Como atua a contra-insurreição dos Estados Unidos

Com base em dois manuais do Pentágono e num «guia cultural» das forças especiais dos Estados Unidos, Gilberto López y Rivas dá-nos uma obra [1] de grande actualidade que nos permite compreender, se também lermos as entrelinhas, o que se passou no quadro de uma falsa guerra às drogas durante o mandato de Felipe Calderón [N.do T.: presidente do México de 2006 a 2012], e o que está agora a acontecer em termos de segurança e violência, no regime autoritário de Enrique Peña Nieto.

O texto parte do conceito de «terrorismo global de Estado» para caracterizar a violenta política do capitalismo na sua actual fase, e mostra alguns traços neofascistas das guerras coloniais dos Estados Unidos e dos seus aliados europeus da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) nos começos do século XXI.

Para isso, o autor recorre a uma definição clássica de fascismo formulada em 1935 pela Internacional Comunista, que coloca ser «o fascismo no poder uma ditadura clara e terrorista dos elementos mais reaccionários, mais chauvinistas e mais imperialistas do capital financeiro». Mas como o mundo mudou nos últimos 70 anos, e o nazi-fascismo correspondeu a realidades concretas que germinaram na Europa a partir do primeiro pós-guerra do século passado, adverte-nos que ainda não se criou uma definição mais adequada ou uma categoria para caracterizar a violência terrorista do capital financeiro nos nossos dias.

Entre as similitudes do fascismo clássico com os regimes de George W. Bush e Barack Obama, López y Rivas destaca a componente militarista das cruzadas neocoloniais actuais, a fé cega na tecnologia bélica, o favoritismo concedido às grandes corporações do chamado complexo militar-industrial (com epicentro no Pentágono), o ultranacionalismo, o racismo genocida que aniquila povos inteiros e o social darwinismo resultante da imposição a ferro e fogo das políticas neoliberais. Elementos que, juntamente com a transgressão dos quadros ideológicos e políticos da repressão «legal» (justificada pelo quadro jurídico tradicional), a aplicação de facto de medidas de excepção, bem como a utilização de métodos belicistas «não convencionais» para desestabilizar, invadir e ocupar territorialmente países, exterminar oposições políticas e o protesto social, configuram a base do novo colonialismo em curso de matriz estadunidense.

Com está anunciado no subtítulo da obra e dada a sua profissão [antropólogo], Gilberto López y Rivas dá enfases à utilização, pelo Pentágono, de antropólogos e outros cientistas sociais nas unidades de combate das tropas de ocupação estadunidenses no Afeganistão e no Iraque. O autor parte de um artigo de David Rohde no New York Times de Outubro de 2007, que define o envolvimento das ciências sociais nos actos bélicos como uma «nova arma crucial nas operações contra-insurrecionais» no âmbito de um «programa experimental» do Departamento de Defesa, iniciado nesse mesmo ano.

O dito programa, que tem os seus antecedentes no recurso a antropólogos nas campanhas contra-insurrecionais dos Estados Unidos durante a guerra do Vietname e no Plano Camelot experimentado no Chile em meados dos anos sessenta, levou agora um importante sector da academia estadunidense a considerá-lo como uma «prostituição daquela disciplina».

Um ano antes, a Associação Antropológica Americana tinha condenado por unanimidade «o uso do conhecimento antropológico como elemento de tortura física e psicológica» na prisão de Abu Ghraib, no Iraque. Não obstante, a antropóloga Montgomery McFate, criadora do programa Sistema Operativo de Investigação Humana na acção do Pentágono – a quem, diz Gilberto, se impôs a tarefa de «educar» os militares – dedicou-se a convencer os estrategos da contra-insurreição que a «antropologia social pode ser uma arma mais eficaz que a artilharia». Uma visão cínica e beligerante que o autor não duvida em classificar como própria de «antropologia mercenária».

