaurar o competente juízo acusatório contra o Brasil perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos, que possui competência sancionadora ante os estados que integram o sistema interamericano de Direitos Humanos.

O PCB saúda e se irmana à luta incansável dos familiares de Onofre Pinto, José Lavecchia, Joel José de Carvalho, Vitor Carlos Ramos, Daniel José de Carvalho e Enrique Ernesto Ruggia (presentes !!!), cobra do Estado brasileiro o amplo, devido e fundamental desvelamento dessa matança perpetrada pela ditadura de 1964-1985, assim como as devidas reparações às famílias desses militantes e aguerridos companheiros.

Por Memória, Verdade, Justiça e Reparação!