A luta antirracista é uma luta anticapitalista

O processo de desenvolvimento das relações sociais dentro do sistema capitalista é mediado pelas relações econômicas, onde tudo acaba assumindo um duplo valor de forma intrínseca (valor de uso e valor de troca).
Diante desta realidade incontornável, desde o período colonial/mercantilista com a invasão de novos territórios (as Américas) até a atualidade, uma determinada população foi racializada, subjugada e escravizada para atender aos interesses econômicos das classes dominantes colonizadoras.
Esses povos racializados organizaram-se, lutaram e, diante de um movimento amplo, conseguiram romper, através de diversas frentes, com o sistema escravocrata, conquistando sua liberdade formal, mas sem garantias que pudessem dar igualdade de oportunidades para essa população.
A população negra conquistou sua liberdade, porém, seguiu sendo estigmatizada, perseguida e superexplorada na emergente sociedade capitalista no Brasil. Diante de toda situação imposta à população negra, seguimos até hoje ocupando as piores ocupações profissionais, com os piores salários e compondo a base da pirâmide social.
O Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo (composta em mais de 60% por negros e negras), e os governos burgueses adotam uma política de “segurança” voltada ao extermínio do povo preto, principalmente a juventude, como demonstraram as recentes chacinas no Rio de Janeiro. Entre 2020 e 2023, o país registrou mais de 16 mil mortes causadas por intervenções policiais, sendo a imensa maioria delas de homens jovens e negros.
Além disso, estatísticas mostram que 45% dos quilombos estão em áreas diretamente ameaçadas pelo desmatamento e pela grilagem de terras, comprovando que o avanço do agronegócio é também uma ameaça à cultura e à sobrevivência negra no campo.
Embora o desemprego geral tenha diminuído, os postos de trabalho ocupados por negros e negras continuam sendo os mais precarizados, marcados pela informalidade, precarização e baixa remuneração. O racismo continua determinando as condições de trabalho e renda no país, mesmo quando a taxa geral de desocupação apresenta variações. Negros e negras ocupam, em grande maioria, os postos de trabalho mais precarizados e informais, com rendimentos médios que representam 57,4% do salário de trabalhadores brancos.
Diante de todo esse cenário, fica evidente que o racismo é imposto como estrutural e parte essencial da manutenção do sistema capitalista, manifestando-se de várias formas, seja através do racismo ambiental, religioso, recreativo e regional, entre tantos outros.
Nós do Partido Comunista Brasileiro (PCB), acreditamos que, na luta de classes, a luta antirracista é parte fundamental do enfrentamento ao sistema capitalista, que se alimenta do racismo como uma das formas para seguir aprofundando as desigualdades e se reproduzindo. O papel dos e das comunistas é romper essa visão racializada da sociedade, combater toda forma de opressão e discriminação, associando tais lutas à batalha contra o capitalismo e pelo poder popular no rumo do socialismo.
Por isso, afirmamos como a camarada Ângela Davis: “Não adianta apenas não ser racista. Precisamos ser antirracistas!”
Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Secretaria de Lutas Antirracistas
