Plebiscito Popular: uma campanha necessária

A esquerda entre a unidade necessária e o purismo estéril
Janderson Silva – Mc, militante do PCB e Secretário Político da UJC/SP

A construção do Plebiscito Popular 2025 é um dos raros esforços de unidade entre setores da esquerda em torno de um programa mínimo comum. Mais do que uma simples consulta, ele é uma ferramenta de mobilização que leva a urna até as pessoas, convidando-as a se posicionar acerca da superexploração do trabalho e da taxação de grandes fortunas. Ao fazer isso, a campanha tem criado condições para o trabalho de base, fortalecendo a articulação entre as forças de esquerda e exercitado a participação política dos trabalhadores.

Essa campanha, somada às lutas contra as chantagens imperialistas de Trump (pela soberania nacional) e, respectivamente, pela prisão dos golpistas do 8 de Janeiro, apresenta uma oportunidade histórica de recolocar as contradições de classe no centro do debate público, rompendo com uma década em que a direita ditou os termos da política nacional e colocando-os na defensiva. Em um mês de Plebiscito, o movimento já cadastrou mais de 10 mil urnas em todo o país. Em Setembro, o resultado da coleta de votos será entregue ao Lula, ao Congresso e ao STF, mas esse é só o rito formal da campanha — o essencial dela se expressa no seu papel mobilizador e pedagógico. Mas, para que essa luta altere a correlação de forças e seja efetiva, é preciso atuar em bloco, com unidade real, primeiramente entre a própria militância de esquerda. E não é isso que tem acontecido.

Diante dessa tarefa urgente, tem sido lamentável ver setores significativos da esquerda abrindo mão de se somar à construção da única campanha nacional em curso que toca nesses temas com um potencial de massa. Como se já não bastasse o baixo envolvimento coletivo de alguns grupos, faltando cerca de um mês para o encerramento da coleta de votos, ainda há figuras com grande visibilidade, influência e estrutura que preferem a omissão, por um lado, e o purismo, por outro: nem constroem o plebiscito, nem apresentam iniciativas à altura da gravidade da
conjuntura — só apontam “limites”. São alucinadamente viciados em apontar limites!

O camarada Gustavo Marun, do PCB/RJ, acertou em cheio quando, num texto publicado aqui no nosso site, disse que esses messias do marxismo acreditam que “não podem se misturar com os ‘impuros’ e que basta só erguerem suas bandeiras vermelhas, que a classe há de segui-los”. Trata-se de pessoas que enxergam a política como um jogo de roteiro ideal, em que só vale participar se todas as condições forem perfeitas. Apontam corretamente os limites impostos pelo Novo Teto de Gastos, mas adotam uma postura de purismo que, na prática, os leva a ignorar justamente a campanha popular que pode acumular força social para enfrentá-lo.

Se queremos, de fato, construir um movimento revolucionário no Brasil, é preciso superar essas picuinhas e compreender que, nesse caso em específico, a unidade em torno de pautas mínimas não significa concessão ao reformismo, nem apoio acrítico ao governo, mas um passo tático poderosamente oportuno para mudar a correlação de forças no país e retomar as ruas com protagonismo. Por isso, reafirmo o que tenho dito por aí: o PCB acerta em exercer o equilíbrio entre a unidade e a crítica à esquerda liberal; em participar ativamente do Plebiscito
Popular 2025, ao passo que não abre mão de deixar clara sua oposição ao Novo Teto de Gastos e às políticas neoliberais do governo Lula. Com base numa leitura de fato dialética da luta política, baseamos nossa análise nas possibilidades de mediações, nos movimentos e na correlação de forças da conjuntura, não num purismo que só serve à autoconstrução. Em diversas cidades, nosso Partido, junto às esquerdas locais, tem levado a urna às ruas, aos sindicatos e aos nossos espaços de influência, colocando em evidência e ajudando a construir esse
importante movimento.

Para mais informações sobre o plebiscito, acesse os links relacionados:
https://linktr.ee/plebiscitopopular2025?fbclid=PAZXh0bgNhZW0CMTEAAadpNFFSN