Por trás de uma cortina de fumaça futebolística uma frota de guerra se dirige ao Golfo Pérsico
http://www.ciaramc.org/ciar/boletines/cr_bol302.htm
Vários fatos relacionados com esta ação são importantes. As “ameaças” á Europa e Israel. A movimentação de submarinos israelenses com capacidade nuclear. Os acordos de Israel para utilizar espaços aéreos estrangeiros. As inspenções de barcos iranianos autorizadas pelas novas sanções. A frota iraniana de ajuda a Gaza. Dois trajetos destinados a encontrar-se.
Alfredo Embid
Por trás de uma cortina de fumaça futebolística uma frota de guerra se dirige ao Golfo Pérsico
Os meios de comunicação ocidentais não ressaltaram uma informação da mais alta importância enquanto continuam ocupando seus espaços com a aborrecedora copa do mundo de futebol.
Atrás dessa cortina de fumaça futebolística, uma armada de mais de doze navios de guerra dos Estados Unidos (11) e de Israel (1) passou pelo Canal de Suez sexta-feira passada em direção ao Mar Vermelho. [1] Os meios de comunicação do oriente próximo comentaram que é a maior armada dos Estados Unidos que passa pelo canal em anos.
As autoridades egípcias não somente permitiram que os barcos atravessassem o Canal, como também que pusessem em prática medidas de segurança especiais.
Segundo o jornal Al-Quds Al-Arabi, todo o tráfego comercial e civil através do Canal de Suez foi interrompido para permitir a passagem de navios de guerra, assim como todas as atividades pesqueiras na zona e o tráfego nas pontes sobre o canal. [2]
O jornal israelense Haaretz [3] informou que milhares de soldados egípcios se deslocaram ao longo do Canal de Suez a fim de garantir uma “passagem segura” aos navios.
Os partidos de oposição egípcios criticaram o governo por permitir a passagem, quando a tensão é especialmente alta no Oriente Médio por causa do recente ataque israelense ao comboio de ajuda a Gaza. As intensas manifestações populares acusando Hosni Mubarak de cooperar com as forças de Israel no bloqueio a Gaza forçaram o governo a romper parte de sua colaboração com Israel abrindo a passagem fronteiriça de Rafah. [4].
Os membros do partido político da Irmandade Muçulmana advertiram o presidente Hosni Mubarak que não vão “sentar-se de braços cruzados” enquanto ele “apóia a preparação de uma guerra contra o Irã”.
Porta-aviões nuclear H.Truman [5]
Crédito: ciaramc.org | |
A frota inclui um porta-aviões (ou dois, segundo outras fontes [6]). Segundo o DEBKAfile [7], bem conectada com as fontes militares israelenses, está encabeçada pelo porta-aviões nuclear Harry Truman e seu grupo de ataque de 60 caça-bombardeiros,e 6.000 marinheiros e infantes da marinha. Jeff Steinberg, do Executivo de Inteligência em Washington, disse à cadeia de televisão iraniana Press TV que o Departamento de Defesa dos Estados Unidos havia confirmado o relatório. Nenhum artigo dos que consultei fala de submarinos nucleares, mas é sabido que um porta-aviões não viaja sozinho, leva sempre um grupo de combate junto que inclui vários barcos de guerra e ao menos um submarino nuclear. A localização dos submarinos é secreta, evidentemente, exceto quando querem ser vistos deliberadamente, como aconteceu em julho passado quando um submarino israelense atravessou o Canal de Suez e entrou no Mar Vermelho. [8]
O destino final da frota ainda não é conhecido, mas parece evidente que se dirige ao Golfo Pérsico por esta rota, a mais direta do Mediterrâneo. Alguns comentaristas disseram que o objetivo seria terminar os preparativos finais “antes do Conflito militar com o Irã”. [9]
O barco USS Oakhill em primeiro plano atravessando o canal de Suez no dia 18/06/2010
Vários fatos relacionados com este deslocamento são importantes.
As “ameaças” à Europa e Israel.
O Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, ao mesmo tempo em que dava a conhecer o trajeto da frota, em uma audiência no Senado na quinta-feira, 17 de junho, fez soar mais forte os tambores de guerra ameaçando de que o Irá poderia atacar a Europa com “dezenas ou centenas” de mísseis, segundo seus relatórios de inteligência. O mesmo aconteceu em Israel, onde fontes militares israelenses redobrando sua propaganda, dizendo que aos mísseis iranianos tem que acrescentar os da Síria e do Líbano, de forma que “Israel enfrenta 3.000 mísseis capazes de alcançar todos os cantos do país”. [10]
Estas ameaças têm, evidentemente, a função de atualizar a campanha de demonização do Irã e de criar medo na população. É claro que não disseram nada dos mísseis nucleares de Israel que ameaçam o mundo.
