DEVEMOS TER BEM CLARO QUE CHÁVEZ MORRE, MAS SEU LEGADO VIVE
“DEVEMOS TER BEM CLARO QUE CHÁVEZ MORRE, MAS SEU LEGADO VIVE. VIVE EM TODAS AS PARTES DO MUNDO ONDE SE LUTE PELA JUSTIÇA SOCIAL. CHÁVEZ PRESENTE!”
Programação Especial da CX36 diante do falecimento do líder bolivariano
A Radio Centenario manteve, nesta quarta-feira, uma programação especial desde a tarde de terça-feira, 5 de março, devido ao falecimento do líder da Revolução Bolivariana, presidente Hugo Rafael Chávez Frías. “Hugo Chávez vai entrar na história como uma figura à altura de José Artigas no Uruguai, José Martí em Cuba ou Simón Bolívar em toda a América Latina”, disse na oportunidade o sociólogo norte-americano James Petras, colunista exclusivo da CX36 em espanhol e que transcrevemos a seguir.
Baixe aqui o áudio desta entrevista em mp3: https://soundcloud.com/adriada/2013-03-06-progama-especial
Efraín Chury Iribarne: Nesta programação especial da CX36, Radio Centenario, é imprescindível a presença, as palavras, a análise de nosso colunista James Petras. Bem vindo, Petras. Bom dia.
James Petras: Bom dia.
Primeiramente, o que senti foi um grande golpe. É uma grande perda para a América Latina.
Porém, depois de algumas reflexões, devo dizer que Hugo Chávez vive. Ou seja, fisicamente morre, mas deixa um legado muito amplo, muito profundo, que afeta não só a Venezuela e a América Latina, mas o mundo inteiro.
Falando concretamente, Chávez demonstrou como um pequeno país pode enfrentar e derrotar ao imperialismo, manter as tradições democráticas, implementar programas muito avançados socialmente, apoiar uma integração regional poderosa e dar um exemplo de conduta ética na política em um mundo tão corrupto, tão selvagem, onde presidentes como Barack Obama, podem tomar decisões de assassinar a qualquer cidadão sem nenhum processo judicial.
Frente a este panorama, Hugo Chávez vai entrar na história como uma figura à altura de José Artigas no Uruguai, José Martí em Cuba ou Simón Bolívar em toda a América Latina.
Devemos levar em conta que Chávez realizou grandes construções a nível institucional, pondo como exemplo as instituições de integração, como ALBA, CELAC.
Em segundo lugar, estabeleceu normas políticas para cuidar das agressões imperialistas, como a convocatória das reuniões latino-americanas, condenando os golpes de Estado em Honduras e Paraguai.
Porém, acima de tudo, aqui nos Estados Unidos, temos recordações muito claras da posição de Chávez no momento em que o presidente George Bush lançava a guerra contra o terrorismo. Em um momento de grandes tensões, Chávez declarou frente a isso: “Não se pode lutar contra o terrorismo utilizando os métodos terroristas”. E isso causou a ira e a histeria na Casa Branca, porém Chávez foi o único Presidente no mundo que se atreveu a dizer que o terrorismo de Estado é tão condenável como o terrorismo dos fanáticos. Parece-me que isto marcou com grande astúcia o caminho que outros tomaram depois, declarando que os assassinatos promovidos pela CIA eram tão graves quanto os atentados contra as Torres Gêmeas em Nova York.
Nesse sentido, Hugo Chávez entra na história como o primeiro e mais importante Presidente que define a nova política ética e humanitária.
Chávez nunca matou adversário. Obama, Hollande, todos os Presidentes da OTAN cometeram crimes contra seus próprios cidadãos e invadem outros territórios. Porém, Chávez não. Chávez manda petróleo inclusive aos pobres nos Estados Unidos, para que possam esquentar suas casas. Chávez manda médicos e ajuda humanitária aos países, em vez de armas, marines e agentes assassinos. Não se pode subestimar a importância disto.
Esta manhã, quando abri o computador, encontrei declarações da Ásia, da Malásia até a China, da América Latina, de todas as partes do mundo. Não era uma figura venezuelana e nem latino-americana. É uma figura histórica mundial e continuará tendo impacto, tendo influência na institucionalidade na América Latina, nas novas práticas de ajuda mútua, no comércio sul-sul. Criou uma ideologia que justifica programas sociais e contra a corrente na política econômica. Enquanto Obama nos Estados Unidos e Cameron na Inglaterra estão cortando programas, impondo austeridade, Chávez avança nos programas sociais, aumenta o investimento na Saúde, Educação, ajudando pequenos produtores com empréstimos baratos. Enquanto que aqui e em outros países da Europa, cresce a desnutrição infantil, se cortam os programas dirigidos aos mais pobres.
Chávez vai contra a corrente reacionária e definiu que é possível, inclusive na crise, continuar os programas sociais e não sacrificar o povo por um punhado de mercadores na Bolsa.
EChI: Deixou também elementos de integração latino-americanos importantes, seu olhar esteve posto muito além de seu país, ao qual deu a vida.
JP: Sim. Chávez morreu em sua querida Pátria, nos braços de seus familiares, saudando seus camaradas e companheiros. Vivia uma vida plena, profunda e querida.
Lembro de meus encontros com Chávez, sempre com um grande sorriso e grande apoio para a humanidade, bem humorado quando tinha possibilidade, porém outras vezes muito sério, grave, frente às grandes ameaças à humanidade.
Era, em todo sentido, um ser humano completo, não somente politicamente, como pessoa que ama a humanidade. Não eram simples palavras vazias, em sua prática. Era um homem que cumpriu suas palavras. Quando temos neste mundo tantos demagogos que prometem mudanças sociais, porém que em vez deste cortam o Orçamento, despedem centenas de milhares de trabalhadores da Saúde e professores.
Chávez cumpriu e marcou um exemplo, que nos permite medir a todos os políticos do mundo e não alcançam a estatura de Hugo Chávez.
EChI: Petras, valorizamos muito a sua participação hoje, dia em que a Radio Centenario mantém uma programação especial.
JP: Sim. E devemos ter bem claro que Chávez morre, mas seu legado vive.
Vive em todas as partes do mundo onde se lute por justiça social.
Chávez Presente!
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)