Mulheres vivas!

Pelo direito de viver em paz, basta de violência e feminicídio!

Não existe lugar seguro para as mulheres no capitalismo! O contexto de violência sexual e de gênero em nosso país e no mundo vem se agravando. O feminicídio não é um fenômeno isolado; é produto da relação histórica entre patriarcado e capitalismo. O sistema se sustenta na exploração da força de trabalho das mulheres e no trabalho doméstico gratuito que recai sobre elas. Essa dupla exploração gera dependência econômica, sobrecarga emocional e limitações materiais que dificultam a ruptura de ciclos de violência.

Somente em 2024, foram registrados 1.450 feminicídios no Brasil, o equivalente a uma mulher morta a cada 17 horas. Em São Paulo, os números de 2025 já configuram um recorde histórico: 53 casos registrados apenas entre janeiro e outubro na capital e 207 casos no estado, um aumento de 8% em relação ao ano anterior. No Rio de Janeiro, foram 107 feminicídios em 2024, a maioria de mulheres negras e mortas dentro de casa. No Rio Grande do Sul, apesar da queda percentual, 72 mulheres foram assassinadas em 2024.

No Rio Grande do Norte, a grande preocupação está na escalada das tentativas de feminicídio, que aumentaram mais de 70% em 2024. Em Minas Gerais, foram 60 feminicídios apenas no primeiro semestre de 2025. Trazemos esses dados de diferentes regiões para mostrar que essa é uma realidade em cada canto do nosso país.

Ao mesmo tempo que nossa luta vem conquistando avanços, enfrentamos ataques e retrocessos constantes, além das consequências da divisão sexual do trabalho, a imposição de um trabalho doméstico desgastante e a violência sob suas diferentes formas, em casa, na rua e no trabalho. O capitalismo, em sua lógica de exploração, mantém as mulheres, especialmente as da classe trabalhadora, sendo submetidas a múltiplas jornadas, sobrecarga emocional, dependência econômica e precarização da vida.

Esse cenário agrava as condições materiais que sustentam e promovem o ciclo da violência. A opressão patriarcal, estruturada para controlar os corpos, a sexualidade e o trabalho das mulheres, é parte importante da estrutura que sustenta o sistema: reduz salários, garante trabalhos doméstico gratuito e mantém desigualdades que favorecem a acumulação capitalista.

No Brasil, o reconhecimento da violência contra a mulher como um problema social é muito recente, isso porque a primeira lei a punir os agressores pelas violências no ambiente público e privado se deu em 2006, com a Lei Maria da Penha. Somente em 2012, foram divulgados pela primeira vez, nacionalmente, dados sobre homicídios de mulheres no Mapa da Violência.

As legislações existentes (Maria da Penha-2006 e a Lei do Feminicídio-2015) foram conquistas do movimento de mulheres organizado e representam avanços significativos. Contudo, a realidade demonstra que a garantia formal de direitos não basta. A ausência de uma rede pública de cuidado, a insuficiência de abrigos, a demora na concessão de medidas protetivas e a falta de autonomia econômica mantêm milhares de mulheres presas a relações violentas. Sem enfrentar a base material da desigualdade, as leis atuam apenas depois da violência — não na prevenção.

É preciso fortalecer uma rede de proteção ampla e que garanta acolhimento, moradia, saúde, trabalho, creches e condições materiais de vida digna. E, sobretudo, é preciso enfrentar as raízes estruturais da violência. Isso só será possível em uma sociedade que rompa com a lógica capitalista de exploração e com o patriarcado que a sustenta.

Precisamos estar organizadas em espaços de luta para pensar melhores condições de vida, e construir o projeto de sociedade que queremos viver, pelas nossas vidas e pelas vidas das que virão.

Diante dos últimos casos brutais de feminicídio e do aumento alarmante dos índices de feminicidios e violencia, o Coletivo Feminista Classita Ana Montenegro se soma ao chamado para ocupar as ruas neste domingo 7/12. A construção de um mundo onde não exista violência e opressão passa por uma transformação profunda e estrutural que permita a emancipação de toda a humanidade!

Seguimos na luta pelo direito a uma vida sem violência, pelo fim de todas as formas de violência e opressão, pela construção do poder popular no rumo do socialismo!

Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro

Filiado à FDIM