Contra a crise, organização e acção proletária

A repressão de Estado contra os companheiros da escola do magistério manifesta os sinais evidentes de uma profunda crise do sistema capitalista mexicano. Uma crise que – tal como Lénine formulou – abre a possibilidade de que o regime social apodreça indefinidamente, se a burguesia não encontra uma saída estrutural ou se não se cria a força revolucionária que a resolva. Estamos perante uma crise estrutural que revela a incapacidade da burguesia monopolista para conduzir o desenvolvimento das forças produtivas do país.

A situação que o país vive reflecte claramente aquilo que o marxismo-leninismo denunciou: que o capitalismo na sua fase monopolista imperialista não só não pode desenvolver harmonicamente o crescimento das sociedades, como as conduz através de crises e comoções sociais que levam ao aumento da exploração da mão-de-obra assalariada, à miséria, à exclusão e à pobreza extrema de milhões de famílias mexicanas.

Sob a direcção do imperialismo, a organização económica actual não pode garantir a geração de empregos remunerados, nem o desenvolvimento das forças produtivas. O capitalismo monopolista requer a sua própria estrutura produtiva, a mesma que não permite o funcionamento separado da pequena e média produção, e que pelo contrário exige a sua subordinação, a sua reconversão em economia complementar, amarrada às leis e necessidades dos monopólios.

Esta crise de estrutura evidencia que se produziu a ruptura do equilíbrio das forças que tradicionalmente vinham participando na direcção do Estado e do seu governo. O actual bloco de sectores no poder está em crise e isso reflecte-se em todo o aparelho político da burguesia. É uma crise profunda porque rompe com os mecanismos tradicionais de dominação sobre os quais assentava o controlo social.

Sobre a base desta crise de estrutura surgiu uma crise política, e não é uma crise passageira. Trata-se da incapacidade da direcção política burguesa para resolver, com o programa e os meios de que dispõe actualmente, os problemas políticos e de desenvolvimento social que se colocam nesta conjuntura. Nesta crise os partidos são inúteis porque todos os que existem são parte do sistema de dominação, o oportunismo de direita, a social-democracia e os partidos pequeno-burgueses arrastam-se na crise do sistema.

As manifestações e mobilizações de estudantes, trabalhadores, assalariados, demonstram que cresce a desconfiança das massas e que os trabalhadores já não somos levados pela manipulação da burguesia através dos meios de comunicação que controla, sobretudo os meios electrónicos como a televisão e a rádio.

A resposta que Marx e Engels deram à pergunta de como vence a burguesia este tipo de crise continua sendo válida: preparando crises mais extensas e mais violentas e diminuindo os meios para as prevenir. Mas para os comunistas esta não é a única solução possível. Nas condições da crise da estrutura de dominação burguesa é possível e urgente à classe operária elaborar já uma alternativa própria face à solução burguesa cuja única proposta é incrementar a violência para recuperar o controlo perdido.

Existem as condições objectivas para que o proletariado conquiste a sua independência de classe e dispute o poder à burguesia. Mas para os comunistas do que se trata não é de enunciar este facto objectivo, trata-se de acelerar a construção do partido, da organização política dos operários e assalariados, uma organização que seja capaz de disputar a direcção da sociedade à burguesia e de lhe arrebatar o poder político. Aproveitar as contradições actuais para construir o partido da classe operária, orientado, tal como decidimos no nosso quinto congresso, a caminhar no sentido do cumprimento da missão histórica do proletariado: a revolução socialista.

*Membro do CC do México

Fonte: El Comunista, órgão do Comité Central do Partido Comunista de México

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