O PCV não promoverá aliança com a oligarquia, mas sim com o povo

Caracas, 9 out. 2012, Tribuna Popular TP.- A Comissão Política do Comitê Central do Partido Comunista da Venezuela (PCV) tomou uma posição sobre os chamados que existem para promover uma aliança de «unidade nacional» entre o governo e os líderes da oposição depois dos resultados das eleições de 7 de outubro, onde foi reeleito o Presidente Chávez para um novo período presidencial entre 2013 e 2019.

“Nós não podemos, não devemos e não vamos fazer, desde o Partido Comunista, uma exortação a Chávez, nem ao Executivo, para estabelecer um tipo de aliança que seria Azeite e Água entre setores pró imperialistas e sionistas que estão a serviço do grande capital, e os que se identificam com os interesses dos povos, da pátria, da Nação, da Soberania, da autonomia e da independência com desenvolvimento soberano”, enfatizou Oscar Figuera, secretário-geral do PCV, que ainda agregou “e isso nós queremos deixar bem claro”.

O deputado do Partido Comunista, Oscar Figuera, perguntou “Capriles está disposto a assumir uma postura de rechaço aos esforços de recolonização do imperialismo norte-americano no continente latino-americano? Está disposto a desenvolver uma política que signifique que os que são mais ricos aportem em função de superar a situação de pobreza que ainda existe em nosso povo?”

“O nosso problema não é etéreo, o nosso problema é concreto. Que interesses de classes representam eles e que interesses de classes representamos nós?”

Diante do questionamento de um jornalista, Figuera declarou: “Nós não dizemos que é uma força pró imperialista e sionista, porque nem todos os que votaram em “Capriles são pró imperialistas, nem mesmo sionistas, é a primeira coisa que queremos dizer, por isso saudamos a todo o povo venezuelano. Porém, há uma direção que encarna o ex-candidato que todos sabemos de onde vem, que todos sabemos a quem pertence, que todos conhecemos muito bem sua identidade ideológica com o sionismo e seu compromisso com o imperialismo, e que é um pequeno grupo, que não é a maioria da oposição, que tem uma proposta neoliberal, de recuperar o Estado para colocá-lo a serviço do grande capital e que tem uma proposta que vai em direção contrária a um projeto, como o projeto patriótico, nacional, popular, revolucionário que vem atendendo as necessidades de nosso povo e que tem como objetivo o ser humano como centro do desenvolvimento”, expôs o dirigente comunista.

Figuera deixou assim muito clara a diferença que existe entre a cúpula opositora, liderada hoje pelo ex-candidato à presidência Henrique Capriles e o povo opositor que votou nele.

Para o Partido Comunista o processo de integração dos setores do povo opositor que apoiaram o candidato da direita, “que não são pró imperialistas, que não são sionistas, nem fascistas, que é a grande maioria», deve se dar sobre as bases da aprofundamento dos mecanismos de participação que permita que frente ao imperialismo, haja unidade nacional”.

Por tanto, declarou que “é necessário construir, fortalecer e desenvolver os mecanismos de trabalho com todo o povo, mas não com essa direção fascista e pró imperialista, com todo o povo, o que é distinto. Isso significa adotar medidas e uma linha que faça com que os distintos níveis do aparato do Estado, das instituições e das forças políticas e sociais assumamos, como disse uma vez Fidel (Castro) que esses 6 milhões de eleitores que se expressaram a favor da oposição, não são burgueses, não são oligarcas, não são fascistas, não são pró imperialistas”, destacou.

Para o dirigente comunista é necessário identificar “porque, desde o ponto de vista da consciência e da realidade material, social, hoje votam por uma opção que não representa seus interesses. Nós estamos obrigados a identificar isso para trabalhar com mais força essa construção e desmonte ideológico. Porém também trabalhar nossas próprias debilidades e erros que permitem que um importante setor do povo venezuelano se identifique com seus opressores”, indicou.

Como existem ideias em alguns setores de propiciar uma chamada “Unidade Nacional” com os setores da oligarquia pró imperialista, Figuera assinalou que “nós vamos aprofundar o esforço para continuar avançando na construção do Grande Polo Patriótico, enfatizando a linha de articulação real com o movimento popular revolucionário. Necessitamos construir uma correlação de forças, no próprio seio da aliança anti-imperialista que garante que esta, liderada pelo Presidente Chávez, avance na direção do aprofundamento da revolução e da construção do socialismo”, enfatizou.

Para avançar e levar a cabo o processo de aprofundamento da revolução, o PCV assinala que é necessário como medida básica a construção de instrumentos de unidade e o fortalecimento de espaços de Direção Coletiva, “para que ali identifiquemos, no debate criador, profundo e leal entre revolucionários, qual é a realidade. Nós temos nossa apreciação”, declarou.

Figuera manifestou finalmente que “nós apreciaríamos ter uma reunião com o Presidente Chávez para discutir estas questões”.

VIDEO: http://www.jotaceve.org/index.php/en/comite-central/1531

Tradução: PCB – PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO