Direita quer usar bens do Estado para se eleger

Joédson Alves/Agência Brasil
Ghabriel Ibrahim – militante da UJC RJ
PLC 40 reedita venda da Cedae e serve somente para fins eleitoreiros
No dia 12 de novembro, o texto do PLC 40 foi à discussão no plenário da Alerj. O Projeto de Lei Complementar em questão é de autoria do Governo Claudio Castro, do Estado do Rio de Janeiro, e autoriza o Executivo a alienar imóveis públicos estaduais.
O COMPLEXO DO MARACANÃ E O ELEITORALISMO RASTEIRO DA BASE GOVERNISTA
Na Alerj, o grande defensor do projeto é Rodrigo Amorim, que retomou diversas vezes em sua fala a defesa da venda do estádio do Maracanã, local de valor cultural e histórico inestimável para o Rio de Janeiro. Ao fazê-lo, mencionava com frequência o Flamengo como comprador, evidenciando a raiz eleitoreira do projeto. Na verdade, Amorim trabalha com o relator Alexandre Knoploch e com o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, que conversa com o presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, visando se reforçar para a disputa eleitoral de 2026. Bacellar não quer perder a oportunidade de ganhar votos da maior torcida do país, mesmo que isso signifique prejudicar a população fluminense.
O mais absurdo é que essas figuras parecem trabalhar com o preço de 2bi para a venda do Complexo Esportivo como um todo. Em que lugar do mundo há uma estrutura desse porte em área central com tamanha identificação cultural sendo vendida por esse preço irrisório? Mais: enquanto o estádio funciona como concessão ao Flamengo e ao Fluminense, o Parque Aquático Julio Delamare é utilizado para competições e aulas gratuitas de natação, cumprindo função social evidente.
DEMONSTRAÇÃO DE PODER EM POLITICAGEM REACIONÁRIA
Amorim, Bacellar e Knoploch também se unem a Castro visando enfraquecer movimentos sociais que não rezam a cartilha da direita. Exemplo é a verdadeira obsessão de Amorim com a Aldeia Maracanã, também inserida entre os bens para a venda. Ocorre que o espaço está sob disputa judicial. A aldeia promove frequentes atividades culturais e pedagógicas. Segundo Amorim, “o que há lá hoje é uma ocupação residual, com poucas pessoas que se autodenominam indígenas, mas que na prática transformaram o espaço em uma área de militância”.
Na lista inicial dos imóveis do PLC 40, constava também o prédio em que funciona o grupo Tortura Nunca Mais, que denuncia os crimes da ditadura. Embora a CCJ tenha retirado seu imóvel na primeira revisão, Amorim segue reforçando que irá incluí-lo novamente porque “a organização teceu diversas críticas ao governo” e “quem quer fazer militância que o faça com seu próprio dinheiro”. O padrão é evidente: independentemente de recomendações técnicas da própria comissão que compõe, Amorim quer fazer das vendas um golpe contra grupos políticos dos quais discorda. É nesse sentido que foram incluídos também os imóveis da Casa Nem e da Casa de Referência Almerinda gama.
COMO FICAM OS CIDADÃOS?
Entre os imóveis adicionados, constam seis terminais rodoviários: Terminal Cel. Américo Fontenelle (região da Central); Rodoviária Novo Rio; Rodoviária Roberto Silveira, em Niterói; Terminal Rodoviário de Xerém; Terminal Rodoviário de Nilópolis; e Terminal Rodoviário de Nova Iguaçu. Além desses, agora querem também vender parte do complexo do Engenhão Como ficará o uso por parte da população?
RELEMBRANDO O ESCÂNDALO DO CEPERJ
O Ministério Público Eleitoral denunciou Castro por cometer abuso de poder político e econômico e conduta vedada pelo uso de “folha de pagamento secreta” com 27 mil cargos temporários no Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro (Fundação Ceperj) e na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
O esquema foi descoberto após bancos informarem saques de dinheiro vivo na “boca do caixa” que somaram R$ 248 milhões.O MPE afirma que os depoimentos de testemunhas “não deixam dúvidas sobre o conhecimento e anuência” de Castro, Bacellar e do ex-vice-governador Thiago Pampolha sobre o esquema.
O Tribunal Superior Eleitoral começou a julgar no começo do mês de novembro o pedido de cassação de Castro, atual governador do Rio de Janeiro, e de Rodrigo Bacellar, presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Em defesa do patrimônio público e cultural do Estado do Rio de Janeiro!
NÃO ÀS PRIVATIZAÇÕES!
PELO PODER POPULAR!