Como expressão desse envolvimento da alta burocracia académica com a maquinaria de guerra dos Estados Unidos, cita a publicação, em Julho de 2007, do Manual de campo da contra-insurreição 3-24, editado pela Universidade de Chicago, a mesma donde saíram Milton Friedman e os seus Chicago boys em 1973, ainda o Palácio de la Moneda fumegava, para experimentar a aterragem das políticas neoliberais no Chile, depois do golpe militar de Richard Nixon, Henry Kissinger e o general Augusto Pinochet.

Coordenado pelo general Augusto Petraeus, que esteve responsável das forças expedicionárias dos Estados Unidos no Iraque, o Manual mostra a falta de ética daquele centro de ensino superior e dos seus «intelectuais mercenários», no que David Price, citado pelo autor, descreveu como uma «prostituição da antropologia ao serviço das guerras do império».

No prefácio do Manual, assinado por Petraeus e pelo general James Amos do corpo de Marines, avançam-se alguns elementos e conceitos-chave para entender a renovação ou a actualização da contra-insurreição. Entre eles o recurso á acção conjunta das forças de combate (soldados e marines) com acções frequentemente associadas a repartições não-militares. Isto implica a cooperação e coordenação intergovernamental do Departamento de Defesa com os restantes serviços da chamada «comunidade de inteligência» (CIA, DEA, FBI, etc.) e, também, entre outras, da Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID na sigla inglesa), dependente do Departamento de Estado.

É também necessário que as campanhas de contra-insurreição disponham de «forças flexíveis» adaptáveis a circunstâncias diversas num dado país, com líderes castrenses «ágeis, bem informados e culturalmente astutos» Isto é, capazes de «compreender» as culturas dos «nativos» que se rebelam contra a ordem estabelecida.

Devido ao facto de desde há mais de meio século os sucessivos inquilinos da Casa Branca se arrogarem o direito de intervir militarmente em qualquer parte do mundo, com a justificação da extraterritorialidade das suas operações de contra-insurreição, os actuais estrategos do Pentágono utilizam uma endrominação jurídica denominada «nação hospedeira», cujo governo «convida» os Estados Unidos a intervir no seu território contra o seu próprio povo. Por exemplo, para citar um caso próximo, o México de Filipe Calderón.

Mas devido ao facto de a nova modalidade bélica do Pentágono ser contra o que define como «inimigos irregulares» ou «assimétricos» e não contra exércitos profissionais, o Manual inclui uma série de aspectos e tarefas «não-militares» que devem fazer parte da contra-insurreição na sua actual fase. Entre eles estão matérias complexas como a governação, o desenvolvimento económico, a administração pública e o império da lei, tudo combinado com as formas mais conhecidas da «guerra interna», isto é, as acções militares directas ou encapotadas, a guerra psicológica, a guerra suja, a acção cívica, o controlo da população, o paramilitarismo, e mercenarismo e o uso da economia e dos meios de difusão massiva como armas de guerra.

Outros aspectos chave da contra-insurreição são os trabalhos de inteligência e a análise e aprendizagem da sociedade de um país objectivo, dos grupos étnicos que o habitam, a forma de governo, as forças coercivas do Estado, as suas instituições, cultura, linguagem, percepções, valores, redes, crenças da população, para o que se recorre a peritos em antropologia, economia e ciências políticas, que têm um papel importante no que tecnicamente se conhece como «Preparação de Inteligência no Campo de Batalha».

Tudo isto visa saber qual o apoio ou tolerância da população para com um grupo guerrilheiro, um governante ou dirigente político, as suas capacidades e vulnerabilidades, as suas tácticas, estratégias e formas de organização. Cada dirigente é objecto de um escrutínio detalhado que inclui a sua vida pessoal, trajectória, crença, ideologia, temperamento, educação e um longo etecetera. Para recolher a informação utilizam-se todos os tipos de inteligência: humana (que inclui a obtenção de dados de jornalistas, académicos, políticos, empresários, empreiteiros, militares e polícias do governo fantoche ou a desestabilizar), a inteligência militar, o interrogatório de presos e desertores muitas vezes através da tortura, a escuta telefónica e a espionagem das redes da internet – como ficou evidenciado com as revelações de Edward Snowden sobre o papel da Agência Nacional de Segurança (NSA) –, a que se somam as formas rotineiras de obtenção de informação, através do reconhecimento e da vigilância, bem como o uso de sensores, câmaras, inteligência espacial, análises de arquivos de propriedade, financeiros, conteúdo de celulares e computadores.

López y Rivas cita outro documento, o Manual de Equipamento Humano no Terreno, elaborado pelo militar Nathan Finney em 2008, que é utilizado para preparar e treinar especialistas militares e académicos fornecidos por empresas fornecedoras do Pentágono, que juntamente com soldados integram pequenas equipas compostas por cinco a nove pessoas, cuja tarefa é apoiar os comandantes no teatro de guerra.

Isto é, para além das matérias tradicionais que o comando deve ter em conta: missão, inimigo, terreno e condições meteorológicas, tropas amigas e apoios disponíveis, são necessários outros dados sobre a cultura local e os factores políticos, económicos e religiosos da população, que lhes são proporcionados por estas equipas mistas de soldados e civis. Isto porque, segundo o Manual, «a dimensão humana é a própria essência da guerra irregular».

Como aponta o autor, estas pequenas equipas constituídas por 5 a 9 membros, contam com um líder, normalmente um oficial no activo ou na reserva, um cientista social, um processador de informação e dois analistas, sendo óptimo que haja uma mulher, alguém que fale língua local e uma outra pessoa que seja perita no país em questão.

Ambos os manuais são utilizados na chamada dominação do espectro completo (full spectrum), noção desenhada pelo Pentágono antes do 11 de Setembro de 2001, que abarca uma política combinada onde aspecto militares, económicos, mediáticos e culturais têm objectivos comuns. Dado que o espectro é geográfico, espacial, social e cultural, para impor a dominação é preciso haver o consentimento. Isto é, inculcar na sociedade sensos «comuns» que através de imagens, e uma narrativa adequada provoquem o conformismo nas massas, levando-as a aceitar a visão do poder hegemónico do mundo, o que cria massas conformistas que aceitem de forma acrítica e passiva a manutenção e a reprodução da ordem estabelecida ou, no caso de um país e um governante considerado «hostil» por Washington, criar um inimigo a derrotar através de meias verdades, mentiras e mitos, como parte da guerra psicológica e das operações encapotadas.

Essa é a tarefa que o Pentágono deixa para as grandes cadeias de multimédia sob controlo de monopólios privados que, por processos de desestabilização como os de Cuba e Venezuela recorrem ao terrorismo mediático, instigando magnicídios e golpes de Estado.

Outro documento citado pelo autor que se soma aos anteriores é o Guia para o assessor das forças especiais que, segundo o antropólogo David Price – parafraseando Emily Post – é «um manual de etiqueta da contra-insurreição». Para Price, o principal propósito do Guia é instruir e treinar os militares para interagirem melhor com outras culturas. O documento foi elaborado para evitar o choque cultural dos frágeis boinas verdes (como se denominam agora os soldados das forças armadas da Marinha estadunidense).

Um quarto documento utilizado por López y Rivas para estruturar a obra que apresentamos é o Manual de campo 31-20-3, tácticas, técnicas e procedimentos de defesa interna para as Forças Especiais no estrangeiro, terceiro de uma série produzida pelo Departamento de Defesa, cujo propósito político-militar é a defesa dos interesses nacionais estadunidenses (entenda-se, os interesses das corporações e o acesso a territórios com valor geopolítico e a recursos geoestratégicos como o petróleo, a água doce, a biodiversidade e outros), através da assessoria e treino contra-insurrecional de tropas de «sipaios» na nação hóspede x». O que nos remete, no caso de México de Calderón e do actual, aos cursos e assessorias militares recebidos por membros da Secretaria da Defesa Nacional e da Secretaria da Marinha.

