O escândalo do Banco Master

PELA ESTATIZAÇÃO DOS BANCOS SOB CONTROLE POPULAR!
Nota Política do Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Nesta terça-feira, dia 18/11, o povo brasileiro tomou conhecimento de uma operação policial contra uma organização criminosa que desviou bilhões de reais do Banco de Brasília e comprometeu outros bilhões de reais em recursos de fundos de previdência de municípios e do Estado do Rio de Janeiro. Como a sede desta organização criminosa se situa na Avenida Faria Lima, um dos endereços mais luxuosos do país, a operação da Polícia Federal prendeu vários criminosos do colarinho branco sem disparar um só tiro.
No centro da trama criminosa financeira está o Banco Master e seu proprietário e presidente, Daniel Vorcaro. Em 2018, Vorcaro adquiriu o que então tinha o nome de Banco Máxima (oriundo da corretora Máxima fundada nos anos 1970 e transformada em banco nos anos 1990), que já naquela época passava por dificuldades financeiras.
Vorcaro catapultou o crescimento do Master, que multiplicou seu patrimônio líquido 25 vezes em apenas cinco anos. Tal crescimento exponencial foi baseado em duas estratégias: oferecimento de rentabilidade acima do mercado e contatos políticos, especialmente no Centrão e na extrema-direita bolsonarista. Estes contatos facilitaram a participação do Master em oferta de crédito consignado e foram decisivos para a verdadeira relação incestuosa de autênticos “gêmeos siameses financeiros” entre o Master e o Banco Regional de Brasília, o BRB.
Desde 2022, já se sabia no mercado financeiro que o Master estava mal das pernas. Em 2024, ainda no governo Bolsonaro, estourou a denúncia de que gerentes da área financeira da Caixa Econômica Federal haviam perdido o cargo após barrarem uma operação “atípica e arriscada” que pretendia aportar R$500 milhões da Caixa Participações no Banco Master.
Nesta investigação de agora, o Banco Central e a Polícia Federal detectaram que o BRB transferiu R$16 bilhões para o Master, pelo pagamento de uma carteira de crédito fraudulenta que teria sido emitida originalmente por uma empresa de fachada – a Tirreno, de propriedade de um ex-funcionário do Master – sendo que o Master não pagou um centavo sequer por esta carteira. Como em março deste ano o Master negociava sua aquisição pelo BRB, a suspeita é de que este repasse esdrúxulo seria uma forma de venda dissimulada de parte do banco.
Na véspera da liquidação, Vorcaro anunciou estar negociando com a holding financeira Fictor e um consórcio de investidores dos Emirados Árabes Unidos a aquisição do Master com um aporte de R$3 bilhões. Vorcaro foi preso no aeroporto quando se preparava para embarcar num jatinho rumo à ilha de Malta; sua defesa alega que seu destino final era Dubai, para se encontrar com os investidores árabes.
A novela de negociatas tem mais um capítulo escabroso: o governo Cláudio Castro aportou R$ 960 milhões do RioPrevidência – fundo previdenciário dos/as funcionários/as aposentados/as do Estado do RJ – em três fundos de investimento do Banco Master, mesmo depois de vários ofícios do Tribunal de Contas do Estado desaconselhando as operações. Também a estatal CEDAE aportou mais de R$250 milhões em um único CDB; antes da liquidação do Master, a CEDAE tentou o resgate parcial deste investimento, sem sucesso. Certamente não é coincidência que a rede de relacionamentos políticos de Vorcaro na direita brasileira tenha estendido seus braços para o dinheiro administrado pelo governo estadual do Rio de Janeiro.
Como resposta à relação incestuosa entre o criminoso de colarinho branco do Banco Master e a direita política da Diretoria do Banco Regional de Brasília, analistas financeiros informam que o Banco Central estuda a federalização do BRB, uma espécie de “intervenção branca”. O PCB considera que tal medida é positiva, mas extremamente insuficiente.
Para o Partido Comunista Brasileiro, negociatas no sistema financeiro privado não são surpresa nem novidade. Desde que estourou o escândalo das ligações do crime organizado do PCC com os banqueiros da Faria Lima paulistana, tem ficado cada vez mais evidente que todo banco privado é, na sua essência, uma organização criminosa de colarinho branco.
Portanto, o PCB entende que devemos recuperar uma bandeira histórica que durante muito tempo foi defendida pela esquerda brasileira, mas que foi abandonada neste século por boa parte dos setores progressistas: a estatização do sistema financeiro sob controle popular! O caso criminoso do BRB demonstra que não basta estatizar os bancos: é preciso instaurar controle social e popular sobre o sistema financeiro.
PUNIÇÃO PARA OS CRIMINOSOS FINANCEIROS!
ESTATIZAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO SOB CONTROLE POPULAR!
Partido Comunista Brasileiro – Comitê Central
