EM DEFESA DE CUBA

3. Que pedir “… às instituições europeias para que dêem apoio incondicional e alentem sem restrições o início de um processo pacífico de transição política rumo a uma democracia pluripartidária em Cuba” não é somente um ato de ingerência, que reprovamos em virtude de nosso compromisso com os princípios de não intervenção e de autodeterminação dos povos – defendidos também pela ONU -, contrário ao colonialismo, mas também um ato que supõe um modelo único de democracia que, certamente, cada vez se mostra mais insuficiente e questionável. A busca do aprofundamento da democracia supõe, entre outras coisas, transcender seus níveis formais e inventar novas formas autenticamente representativas que não necessariamente estão definidas pelo pluripartidarismo que, como bem se sabe, encobre frequentemente o fato de que as decisões sobre os grandes problemas mundiais são tomadas unilateralmente por pequenos grupos de interesse com imenso poder, muito acima dos partidos.

4. Que pretender justificar uma intromissão nos assuntos políticos internos do povo cubano, manipulando midiaticamente o caso de Orlando Zapata – delinquente comum e de nenhuma maneira preso político -, coincide com as políticas contrainsurgentes que estão sendo aplicadas na América Latina para deter ou distorcer os processos de transformação emancipadora em curso, e soma-se ao criminoso bloqueio ao qual o povo cubano tem sido submetido, pelo simples fato de não aceitar imposições e defender seu direito de decidir seu destino com dignidade e independência.

5. Que compartilhamos da preocupação demonstrada pelos parlamentares sobre o respeito aos direitos humanos em Cuba, mas a estendemos ao mundo em sua totalidade. Assim como lhes preocupa o caso do delinquente falecido (que em 40 anos não tem nenhum antecedente similar), os convidamos a exigir: o fim da ocupação israelense de Gaza e do fustigamento ao povo Palestino, que tem provocado não uma mas sim milhares de mortes; da intervenção no Iraque e no Afeganistão que tem semeado morte e terror em populações e cidades; dos bombardeios nesses lugares com o argumento de defender a democracia; o fim da dupla ocupação do Haiti; o fechamento da prisão de Guantanamo e a entrega desse território a Cuba, a quem pertence; a devolução das ilhas Malvinas à Argentina; e, é claro, o fim de um bloqueio que viola os direitos humanos do povo cubano e que pode pôr em dúvida a qualidade moral de quem exige trato humano para um delinquente quando o nega a um povo inteiro.

O assédio econômico e midiático ao qual Cuba está sendo submetida, ainda antes do óbito do preso comum Orlando Zapata, constitui um atentado contra os direitos humanos e políticos de um povo que decidiu fazer um caminho diferente. Exigimos respeito aos processos internos do povo cubano para definir e exercer sua democracia, e que haja consequência com os princípios universais de não intervenção acordados pelas Nações Unidas.

Por favor, difundir. Pedimos que enviem seus nomes para aderirem a convocatória na página: edhcuba@cubarte.cult.cu

(Traduzido por Roberta Moratori)

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