O deslocamento de submarinos israelenses com capacidade nuclear.
Como já informamos no boletim 299 no final de maio, já havia no Golfo três submarinos israelenses, a Flotilha 7 – Dolphin, Tekuma e Leviatán, capazes de disparar mísseis nucleares de cruzeiro com um alcance de 1.500 quilômetros que podem chegar a qualquer ponto no Irã [11] [12] transformando o país num deserto radioativo.
Os acordos de Israel para utilizar espaços aéreos estrangeiros.
Posteriormente, uma informação surgida no dia 12 de junho, no jornal londrino The Sunday Times revelou que Israel obteve permissão da Arábia Saudita para utilizar seu espaço aéreo em um ataque ao Irã. “Na semana que se seguiu às novas sanções impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas a Teerã, Riad permitiu que Israel utilizasse um corredor estreito do espaço aéreo no norte do Irã para encurtar a distância de bombardeio”. [13] Esta informação foi negada dois dias depois pelo embaixador saudita no reino Unido, o príncipe Mohammed Bin Nawaf.
Crédito: ciaramc.org | |
Alguns disseram que se tratava de uma artimanha de Israel para encobrir seus planos reais: os ataques através da República da Geórgia e do Azerbaijão, a partir da fronteira norte do Irã. [14] Outros disseram que outro corredor aéreo está previsto, principalmente em função do ataque contra a central nuclear de Bushehr, através da Jordânia, do Iraque e do kuwait. Mas também poderia ser que o planejamento incluísse todas estas vias, principalmente depois que a via turca se esfumaçou após a ruptura das boas relações militares que Israel tinha com este país, depois do ataque a Gaza ano passado, concretizada agora com o fechamento de seu espaço aéreo aos aviões israelenses.
A Turquia decidiu congelar 16 acordos de segurança e os acordos militares assinados com Israel. Entre os 16 projetos congelados está um acordo de 5 bilhões de dólares, segundo o qual Ankara ia receber 1.000 tanques Merkava Mark II de Israel; outro no valor de 50 milhões de dólares para modernizar tanques turcos M-60, e outro mais, de 800 milhões de dólares para adquirir dois aviões de patrulha israelenses e um avião AWACS de vigilância e controle.
A Turquia congelou também um acordo de 632,5 milhões de dólares relativo a 54 aviões F-4 Phantom e outro de 375 milhões de dólares para adquirir 48 aviões F-5. Está incluída também a supressão da permissão a aviões de combate de Israel para utilizar o espaço aéreo turco, e dos estreitos acordos de cooperação militar entre a Turquia e Israel. [15]
As inspeções de barcos iranianos autorizadas pelas novas sanções
Segundo o jornal Israel National News “os navios de guerra podem exercer o direito de inspecionar os barcos iranianos por causa do transporte ilegal de armas”. [16]
No dia 17 de junho, o Parlamento do Irã advertiu que responderá em espécie à inspeção de seus navios em virtude de uma quarta rodada de sanções impostas ao país pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. “Inclusive se um barco iraniano for detido pela segurança de verificação, nós vamos agir da mesma forma e inspecionar qualquer barco ocidental que passe pelo Golfo Pérsico e pelo estreito de Ormuz”, disse Hossein Ebrahimi, membro do Parlamento Nacional de Segurança iraniano e da Comissão Política Exterior. [17]
A frota iraniana ajuda Gaza
No início da semana passada, a rádio estatal iraniana informou que um primeiro barco havia partido em direção a Gaza e que outro sairia neste fim de semana, carregados com ajuda humanitária da Meia Lua Vermelha do Irã, que é seu equivalente à nossa cruz vermelha. [18]
“Estes artigos de socorro incluem alimentos e medicamentos, mais materiais médicos. Os navios serão enviados a Gaza no final desta semana”, disse o Diretor da Meia Lua Vermelha e de Assuntos Internacionais Abdul Rauf Adibzadeh, citado pela agência IRNA. A Meia Lua Vermelha informou que também está preparando outro barco com equipe médica e salas de operações para o povo empobrecido da Faixa de Gaza. [19]
O Irã informou que os barcos iranianos de ajuda a gaza não irão protegidos por barcos de guerra como foi comentado em alguns meios. [20]