Sobre isto, o Manual esclarece uma série de facetas sobre a guerra de contra-insurreição, entre elas as acções prévias a uma missão de intervenção, as autorizações de treino, o desenvolvimento de tropas de elite (aberto ou encapotado) na nação hóspede, os programas de instrução de tropas, as operações tácticas, o controlo da população, as operações conjuntas, tal como os anexos que incluem operações de inteligência, forças de autodefesa civil (paramilitares), estabelecimento de bases e um etecetera que inclui os meios de difusão massiva (a imprensa, escrita, radiofónica e televisiva) e, naturalmente, o Serviço de Informação dos Estados Unidos (USIA) adstrito a cada embaixada de Washington no mundo. O que reporta a tarefas de propaganda, desinformação e terrorismo mediático, em coordenação com as operações de guerra psicológica do Pentágono.

Cabe destacar, como sublinha López Y Rivas no seu texto, a importância que o Manual atribui ao recrutamento e integração de forças paramilitares ou irregulares e esquadrões da morte, como parte integrante das actividades de contra-insurreição. A sua missão é a guerra suja e/ou o chamado «caçar-matar» utilizado por «forças amigas» como uma «técnica» (sic) em operações de consolidação. Isto é, caçar e destruir ou exterminar inimigos isolados.

Cito textualmente: «A equipa de caçar-matar consiste em duas secções: os caçadores e os assassinos. Os caçadores devem estar levemente equipados e ser extremamente móveis. A sua missão é localizar as forças inimigas enquanto mantêm comunicação permanente com os executores, que estão alerta e prontos para entrar em acção. Quando os caçadores fazem o contacto, notificam os assassinos».

Destaque-se o ênfase do Manual sobre a missão principal das forças especiais num país hóspede: organizar, treinar, aconselhar e desenvolver a capacidade táctica e técnica das forças militares locais, para que possam derrotar a insurreição ou o «inimigo interno» sem o envolvimento directo dos Estados Unidos, e recorrendo, se necessário, à acção clandestina de organizações de civis armados, seja sob a forma de paramilitares, de mercenarismo ou de grupos de autodefesa.

No caso do México, através da Iniciativa Mérida (2007), sob a cortina da guerra às drogas, e com a aquiescência servil de Felipe Calderón que subordinou a Sedena, a Semar, a Polícia Federal, o Cisen e outras estruturas do aparelho de segurança do Estado às correspondentes estruturas estadunidenses, o esquema teve um saldo conhecido: uma catástrofe humanitária. Mais de 150 mil mortos, muitos assassínios de forma sumária e extrajudicial (alguns provavelmente vítimas do «caçar-matar» do manual norte-americano), 30 mil detidos-desaparecidos e 250 mil deslocados à força. Com a agravante de a guerra de contra-insurreição estadunidense ser instrumental à estratégia de assumir o controlo da «nação hóspede», o que efectivamente ocorreu em matéria de segurança e inteligência sob o regime genocida de Calderón.

Referimos acima a importância que o Pentágono dá à luta ideológica no campo da informação; o papel dos meios de difusão massiva como arma estratégica e política. Um parágrafo citado por López y Rivas é, só por si, eloquente:

«As guerras modernas têm lugar em espaços para lá dos elementos simplesmente físicos do campo de batalha. Um dos mais importantes são os meios de comunicação, nos quais (…) a “batalha da narrativa” se dará. Os nossos inimigos reconheceram que para o êxito a percepção é tão importante como o próprio facto (…). Ao fim do dia, a percepção do que se passou importa mais do que o que realmente se passou. Dominar a narrativa de qualquer operação, seja ela militar ou de outro tipo rende enormes dividendos. Fracassos no terreno minam o apoio às nossas políticas e operações, e actualmente podem arruinar a reputação do país e a sua posição no mundo».

Deve dizer-se que Calderón conseguiu impor nas manchetes dos meios de comunicação a «sua» narrativa sobre a «guerra» das drogas. Por sua vez, os seus patrocinadores em Washington conseguiram por vezes fabricar a imagem do México como um «Estado falhado» (perda de controlo físico do território nacional, erosão da autoridade governamental, crise económica aguda, corrupção grave, incapacidade de prestar serviços públicos e cobrar impostos), o que lhes permitiu desencadear no México um processo acelerado que, centrado numa violência caótica e de aparência demencial – dado que foi uma violência friamente calculada – derivou na militarização, na paramilitarização e na mercenarização do país. Tal como antes já acontecera na Colômbia.

