O PCB não se intimida com neonazistas
O Partido Comunista Brasileiro valoriza a nota publicada pela direção estadual do PSTU no Rio de Janeiro – que reproduzimos na íntegra mais adiante – denunciando tentativa de intimidação por parte de agrupamento neonazista na cidade.
Somos tomados por maior indignação, porque o cartaz intimidatório é dirigido diretamente aos comunistas e, como se vê em sua reprodução, ataca especificamente o símbolo histórico utilizado pelo PCB: a foice e o martelo.
Não lembrou-se entretanto o PSTU de registrar que, no edifício onde se afixaram clandestinamente os cartazes anti-comunistas, além da sede estadual desse partido, está localizada a sede nacional do PCB, que vem sendo ameaçado por setores de direita, por conta da nossa firmeza na apuração e julgamento dos crimes cometidos pela ditadura contra camaradas do nosso Partido e de outras organizações que lutavam na clandestinidade e em função de nosso internacionalismo proletário na luta contra o imperialismo.
Em nossa trajetória, que está prestes a completar 91 anos de luta, os comunistas do PCB fomos a força política que mais fortemente combateu a variante brasileira do nazi-fascismo, o integralismo. Orgulhamo-nos de ter enviado camaradas – verdadeiros heróis da humanidade – para combater tal ideologia na Guerra Civil Espanhola e na Resistência Francesa e de ter lutado para o Brasil entrar na Segunda Guerra contra o Eixo. Não nos intimidaremos com essa ameaça.
Conclamamos todas as forças progressistas a ficarem atentas e somarem esforços para enfrentarmos essas tentativas de intimidação. A história registra que sempre os primeiros a serem perseguidos pelos nazi-fascistas são os comunistas.
Por isso, lembramos Bertold Brecht em seu poema ‘A Indiferença’, escrito durante a escala nazista na Europa:
“Primeiro levaram os comunistas,
Mas eu não me importei
Porque não era nada comigo.
Em seguida levaram alguns operários,
Mas a mim não me afetou
Porque eu não sou operário.
Depois prenderam os sindicalistas,
Mas eu não me incomodei
Porque nunca fui sindicalista.
Logo a seguir chegou a vez
De alguns padres, mas como
Nunca fui religioso, também não liguei.
Agora levaram-me a mim
E quando percebi,
Já era tarde.”
Nota do PSTU:
Ameaça neonazista no Rio de Janeiro
Organização neonazista ameaça movimentos sociais e partidos de esquerda com cartazes espalhados pela cidade
PSTU – RJ
• Na semana do 8 de Março, dia Internacional de Luta da Mulher Trabalhadora, o bairro da Lapa foi coberto por cartazes de uma organização neonazista denominada“Combat 18 – Divisão RJ”. O 18 é derivado das iniciais de Adolf Hitler. O “A” e o “H” são a primeira e oitava letras do alfabeto latino.
Em uma clara tentativa de intimar e provocar os movimentos sociais, muitos dos cartazes foram afixados nas colunas do prédio onde está situado o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – PSTU. Um dos cartazes afirma: “Comunistas e subversivos, o Combat 18 está de olho em vocês.(…) Ninguém será poupado!!!(…) Estejam preparados pois a única alternativa para vocês é a MORTE!!! (…) Lixo vermelho a sua hora chegou”.
Original da Inglaterra, o Combat 18 tem seções em alguns países do mundo, inclusive no Brasil. É o braço armado do National Front, partido inglês de extrema direita nacionalista, fundado na década de 70. Nas eleições de 1979, recebeu mais de 190 mil votos. Em 2010, apresentou 17 candidaturas nas eleições gerais e 18 nas locais, não obtendo uma única representação. Possui ligações com os famosos torcedores hooligans e uma rede de bandas que promovem músicas neonazistas, o Blood&Honour (Sangue e Honra).
O blog da seção do Rio de Janeiro exibe os “Códigos da Raça Ariana”; os “25 pontos do Partido Nacional-Socialista Alemão (1920)”; imagens de espancamentos de moradores negros de rua; cartazes de agitação, além de inúmeras “teorias” raciais e antissemitas.
Campanha antineonazista
Em primeiro lugar, não toleraremos nenhum tipo de provocação, ameaça ou intimidação de nossos militantes, ou de qualquer organização democrática. O Combat 18 têm aproximadamente 5 ou 6 membros na cidade do Rio e não possui absolutamente nenhum lastro social. São um grupo de classe média, provavelmente moradores da região do Centro, Zona Sul e Tijuca, que escondem seus rostos e praticam a covardia contra aqueles que julgam ser inferiores.
Ao mesmo tempo, procuraremos demais partidos operários, partidos democráticos em geral, centrais sindicais e sindicatos, entidades estudantis, ONGs, quilombos, organizações LGBTs, lideranças dos movimentos sociais e parlamentares para fazer uma ampla campanha antineonazista. Iremos também prestar queixa na polícia. Por mais que o Combat 18 não tenha nenhuma expressão social, o PSTU entende que devemos nos precaver de qualquer inciativa desse grupo.
Por último, o Combat 18 não conhece as tradições do movimento operário. Somos sobreviventes dos campos de concentração nazistas no período que antecedeu a II Guerra Mundial; vencemos as ditaduras na América Latina nas décadas de 60, 70 e 80; morremos e resistimos aos torturadores do regime militar; e agora estamos impulsionando a Caravana da Anistia da antiga Convergência Socialista em todo o Brasil. Nos reconhecemos em cada militante que luta contra os planos de austeridade na Europa ou contra as ditaduras no Norte da África e Oriente Médio. Somos homens e mulheres de todas as cores e nacionalidades, de todas as orientações sexuais e livres de todos os tipos de preconceitos. Nós somos grandes, e não admitiremos que toquem em um de nossos militantes.