108 anos da Revolução Bolchevique

Cartaz: “Trabalhadoras, peguem os rifles” (1917) – Lev Brodarty
Por Nathália Mozer – diretora da Fundação Dinarco Reis
A Revolução de Outubro de 1917 não foi um mero evento histórico, mas o início de um novo momento onde os trabalhadores russos tomaram em suas mãos as rédeas do seu próprio modo de viver. Sob liderança dos bolcheviques, o povo russo demonstrou ao mundo que era possível derrubar o império e construir uma sociedade baseada na justiça social e no uso coletivo da terra e dos meios de produção.
O contexto de fome e guerra tornava péssima a vida dos trabalhadores e das trabalhadoras. Enquanto o governo provisório mantinha a Rússia na guerra mundial, as ruas eram tomadas por manifestações que exigiam “paz, pão e terra”. A tomada do poder em outubro foi o coroamento de um processo revolucionário onde os conselhos operários (sovietes) tomaram o poder.
A revolução promoveu uma transformação sem precedentes na condição de vida das mulheres. Imediatamente após a tomada do poder, os novos governantes socialistas promulgaram leis que colocaram a Rússia Soviética na vanguarda dos direitos femininos em todo o mundo. O Código da Família de 1918 estabeleceu a igualdade jurídica plena entre homens e mulheres, concedeu o direito ao divórcio a pedido de qualquer dos cônjuges, eliminou distinções entre filhos “legítimos” e “ilegítimos” e garantiu à mulher o controle sobre sua renda. Estes foram instrumentos concretos para liberar as mulheres da escravidão doméstica e da dependência do casamento.
Uma revolução na vida das mulheres
Os/as revolucionários/as agitavam que a libertação das mulheres era inseparável da libertação de toda a classe trabalhadora. Foram criadas redes de creches, lavanderias e refeitórios comunitários destinados a socializar o trabalho doméstico, tradicionalmente não remunerado e imposto às mulheres. A legislação trabalhista mais avançada do planeta garantia licença-maternidade remunerada e igualdade salarial. Alexandra Kollontai, Clara Zetkin e Nadejda Krupskaia tornaram-se vozes teóricas e práticas desta emancipação, defendendo que a verdadeira liberdade feminina exigia tanto a independência econômica quanto uma mudança nos costumes sexuais e familiares.
O terceiro pilar da emancipação feminina foi a abertura massiva da educação e de todas as profissões. Às mulheres soviéticas foram dadas as condições para se tornarem engenheiras, médicas, cientistas, juízas, pilotas, etc… Esta transformação não apenas elevou imensamente a condição social das mulheres, mas também serviu como inspiração para as lutas feministas em todo o mundo, demonstrando na prática que a igualdade formal era insuficiente sem as condições materiais que a tornassem realidade. As bolcheviques colocaram as questões das trabalhadoras no centro do projeto de construção do socialismo.
A própria existência da União Soviética atuou como um fator de pressão sobre os capitalistas. O medo da revolução forçou as elites governantes dos países capitalistas a fazerem concessões significativas aos movimentos trabalhistas para evitar levantes. O surgimento do Estado de Bem-Estar Social na Europa do pós-guerra, com seus direitos trabalhistas, seguridade social, saúde pública e educação universal, não foi uma mera concessão benevolente, mas uma resposta direta à ameaça representada pelo bloco socialista. O legado de 1917 permanece vivo e serve de aprendizado às várias gerações de militantes revolucionários que lutam e sonham com uma nova forma de produzir a vida sem exploração de classe.
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