Psicopatologia do godo imperialista
A ideologia dominante na Espanha (isto é, a ideologia de sua classe dominante) ainda permanece possuída por sua visão imperial, por sua própria mitologia de como, graciosamente, levaram “a língua, a civilização, a religião e a cultura” aos esfarrapados do terceiro mundo, sejam eles amazigh das Canárias, indígenas americanos, “mouros” ou filipinos. Dentro de suas cabeças, o sol continua brilhando eternamente em seus domínios.
Por isso, o imperialista espanhol, o godo, erigido em supremo estandarte da “mãe pátria” e dos “valores ocidentais” do homem branco, continua considerando-se superior a esses “atrasados” latino-americanos, aos quais pode explorar e impor uma direção, rumo ao “bom caminho”.
Por conta disso, um rei espanhol imposto pelo ditador fascista Franco, se considerou com o direito de mandar calar publicamente um presidente eleito de uma nação soberana, com o regozijo e o aplauso dos meios de comunicação imperialistas. Daquele império espanhol, apenas ficaram as Canárias e as praças militares de Ceuta e Melilla. São brancos, são europeus, são superiores.
Essa mentalidade imperialista não decai pelo fato de a Espanha ser um simples apêndice subordinado ao imperialismo euro-norte-americano, submerso em uma brutal recessão, com um sistema político pós-fascista em decomposição e devorado pela corrupção. Mantendo o arquétipo fidalgo que Quevedo descreve em “La vida del buscón llamado Don Pablos”, o brega imperialismo espanhol continua atuando com erros sobre erros.
Dessa forma, o godo ministro de Relações Exteriores, José Manuel García Margallo, se atreve a exigir outra recontagem dos votos na Venezuela antes de reconhecer o presidente eleito e “aconselha” abrir negociações com uma oposição lançada ao golpismo e aos atentados terroristas.
Assim, a goda Secretária Geral do partido governante, María Dolores de Cospedal, ante a “onda” esquerdista da América Latina, anuncia um plano para montar um “PP em toda a América Hispânica”. É que a estes índios não podem deixar sozinhos.
O mal é que muitos espanhóis, ainda que passem misérias, assumem como própria essa ideologia imperial de seus exploradores. E o patético é que, como demonstração patente da síndrome do colonizado, muitos canários o fazem também.
Até a esquerda canária, tão pequeno-burguesa, sempre disposta a apoiar os processos de independência de qualquer país, reluta em pensar a descolonização de seu próprio país, assumindo as posições imperialistas do espanholismo, como se esperasse outra coisa.
O paradoxo é que, enquanto o caminho da história continua se afunilando, os godos imperialistas nem sequer se dão conta do ridículo que fazem, do que reflete sua atitude prepotente e chula, do tão próximo que andam do abismo. Todos os meios de comunicação os conservam e os envolvem em um mundo virtual no qual acreditam serem importantes. Espanhóis, nem mais nem menos, “onde vamos comparar”.
É que lá eles são brancos.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)