Israel pediu ao Egito para fechar o Canal de Suez para os barcos iranianos de ajuda humanitária em direção a Gaza. O jornal kuaitiano Al Dar informou que responsáveis pelo Escritório do primeiro ministro israelense, Banyamin Netanyahu, e responsáveis pelo Escritório do ministro de Defesa, Ehud Barak, chamaram o ministro de Inteligência egípcio, Omar Suleiman, e o presionaram para que impedisse a passagem dos navios iranianos através do Canal de Suez. A Seção de Interesse do Irã no Egito confirmou que o Cairo concedeu visto a centenas de cidadãos iranianos que pediram para acompanhar os navios num comboio por terra. Os vistos permitem a entrada na Faixa de Gaza através do ponto de cruzamento de Rafah aos trabalhadores de ajuda humanitária da Meia Lua Vermelha iraniana que viajam no comboio. [21]
Mas o DEBKAfile afirma que o Cairo poderia, se quisesse, deixar os navios bloqueados para sua inspeção. O Newsweek também informou que as autoridades egípcias poderiam deter o barco durante semanas, mediante tecnicismos como requerer que qualquer documento oficial seja traduzido do persa ao árabe. Há outros barcos se preparando para levar ajuda saindo do Líbano, que incluem a novidade de um barco exclusivamente de mulheres. E outra flotilha saindo da Turquia, maior do que a que foi atacada há alguns dias. [24]
O jornal israelense Haaretz informou que a Marinha e a Inteligência israelenses estão se preparando para a chegada dos barcos, e fontes militares disseram que os navios que procedem do Líbano e do Irã não poderão se aproximar da costa de Gaza. [25] Em Jerusalém, o Ministro Avigdor Lieberman já afirmou que Israel não respeitaria estes navios porque, segundo ele, “evidentemente, foram enviados por inimigos com intenções hostis finamente disfarçados como esforços humanitários”. [26]
Dois trajetos destinados a encontrar-se
É importante se dar conta de que os navios de ajuda iranianos continuam o trajeto contrário ao da frota que acaba de atravessar o Canal de Suez: do Golfo pérsico ao Mediterrâneo e, em algum ponto deste semicírculo, obrigatoriamente, devem se encontrar com esta frota. Este trajeto e principalmente o do Golfo está especialmente concorrido, com todos os riscos de acidentes que isto comporta. No Golfo Pérsico já aconteceram vários, o último entre um submarino nuclear e um cargueiro japonês que colidiram. Mas, talvez não tenhamos que esperar nenhum acidente. O congressista Ron Paul disse no Congresso: “Me preocupa, no entanto, que se invente um acidente do tipo Golfo de Tonkin para obter apoio popular para um ataque contra o Irã”. Ron faz aqui referência ao acidente que serviu como justificativa para atacar o norte do Vietnã e que depois foi provado que havia sido uma farsa. Por sua vez o parlamentar britânico George Galloway declarou: “há um perigo muito real” de que o governo norte-americano organize um ataque de bandeira falsa com o propósito de justificar a guerra contra o Irã”. [27]
Não é arriscado afirmar que nesse encontro serão interceptados os barcos iranianos com a desculpa das novas sanções impostas ao Irã e serão inspecionados em busca de supostas armas, com o risco de que se provoque um incidente que é provavelmente o que se pretende.
Referências:
[1] Uns doze Navios de Guerra dos EEUU y de Israel se dirigem ao Golfo Pérsico
Publicado por حسن em 21 de junho de 2010
[2] Roee Nahmias. More than twelve United States Naval warships and at least one Israeli ship crossed the Suez Canal towards the Red Sea on Friday, British Arabic Language newspaper Al-Quds Al-Arabi reported Saturday. Yedioth Ahronoth. Latest update 13:16 19.06.10 http://www.ynetnews.com/articles/0,7340,L-3907387,00.html
[3] Jack Khoury Tags. Report: U.S., Israeli warships cross Suez Canal toward Red Sea Egypt opposition angered at government for allowing the fleet of more than 12 ships to cross Egyptian manned waterway, Al-Quds Al-Arabi reports. http://www.haaretz.com/news/diplomacy-defense/report-u-s-israeli-warships-cross-suez-canal-toward-red-sea-1.297068
[4] Dezenas de Milhares De Egípcios Pedem o Fim do Bloqueio de Gaza. Al Manar. 04/06/2010.