No final do texto, num parágrafo sobre «o narcotráfico como arma do império», o nosso autor apoia-se no argentino Marcelo Colussi ao assinalar que os Estados Unidos encontraram nesse campo de batalha (o da falsa guerra às drogas), um terreno fértil para prolongar e readequar a sua estratégia de controlo social universal.

Uma população assustada é muito mais manejável. É por isso que em regiões e países onde existem recursos geoestratégicos como petróleo, gás natural, água doce, biodiversidade, etc., e/ou focos de resistência popular, aparece o «demónio» do narcotráfico e das respostas político-militares de Washington.

Em rigor, e independentemente de na Colômbia e no México haver traficantes de drogas ilícitas, os dois países foram escolhidos como plataforma da guerra de contra-insurreição e de guerra social desencadeada contra as diferentes formas de resistências e oposições políticas.

Tenho algumas dúvidas sobre as afirmações de López y Rivas de que os grupos da economia criminosa tenham recursos materiais superiores aos das Forças Armadas mexicanas, pelo menos no que respeita a armamento e equipas de inteligência. Mas concordamos com ele e com Pablo González Casanova quanto à chamada globalização ser um processo de dominação e apropriação do mundo, no quadro de uma reconversão transnacional do sistema capitalista.

No quadro de uma guerra de amplo espectro ou espectro completo, a «territorialidade da dominação» – de acordo com a expressão estabelecida por Ana Esther Ceceña há mais de um lustre – combina interesses de segurança e económicos relacionados com o acesso a zonas privilegiadas pelas suas matérias-primas e recursos estratégicos, com uma acção de controlo directo sobre as populações e pontos geográficos determinantes, para os quais foram desenhados mega projectos de infra-estruturas (redes multimodais de estradas, portos, aeroportos, vias férreas, canais, cabos de fibra óptica). Como resumiu em 2007 o Observatório Latino-americano de Geopolítica, «trata-se de transformar o território; de o adequar às novas mercadorias, às novas tecnologias e aos novos negócios. Quadriculá-lo, ordená-lo, torná-lo funcional e… produtivo».

Esse é, a meu ver, o que está a acontecer e a consolidar-se de uma forma acelerada no México desde 2007 até ao presente, e esta obra de López y Rivas é essencial para ver como actua a contra-insurreição do Pentágono na prossecução dos seus fins.

Deixei para o final as palavras de um veterano da guerra do Iraque:

«Fui um assassino psicopata porque me treinaram para matar. Não nasci com essa mentalidade. Foi o Corpo de Infantaria da Marinha quem me educou para ser um gangster das corporações estadunidenses, um delinquente. Treinaram-me para cumprir cegamente a ordem do Presidente dos Estados Unidos e trazer-lhe para casa o que ele pedisse, sem qualquer problema de ordem moral. Eu era um psicopata porque nos ensinaram a disparar primeiro e a perguntar depois, como o faria um doente e não um soldado profissional que só deve enfrentar-se com outro soldado. Se havia que matar mulheres e crianças, fazíamo-lo. Portanto não eramos soldados mas mercenários».

Creio que esta confissão poderá reflectir um pouco o que se está a passar no México, consequência do treino militar do Pentágono aos corpos de elite do Exército, da Marinha de Guerra e da Polícia Federal. Muitas mortes poderão atribuídas a assassinos profissionais que estão a actuar como mercenários de uma potência estrangeira em território nacional.

Parabéns ao autor, cuja longa e comprometida trajectória permite constatar que o campo popular conta com académicos e antropólogos que com a sua obra e a sua militância enfrentam decididamente o Pentágono e o poder capitalista transnacional.

Nota do tradutor:

[1] Estudiando la contrainsurgencia de Estados Unidos – Manuales, mentalidades y uso de la antropologia, de Gilberto López y Rivas, Editorial Ocean Sur]

* Jornalista uruguaio radicado no México do quadro redactorial do diário mexicano La Jornada

Este texto foi publicado em http://www.rebelion.org/noticia.php?id=185704

 

Tradução de José Paulo Gascão

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