[5] http://www.truman.navy.mil
[6] Spencer Delane Une armée de navires américains et israéliens se dirigent vers l’Iran
Le 20 juin 2010. Mecanopolis www.mondialisation.ca/index.php?context=viewArticle&code=DEL20100620&articleId=19818
[7] Eleven US warships, one Israeli vessel transit Suez Canal to Persian Gulf DEBKAfile Exclusive Report June 19, 2010, 7:54 PM (GMT+02:00)
http://www.debka.com/article/8862
[8] Boletim 299 Atualização da cronologia de alguns fatos que enquadram a agressão à flotilha de ajuda humanitária a gaza e o resumo da agressão. Alfredo Embid 2 de maio 2010.
http://www.ciaramc.org/ciar/boletines/cr_bol302.htm
[9] Spencer Delane Une armée de navires américains et israéliens se dirigent vers l’IranLe 20 juin 2010. Mecanopolis www.mondialisation.ca/index.php?context=viewArticle&code=DEL20100620&articleId=19818
[10] Gates: Iran could attack Europe with scores or hundreds of missiles
DEBKAfile Special Report June 18, 2010, 1:39 PM (GMT+02:00)
Tags: Iranian missiles Israel Robert Gates
http://www.debka.com/article/8861/
[11] www.haaretz.com/news/diplomacy-defense/report-israel-to-deploy-nuclear-submarines-off-iran-coast-1.293005
[12] ZeroHedge: “Israel Deploys Three Nuclear Cruise Missile-Armed Subs Along Iranian Coastline”. http://www.zerohedge.com/article/israel-deploys-three-nuclear-cruise-missile-armed-subs-along-iranian-coastline
[13] Arábia saudita abre seu espaço aéreo para Israel com vistas a um ataque ao Irã. Voltaire, 16 de junio de 2010. http://www.voltairenet.org/article165902.html
http://www.ciaramc.org/ciar/boletines/cr_bol302.htm
Voltaire 16 de junio de 2010. http://www.voltairenet.org/article165902.html
[14] Gordon Duff . Israel’s Planned Attack on Iran from Caucasus Base. The Turkish Air Corridor. Global Research, June 21, 2010Veterans Today – 2010-06-18. www.globalresearch.ca/PrintArticle.php?articleId=19812
[15] Turkey closes airspace to Israel Air Force, Jerusalem declares IHH terrorists
DEBKAfile Exclusive Report June 17, 2010, 11:32 AM (GMT+02:00) http://www.debka.com/article/8854/
[16] Tzvi Ben Gedalyahu. US, Israel Warships in Suez May Be Prelude to Faceoff with Iran
http://www.israelnationalnews.com/News/News.aspx/138164
[17] Arábia saudita abre seu espaço aéreo para Israel com vistas a um ataque ao Irã. Voltaire 16 de junio de 2010.
http://www.voltairenet.org/article165902.html
[18] www.rsc.ir
[19] A Meia La Vaermelha do Irã enviará à Faixa de Gaza dois navios de ajuda humanitária esta semana Al Manar Publicado por حسن em 15 de junho de 2010.
[20] O corpo da Guarda Revolucionária: não temos planos de escoltar navios até Gaza. INRA, Terça-feira, 15 de junho de 2010.
http://www.ciaramc.org/ciar/boletines/cr_bol302.htm
[21] Jornal Kuwaiti Al Dar citado no Al Manar, 18 de junho de 2010.
[22] More flottilles for Gaza, Lebanese army joins Hizballah war alert
DEBKAfile Exclusive Report June 19, 2010, 9:56 PM (GMT+02:00)
http://www.debka.com/article/8863/
[23] Tzvi Ben Gedalyahu. US, Israel Warships in Suez May Be Prelude to Faceoff with Iran
http://www.israelnationalnews.com/News/News.aspx/138164
[24] – A próxima Flotilha da Liberdade II partirá do Líbano e outros 50 barcos se unirão a ela, 12 de junho de 2010 |PRESS TV / GS NEWS
[25] Israel Ameaça Deter a Flotilha Libanesa “com Todos os Meios” Al Manar. 19/06/2010
[26] More flottilles for Gaza, Lebanese army joins Hizballah war alert
DEBKAfile Exclusive Report June 16, 2010, 12:50:00 PM (GMT+02:00)
http://www.debka.com/article/8852/
[27] Washington’s Blog. Showdown in the Red Sea: U.S. Sends 11 Warships to Confront Iran. Global Research, June 21, 2010 Washington’s Blog – 2010-0620
http://www.ciaramc.org/ciar/boletines/cr_bol302.htm
Traduzido por Valeria Lima